Lula se reúne com ministros para falar de deportados pelos EUA, mas sem buscar atrito com Trump

Governo vai buscar uma forma de garantir condições mais dignas para os brasileiros sem visto que estão sendo deportados pelos Estados Unidos. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) iniciou no fim da tarde desta terça-feira (28) uma reunião com ministros, representantes da Força Aérea Brasileira (FAB) e da Polícia Federal para tratar da deportação de cidadãos brasileiros pelos Estados Unidos.
A orientação dentro do governo, no entanto, é não criar atrito com o presidente recém empossado dos Estados Unidos, Donald Trump. A gestão Lula não quer se indispor com um país parceiro histórico do Brasil, ainda mais neste início de mandato nos EUA.
O encontro, realizado no Palácio do Planalto, ocorreu após o desembarque em Manaus (AM) de um grupo de 88 brasileiros deportados, transportados algemados e acorrentados.
Por ordem do governo, as algemas foram retiradas em território brasileiro, e a FAB disponibilizou uma aeronave militar para concluir o transporte do grupo até Belo Horizonte (MG). A decisão foi tomada pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, com base no entendimento de que o tratamento dado aos deportados é uma questão de soberania nacional.
O Ministério das Relações Exteriores (MRE) já havia cobrado explicações do governo norte-americano sobre o uso “indiscriminado” de algemas, considerado inaceitável e em desacordo com acordos bilaterais. Apesar da tensão gerada pelo episódio, o governo brasileiro tem enfatizado a intenção de evitar qualquer confronto com os Estados Unidos.
“Não queremos provocar o governo americano, mas é fundamental que os brasileiros deportados sejam tratados com dignidade”, destacou Lewandowski. Segundo ele, a deportação está prevista em tratados vigentes, mas o tratamento dado a essas pessoas em solo brasileiro é responsabilidade do governo federal.
Participaram da reunião autoridades como o vice-presidente Geraldo Alckmin e os ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores), Macaé Evaristo (Direitos Humanos), Ricardo Lewandowski (Justiça) e José Múcio (Defesa), além de representantes da FAB e da Polícia Federal.
Além de discutir os procedimentos para lidar com os deportados, o governo também analisou formas de financiar o acolhimento de imigrantes, especialmente com a recente suspensão de repasses dos EUA para a Organização Internacional para as Migrações (OIM), que apoia iniciativas de assistência a refugiados no Brasil.
O governo brasileiro reiterou que a prioridade é garantir tratamento digno aos deportados, preservando os direitos humanos, enquanto busca manter relações diplomáticas estáveis com os Estados Unidos.
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