‘Realizada’: bailarina do interior de SP celebra ingresso no Grupo Corpo, patrimônio brasileiro da dança


Isabella Accorsi, de 25 anos, reflete sobre a jornada que a levou de Rio Preto (SP) para os palcos internacionais. Companhia é reconhecida pela perfeição técnica, pela inovação e trabalho musical característico. Grupo Corpo comemora 50 anos de existência
O cenário é quase sempre o mesmo: de luz que atravessa as cortinas e ilumina o palco. No entanto, o movimento é único, e nele se condensam décadas de história, técnica, e, sobretudo, paixão. No aniversário de meio século do Grupo Corpo, uma das bailarinas, natural de São José do Rio Preto (SP), celebra a chance de fazer da dança a sua vida, há três anos no grupo, que é um dos mais importantes do país.
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São 50 anos de dedicação à arte da dança. Um sonho que começou em 1975 quando os irmãos Pederneiras transformaram a casa dos pais na sede da companhia mineira. Um ano depois, estreava o primeiro espetáculo, “Maria Maria”, com música de Milton Nascimento.
Isabella Accorsi é bailarina do Grupo Corpo, de Rio Preto (SP)
Lucas Saraiva/Divulgação
Em meio às celebrações dos 50 anos do grupo, Isabella Accorsi, de 25, reflete sobre a jornada que a levou de Rio Preto para os palcos internacionais. A jovem começou a dança aos sete anos, por incentivo dos pais.
Com 10, já debutou nos palcos de uma companhia profissional, chamada Núcleo Jovem de Rio Preto. Conforme ela, embora distante dos grandes centros, foi em Rio Preto que reconheceu o talento e a força artística.
Isabella Accorsi, de Rio Preto (SP), está há três anos no Grupo Corpo, companhia mineira
Grupo Corpo/Divulgação
“Foi um momento muito proveitoso, onde entrei em contato com a dança contemporânea e encontrei o prazer de dançar. É a dança mais próxima do humano, eu senti que ali tinha uma liberdade melhor de explorar o movimento. Meus pais sempre me apoiaram muito e me permitiram voar”, relata Isabella.
Durante a trajetória, à convite de escolas internacionais, pôde participar de cursos especializados e ingressou em diversas companhias renomadas do país. Em outubro de 2022, Isabella conta que fez a audição para integrar o Grupo Corpo.
Isabella Accorsi, de Rio Preto (SP), é bailarina do Grupo Corpo, que celebra 50 anos este ano
Grupo Corpo/Divulgação
“Era muito difícil abrir audição para o Grupo Corpo então, quando soube, eu senti no coração que deveria tentar a experiência”, lembra a bailarina.
Ali, viu as portas abertas para fazer parte. Depois de dois dias, recebeu o resultado e foi chamada para começar. Para ela, ingressar significou não apenas conquistar o objetivo, mas, também, se aprofundar em um universo de constante pesquisa e transformação.
Bailarina de Rio Preto (SP), Isabella Accorsi, dança pelo Grupo Corpo
Ed Nunes/Divulgação
“Foi uma experiência curiosa a audição porque o Grupo Corpo tem uma linguagem que só o Grupo Corpo tem, de muita brasilidade e gingado, mas, principalmente, um trabalho musical diferente, em que as coreografias são montadas no contratempo. Foi bem desafiador e gratificante”, celebra Isabella.
Apesar de realizada, Isabella reflete que nem tudo são “flores”, uma vez que, para viver o sonho, foi necessário abrir mão de morar com a família e enfrentar as dores físicas e emocionais. Ao mesmo tempo que celebra a história, sabe que o futuro é uma constante construção.
“São muitos os privilégios de atuar ao redor do mundo, mas o custo é alto. É preciso coragem e muito amor pelo que se faz para entregar-se por inteiro à disposição de um trabalho que, na maior parte do tempo, no Brasil, é visto como hobby, lazer, algo dispensável e de terceira importância”, pontua Isabella.
Grupo Corpo, patrimônio brasileiro da dança, completa 50 anos
Reprodução/TV Globo
Aulas, ensaios, aulas, ensaios. A rotina, segundo a jovem, é a mesma, todos os dias, em prol do aprimoramento, na busca pela perfeição. Entretanto, apesar de trabalhar muito, a bailarina aponta que ainda há um longo caminho para que a população, em geral, os conheça como profissionais.
“Não se trata de treino. São cinco dias seguidos, semanas seguidas, espetáculos seguidos, apresentando em alta intensidade. Essa é a nossa rotina. Essa é a nossa realidade”, comenta a bailarina.
Um mergulho no legado
Paulo Pederneiras, diretor artístico do Grupo Corpo
Grupo Corpo/Divulgação
O Grupo Corpo, que neste 2025 comemora cinco décadas de história, é uma verdadeira referência no cenário internacional da dança contemporânea. Fundado pelos irmãos Paulo e Rodrigo Pederneiras, a companhia é reconhecida pela perfeição técnica, pela inovação e, acima de tudo, pela maneira como une a dança clássica, moderna e popular brasileira em uma linguagem única.
Depois vieram parcerias com grandes nomes como Lenine, Caetano Veloso, Samuel Rosa e Gilberto Gil. Foram mais de 40 montagens, sendo metade delas apresentadas até hoje.
Para comemorar os 50 anos, o grupo já tem trilha nova. Pela primeira vez na história do Corpo, a autoria é de uma mulher: a escolhida foi a compositora Clarice Assad. O espetáculo estreia em agosto. Um livro e um documentário sobre a história da companhia também vão chegar ao público.
Paulo Pederneiras, diretor artístico do Grupo Corpo
Grupo Corpo/Divulgação
Questionada sobre a sensação de estar no grupo e poder comemorar, junto dos fundadores, o aniversário, Isabella descreveu como uma realização pessoal e profissional.
“Sinto como se eu pudesse abraçar a Isabella criança e dizer ‘deu tudo certo’. Sinto que eu conheço as habilidades do meu corpo, consigo explorar a minha própria dança em uma companhia que nos dá a oportunidade de ir além dos movimentos. Me sinto muito realizada, sou uma pecinha nesse quebra cabeça”, celebra a jovem.
Ao g1, Paulo, de 73 anos, à frente do grupo desde a fundação, comentou que a companhia construiu a linguagem característica e ajudou a abrir os palcos do mundo para o Brasil.
O diretor artístico ainda comparou a bailarina de Rio Preto como uma das muitas estrelas que continuam a brilhar levando o legado da companhia e a alma do Brasil para o mundo.
Para ele, é a entrega total de cada bailarina, como Isabella, que torna a arte tão magnética. “A Isa é uma excelente bailarina, de uma versatilidade incrível, com técnica primorosa”, salienta Paulo.
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