A coleta de balneabilidade das praias de Santa Catarina, realizado pelo IMA (Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina), está suspenso pela segunda semana seguida. O relatório analisa se os pontos monitorados estão próprios ou impróprios para banho.
As amostras são coletadas pelo Corpo de Bombeiros Militar, que possui parceria com o IMA. Segundo o Instituto, por conta das fortes chuvas que atingiram o litoral do estado na última semana, os esforços dos bombeiros foram voltados ao auxílio à população. Por isso, a emissão do relatório semanal prevista para os dias 17 e 24 foi suspensa.
O serviço voltará a ser feito na próxima segunda-feira (27). Os relatórios atualizados serão divulgados ao longo da semana, com o balanço estadual sendo publicado na sexta-feira (31). O último relatório teve os resultados divulgados no dia 16 de janeiro e apontou 25 pontos impróprios para banho em Florianópolis.
Recomendações em meio à ausência do relatório de balneabilidade
O IMA recomenda que a população observe os relatórios mais recentes disponíveis. Conforme o Instituto, os resultados permanecem válidos até a publicação de novo relatório e contam com o histórico de cada ponto.
“Além da análise da qualidade sanitária das águas, é essencial observar a segurança do local, respeitando as sinalizações, placas, bandeiras e até mesmo avisos sonoros”, orienta o gerente de Laboratório e Medições Ambientais do IMA, Marlon Daniel da Silva.
O órgão recomenda que se evite o contato com águas de enchentes, por conta do risco de contaminação e transmissão de doenças. O banho de mar também deve ser evitado nas 48h após a enxurrada, principalmente nas proximidades da desembocadura de rios e tubulações, pois grandes volumes de chuvas podem potencializar a impropriedade.
Os riscos de virose em praias com água contaminada
Segundo o médico infectologista Pablo Sebastian Velho, existem duas viroses gastrointestinais circulando pelo litoral catarinense. Uma delas é causada pelo norovírus e outra pelo rotavírus. Os sintomas podem variar conforme os pacientes, mas costumam ser náuseas, vômitos, diarreia e dor abdominal, em diferentes intensidades.
Uma dúvida frequente é se estas viroses são transmitidas pela água do mar e o médico explica que podem ocorrer em locais que a água for contaminada.
“A contaminação da água em áreas de banho pode ocorrer, mas está geralmente associada a escoamento de esgoto inadequado ou enchentes que transportam água contaminada para o oceano, especialmente nas 24 horas após chuvas”, ele esclarece.
De acordo com o infectologista Ricardo Freitas, uma das principais formas transmissão do norovírus é via fecal oral. “O que significa dizer isso? Que é preciso que alguém ingira fezes. Como que a gente faz isso? Quando entramos em contato com água suja ou comida contaminada”, explica.
Freitas ainda detalha que a contaminação pode vir de alguém doente, ou por exemplo, alguém que vai ao banheiro e não lava as mãos. Ao entrar em contato com o vírus, essa pessoa pode espalhá-lo para quem estiver próximo.
Portanto, ao manipular alimentos na praia, a recomendação é que as mãos estejam limpas e lavadas com água e sabão. “Se você entrar no mar e alguém tiver feito fezes lá, ou o esgotamento sanitário da cidade tenha ido para lá, é muito provável que você fique com a tua pele infectada. Se você não higienizar a mão e pegar um produto alimentício e comer com a mão, você vai se contaminar”, enfatiza Ricardo Freitas.