Exclusivo: áudios e vídeos revelam como quadrilha internacional comandada por chineses produzia e vendia metanfetamina em SP


A metanfetamina é conhecida popularmente como cristal, pelo aspecto da droga. A substância é comercializada em pedras, pó ou comprimido. É um droga sintética poderosa e destrutiva. Exclusivo: veja como quadrilha comandada por chineses se instalou em São Paulo para a produção de uma poderosa droga sintética
O Fantástico deste domingo (26) mostra, com exclusividade, áudios e vídeos que revelam como uma quadrilha internacional – comandada por chineses – se instalou em São Paulo para produzir e vender metanfetamina, uma poderosa e destrutiva droga sintética. Um engenheiro químico mexicano foi preso. Veja a reportagem completa no vídeo acima.
Mexicano preso
Guillermo Fabian Martinez Ortiz é engenheiro químico e apresentou à Justiça um contrato de trabalho com uma das maiores uma das maiores empresas de exploração de petróleo do mundo. Segundo a polícia, ele se mudou para São Paulo e usou a experiência para produzir metanfetamina.
Guillermo repassou seus conhecimentos principalmente para grupos de chineses, nigerianos e brasileiros que vivem em São Paulo.
“A metanfetamina, por conta justamente da atuação de Guillermo Fabian, ela teve uma queda drástica no seu valor de mercado, uma vez que esse entorpecente passou a ser fabricado perto do seu local de destinação”, afirma o delegado Fernando José Goes Santiago, do Denarc/SP.
Investigação
A investigação da polícia começou há seis meses, depois que um homem de nacionalidade chinesa denunciar ter sido atraído para o Brasil para um emprego em uma confecção em São Paulo. Ao chegar, descobriu que tudo era mentira e o trabalho era em um apartamento onde funcionava um laboratório de metanfetamina. O apartamento era alugado por três chineses e, segundo a polícia, mais de 2 mil pessoas passaram pelo local em apenas três meses.
Segundo a polícia, o empresário chinês Marcos Zheng, influente na comunidade chinesa de São Paulo, era um dos chefes da quadrilha. Outro criminoso que também foi preso, Pikang Dong, de 71 anos, apelidado de “Rodízio”, cuidava principalmente da compra e da venda da droga.
Segundo as investigações, eles chamavam a metanfetamina de “pin”, e as transações envolviam até pagamentos via pix, apelidado de “pici” pela quadrilha.
“Tem pin. É 500 grama. Quanto dinheiro? Não pode pici. Tudo dinheiro”, diz Rodízio em um áudio.
A droga, popularmente conhecida como a “droga do sexo”, era fornecida a garotas de programa.
“O cliente demanda essa droga para o profissional do sexo, que por sua vez busca esse tipo de entorpecente com estrangeiros, como chineses e nigerianos”, explica o delegado.
Segundo as investigações, os traficantes chineses tiveram que pedir autorização do crime organizado para poder comercializar a metanfetamina.
Exclusivo: áudios e vídeos revelam como quadrilha internacional comandada por chineses produzia e vendia metanfetamina em SP
Fantástico/ Reprodução
Fórmula desenhada à mão
A metanfetamina é conhecida popularmente como cristal, pelo aspecto da droga. A substância é comercializada em pedras, pó ou comprimido. A produção tem formulações diferentes. São várias receitas que incluem até remédio contra resfriado. A quadrilha que produzia a droga em São Paulo tinha uma fórmula desenhada à mão, escrito em chinês, com especificações de quantidades e ingredientes. Os criminosos também utilizavam desenhos simples, detalhando o processo químico.
Efeitos da droga e problemas de saúde pública
José Luiz da Costa, coordenador do Centro de Informação e Assistência Toxicológica da Unicamp, alerta para os efeitos da metanfetamina para as pessoas:
“Ela é um estimulante do sistema nervoso central. Uma consequência disso é que aumenta muito a chance de um infarto, por exemplo, dessa pessoa. Aumenta a chance de um acidente vascular cerebral. Pode ter problemas de dependência, pode ter problemas psíquicos sim”, destaca.
Prisões
Guillermo Fabian, Marcos Zheng e Pikang Dong estão presos. Outras 23 pessoas – a maioria chineses e brasileiros – também foram para a cadeia, acusados de tráfico de metanfetamina.
Pikang disse que a droga era para consumo próprio e que não é traficante. Ele já foi julgado e condenado a 9 anos de prisão.
A defesa de Guillermo Fabian nega as acusações de que o mexicano fazia metanfetamina e disse que ele trabalha com DJ em São Paulo.
Já a advogada que acompanha o inquérito do chinês Marcos Zheng diz que o cliente é inocente e que o carro encontrado com traços da droga estava emprestado para um prestador de serviço.
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