São Paulo tem Leblon, Ipanema e Avenida Atlântica perto de ‘prainha’ na Zona Sul; conheça as ruas ‘cariocas’ da cidade


Na região de Interlagos fica localizada a Avenida Atlântica, uma referência à via que liga a orla do Leme à de Copacabana, no Rio de Janeiro; no entorno da via está o bairro Jardim Ipanema, com as avenidas Leblon e Ipanema. Entenda porque a Zona Sul tem tantas referências ao Rio. Avenida Ipanema fica próxima à Avenida Leblon no bairro Jardim Ipanema, na região de Interlagos.
Marconi Matos
No Rio de Janeiro, a Avenida Atlântica é famosa por ligar a orla litorânea dos bairros turísticos do Leme a Copacabana. Mas você sabia que na cidade de São Paulo também existe uma Avenida Atlântica?
Apesar de não ter o mesmo glamour, aqui a via também tem clima de praia, já que está margeada por um balneário muito usado por quem mora na Zona Sul: a represa de Guarapiranga. É bem comum ver ciclistas, bares e banhistas nos finais de semana aproveitando a orla.
Além da homenagem ao Rio, o nome da avenida é uma referência à primeira travessia do Oceano Atlântico, de Gênova, na Itália, até a região de Santo Amaro há 100 anos, na década de 1920.
Vale lembrar que, na época, toda a área que compreende os distritos de Interlagos, Socorro e Cidade Dutra fazia parte de Santo Amaro, um município separado da capital até 1935, quando se tornou um distrito.
Depois de uma forte estiagem em 1903, foi necessária a construção da represa de Guarapiranga para reforçar o fornecimento de água à população de São Paulo, que crescia vertiginosamente. A área escolhida foi onde hoje fica o entorno da Avenida Atlântica até Parelheiros, uma gigantesca extensão de várzea isolada da região central.
“As obras começaram em 1906, uma primeira etapa foi entregue em 1908 e houve problemas com a estrutura. Em 1909, entre março e abril daquele ano, a barragem foi concluída”, explica o sociólogo Ricardo Araújo, engenheiro da Sabesp por mais de 30 anos e autor do livro “Guarapiranga 100 Anos” .
Fotografia de março de 1908 mostra a barragem da represa de Gurapiranga na etapa final de construção.
Acervo Fundação Energia e Saneamento
Leblon e Ipanema em SP
Com a construção da represa em 1909, toda a região de Interlagos começou a ser urbanizada. Foi aí que houve um loteamento imobiliário idealizado pela Companhia Auto-Estradas S.A. para a viabilização de ruas, avenidas e trechos urbanos. E foi o dono da empresa, Louis Romero Sanson, que projetou o bairro e até mesmo o Autódromo de Interlagos.
Dentro desse loteamento veio a ideia de nomear ruas da região com referências cariocas. Surgiu não só a Avenida Atlântica como também a Avenida Leblon, a Avenida Ipanema e o Jardim Ipanema. “A propaganda que a Companhia Auto-Estradas fazia na década de 1930 era o seguinte: a praia de São Paulo é o Guarapiranga. Não precisa ir a Santos para isso. Inclusive trouxeram a areia do litoral”, ressalta o pesquisador Ricardo Araújo.
O próprio nome “Interlagos” não é à toa. A sugestão foi da filha do dono da empresa, Jean Sanson, que achava o bairro parecido com a cidade de Interlaken, na Suíça. Por lá, o nome “Interlaken” se refere justamente ao fato de a vila estar “entre lagos”. Já aqui os lagos seriam representados pelas porções de água existentes nas duas represas: de um lado, a Guarapiranga e, do outro, a Billings.
Orla da Avenida Atlântica é usada há mais de 50 anos por atletas da vela como o campeão olímpico Robert Scheidt.
Marconi Matos
Balneário, kite surf e velas
Desde a construção da represa, há mais de cem anos, muitos grupos de vela e jangada começaram a utilizar a represa de Guarapiranga.
“As atividades náuticas começaram em 1912. Eu passei a infância aqui, e a molecada aprendeu a velejar na Guarapiranga. Até hoje temos campões formados na represa, como o Lebos Chaguri, o Jörg Bruder, o Alex Welter, o Lars Bjorkstrom e o Robert Scheidt, medalhista olímpico”, conta Mario Fontes, presidente da Associação Nossa Guarapiranga.
Outro local muito visitado na Avenida Atlântica é o Parque Praia do Sol. Inaugurado em 2009, é um ponto central onde as pessoas param o carro, passeiam e usam como alternativa para acessar a “prainha” da represa de Guarapiranga e praticar esportes nas quadras de areia.
“O parque já recebeu campeonatos de futebol de areia. É como se você estivesse passeando numa praia sem ondas, calma, mas é uma água onde você pode também se banhar”, diz Rodrigo Martins, diretor de patrimônio ambiental da Prefeitura de São Paulo.
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