Biden encerra mandato com concessão de perdões e baixos índices de aprovação; veja legado


Nesta segunda-feira (20), ele também se despediu de 50 anos de vida pública. O legado de Biden
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No último ato antes de deixar a Casa Branca, Joe Biden expediu perdões presidenciais para várias pessoas. Algumas são ex-autoridades e cinco são integrantes da família dele. Os perdões protegem todos de possíveis processos futuros. Biden disse que essas pessoas têm sido alvos de ameaças e de perseguição política. Ele encerra o mandato com índices de aprovação baixos.
No começo de janeiro, no funeral de Jimmy Carter, Joe Biden falou diante de três ex-presidentes americanos que se reelegeram para um segundo mandato: Bill Clinton, George W. Bush e Barack Obama.
E também Donald Trump, derrotado por Biden na tentativa de reeleição, mas que agora volta ao cargo para sucedê-lo. Biden e Carter tiveram um só mandato.
Carter perdeu a corrida pela reeleição e deixou a presidência com números baixíssimos de aprovação, mas foi reabilitado pelos historiadores. Hoje é lembrado como um homem íntegro, que fracassou no governo, mas soube se reinventar. Será que Biden vai conseguir o mesmo?
Neste melancólico fim de mandato, ele tentou resgatar sua imagem. No discurso de despedida, na quarta-feira passada, Biden disse que os americanos podem ainda não estar sentindo os benefícios das realizações dele, mas que as sementes estão plantadas e vão crescer.
Biden é o presidente americano que obteve mais resultados para enfrentar os efeitos das mudanças climáticas, com a aprovação de leis para reduzir as emissões de gases. Se orgulha pela criação de quase 17 milhões de empregos em seu governo. O desemprego no mandato dele esteve no patamar mais baixo em décadas.
A economia americana cresce mais do que as dos outros países ricos. O professor de administração da Universidade de Yale, Jeffrey Sonnenfeld, diz que, na economia, Biden foi mais bem-sucedido do que qualquer outro presidente, desde Franklin Roosevelt. O problema, segundo o professor, é que Biden não soube vender suas realizações.
Nesta segunda-feira (20), Biden também se despediu de 50 anos de vida pública. Como ele mesmo disse, um menino gago de origem modesta acabou sentado no Salão Oval da Casa Branca. Biden se destacou como político hábil, apesar de algumas gafes. Uma figura folclórica influente nos bastidores de Washington. Moderado, elogiado por saber negociar com os adversários, e com fama de honesto e íntegro.
Sempre pelo Partido Democrata, foi senador por 36 anos. Depois, vice-presidente de Barack Obama, por oito. Até ser eleito presidente, em 2020.
Em 2020, Biden foi eleito a presidente dos EUA
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Depois de quatro anos caóticos com Donald Trump, prometeu que governaria por só um mandato. Seria uma ponte para o futuro. Mas voltou atrás e tentou a reeleição. E acabou sendo a ponte para a volta de Trump.
Fato inegável é que Biden deixa o cargo mais impopular do que os antecessores dele, mais até do que Jimmy Carter. Um gráfico mostra como a popularidade de Biden caiu e permaneceu baixa:
Janeiro de 2021: Ao tomar posse, 57% dos americanos eram favoráveis a ele.
Agosto de 2021, com o fiasco da retirada americana do Afeganistão: Biden cai para 49%. E nunca mais se recupera.
Julho de 2022: a inflação passa de 9% ao ano, Biden cai para 38%.
Julho de 2024: depois que Biden implode no debate com Donald Trump, a popularidade vai para 36%. E ele fecha o governo, sempre impopular: 39%.
Aprovação do governo Biden
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A retomada de Cabul, a capital do Afeganistão, pelo grupo terrorista Talibã depois de 20 anos de guerra foi uma derrota para os Estados Unidos. A impressão de fraqueza animou adversários como Rússia, China e Irã.
Quando a inflação começou a subir, Biden disse que seria temporária. Acabou sendo a mais alta dos últimos quarenta anos. Biden também deixa como legado a onda sem precedentes de imigrantes que cruzou a fronteira com o México. Oito milhões atravessaram ilegalmente.
Em 2023, ele se lançou candidato à reeleição. Acreditava que seria o único democrata capaz de vencer Donald Trump. Para o professor de economia de Harvard Robert Stavins, se candidatar à reeleição foi um erro enorme, uma decisão egoísta, que não era do interesse da nação nem do mundo.
Em junho de 2024, no debate com Trump, se mostrou confuso e incompreensível. Aliados do presidente o convenceram a desistir de concorrer à reeleição.
A decisão de abandonar o páreo e passar a candidatura para a vice dele, Kamala Harris, acabou sendo o mais elogiado de todos os atos de Biden. O começo da despedida.
“Decidi”, ele disse, “que o melhor caminho é passar o bastão para uma nova geração. É o melhor caminho para unir a nação.”
Biden em debate com Donald Trump
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Alguns democratas culpam Biden pela derrota nas urnas para Donald Trump. No mundo, o legado de Biden foi misto: fez uma coalizão para resistir à invasão da Ucrânia pela Rússia, mas não deu armas suficientes para que os ucranianos vencessem a guerra.
Aumentou o tom contra a China, enquanto Pequim continua a desafiar a hegemonia americana. Negociou o cessar-fogo em Gaza, mas o apoio incondicional que deu a Israel associou o nome de Biden à morte de mais de 46 mil civis palestinos.
Biden e Benjamin Netanyahu
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Biden deixa o mundo mais caótico e inseguro do que quando tomou posse. Jimmy Carter foi reabilitado pela defesa do meio ambiente e dos direitos humanos. É cedo para imaginar o que pode resgatar o nome de Biden. Por enquanto, ele é visto como outro presidente de um só mandato, avaliado até por opositores como bem-intencionado, mas mal-sucedido.
O legado de Biden
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