Faltam médicos em todas especialidades da rede pública do DF, exceto intensivistas


Clínicos, anestesiologistas, radiologistas e pediatras são maiores carências, segundo Lei de Acesso à Informação (LAI). Ao todo, 5.116 médicos atendem nos hospitais, UPAs e UBSs. Hospital Região Leste, no Paranoá, no DF
TV Globo/Reprodução
Faltam médicos em todas as especialidades na rede pública de saúde do Distrito Federal, exceto intensivistas. De acordo com a Lei de Acesso à Informação (LAI), a maior carência é de clínicos, anestesiologistas, radiologistas e pediatras (saiba mais abaixo).
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👉Ao todo, 5.116 médicos atendem pelo SUS em hospitais, Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Brasília. Os dados mostram que faltam 996 médicos nas quatro especialidades com os maiores déficits, veja na tabela abaixo:
Especialidades com maiores déficits de médicos na rede pública de saúde do DF
📌 A Secretaria de Saúde do Distrito Federal afirma que contratou 150 anestesistas, em junho de 2024, e que fez contratações de pediatras por tempo determinado nos períodos de sazonalidade de doenças infantis. Concurso e contratos temporários para clínicos e radiologistas foram outras ações da pasta (veja nota completa abaixo).
O diretor da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO), Cláudio Maierovitch, diz que “as atuais condições de trabalho na rede pública do DF afastam os profissionais e geram reflexos em toda a cadeia de atendimento”.
“Existem soluções que eu chamaria de ‘quebra-galho’, especialmente a contratação de empresas, terceirização de serviços médicos que podem dar respostas emergenciais. Mas, é preciso apostar a longo prazo, na valorização do servidor, do trabalho, da constituição de equipes e valorização do serviço público como possibilidade dos cidadãos utilizarem e não só como último lugar daquele que não pode pagar”, diz Cláudio Maierovitch.
Do outro lado: filas e muita espera
Fila em UBS do DF.
Reprodução
Com a falta de médicos, o tempo de espera para uma consulta aumenta. Valéria Rosa, de 49 anos, espera há quatro meses por uma cirurgia de urgência no Hospital Regional de Sobradinho. Ela tem endometriose, uma doença inflamatória crônica.
“O doutor falou ‘eu não vou te operar porque aqui no hospital não tem anestesista’. Então eu pergunto: o que o nosso governo está fazendo que não tem anestesista no hospital?”, diz Valéria Rosa.
O tempo médio de espera é de quase três meses, segundo dados do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT):
13.606 pacientes aguardam uma consulta com um cirurgião-geral na rede pública. O tempo médio de espera é de 77 dias;
1.494 crianças aguardam uma consulta na pediatria. O tempo médio é de 85 dias, quase três meses;
Para clínica médica, o tempo de espera é de um pouco mais de dois meses: 68 dias
O que diz a Secretaria de Saúde
“Anestesistas: Com a contratação de 150 anestesistas em junho de 2024, a SES-DF reduziu de forma significativa o déficit de 235 profissionais, impactando positivamente a capacidade de atendimento da rede pública. Esses profissionais têm contratos vigentes até maio de 2025, com possibilidade de renovação, e estima-se a realização de cerca de 26 mil procedimentos, ajudando a reduzir a lista de espera por cirurgias eletivas. Além disso, foram adquiridos 64 aparelhos de anestesia modernos para aprimorar o atendimento em dez hospitais.
Pediatras: A Secretaria de Saúde informa que a contratação de empresa especializada em serviços médicos de Pediatria tem como objetivo reforçar o atendimento à população durante o período de sazonalidade, que vai de fevereiro a junho, no qual existe um aumento de casos de doenças respiratórias infantis, com profissionais contratados para emergências de oito hospitais e para a contratação de 14.048 horas de plantão. A rede já conta com 467 pediatras, mas há um déficit de 172 profissionais. Outras medidas como concurso público (realizado em 2022), ampliação de carga horária de 20 para 40 horas semanais, e contratação por tempo determinado vêm sendo adotadas para mitigar essa lacuna.
Clínica Médica e Radiologia: Para suprir os déficits de Clínica Médica (360 profissionais) e Radiologia (229 profissionais), a SES-DF está promovendo concursos públicos, contratos temporários e ações de valorização. Com um quadro atual de 5.116 médicos, totalizando 150.660 horas semanais de dedicação, a rede segue garantindo assistência enquanto implementa estratégias estruturantes para atender à crescente demanda do SUS.”
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