Três dos oito integrantes originais do grupo fazem turnê de 25 anos de carreira. Ao g1, Simone Cipriano sobre impacto da perda de uma das irmãs e busca do grupo por identidade. Irmãs Simone, Suzete e Kátia do grupo Fat Family
Murilo Amancio
O Fat Family fez o Brasil inteiro balançar o pescoço no final dos anos 1990. O conjunto musical de Sorocaba, interior de São Paulo, estourou nacionalmente com um pop R&B e DNA da música gospel, conquistando rapidamente lugar nas rádios e em programas de TV.
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Após anos longe dos palcos, o grupo está de volta. Em Brasília, a turnê de 25 anos do Fat Family acontece nesta quinta-feira (15), no Sarau Secreto. O g1 entrevistou Simone Cipriano, uma das irmãs que compõe o agora trio.
A artista contou sobre o impacto da perda de uma das irmãs, da busca do grupo por uma identidade e dos preconceitos que sofreram ao longo da carreira. De acordo com ela, o grupo começou sem pretensão.
“Nós apenas saímos de Sorocaba para São Paulo para trabalhar, fazer o que a gente gostava. As três irmãs que estão até hoje eram as únicas que não pensavam em cantar profissionalmente. O primeiro CD, Jeito Sexy, demorou um pouco porque ainda estávamos querendo achar a identidade do grupo”, conta a artista.
Simone lembra que a famosa dança do pescocinho não foi programada. Aquela já era uma brincadeira entre os irmãos.
“O pescocinho era natural, a gente costumava dançar assim. Foi tudo sem pretensão. A gente curtia, aproveitava a vida. De repente, foi crescendo em uma proporção que nós não esperávamos. O primeiro CD Jeito Sexy foi comercializado em 22 países. Então foi um boom”, lembra a cantora.
Partidas e mudanças
Irmãs Simone, Suzete e Kátia do grupo Fat Family
Murilo Amancio
Segundo Simone, nas mais de duas décadas de carreira, a banda passou por altos e baixos até chegar à formação atual, composta por ela e pelas irmãs Suzete e Kátia.
“Nós começamos com os oito irmãos, mas depois perdemos a Deise. Esse foi o maior motivo do grupo ter mudado. A gente sempre fala que nós enterramos o Fat com a Deise”, lamenta Simone.
Deise Cipriano, integrante que cantava alguns solos do grupo, teve câncer de fígado e morreu em 2019. A perda aconteceu oito anos depois da morte de Sidney, outro membro e irmão, que sofreu um AVC. Com as partidas, o grupo parecia ter chegado ao fim.
“A gente não queria cantar mais, não pensava em prosseguir. Depois disso, a gente se reunia e não saia nada. Ninguém falava nada, não decidia nada. Não tinha forças para retomar essa carreira, porque não era o que a gente queria no momento. Eu fiquei muito abalada. Eu morava com a Deise, saía com a Deise, fazia show, ficava no hotel com a Deise, no avião, na van. Para mim, foi difícil reerguer. Graças a Deus, aos fãs, aos nosso pais que sempre nos apoiaram, nós conseguimos voltar”, conta Simone.
Grupo fora do padrão
Quando a música “Jeito Sexy” estourou, o Brasil conheceu um grupo fora do “padrão” tanto em relação às músicas que faziam sucesso na época quanto esteticamente.
“Nós surgimos no auge do pagode e do sertanejo. A gente teve uma certa dificuldade de aceitação no começo. Tanto é que nós lançamos primeiro em Portugal. No Brasil, o primeiro lugar que arrebentou foi no Rio de Janeiro, depois São Paulo, e aí depois o restante do país”, diz Simone.
A cantora conta que no começo o grupo tinha dificuldade até para escolher o figurino. “Imagina, sete gordinhos para fazer um figurino ligado um ao outro. Hoje em dia, para ficar mais sutil, surgiu esse lance de plus size, mas antigamente não tinha. Tinham poucas lojas de gordinhos e os modelos eram todos antiquados. Não tinha a nossa personalidade”, conta Simone.
“[Quando] a gente gostava de alguma coisa em uma loja ou tinha umas ideias, nós achávamos uma loja que fazia do modelo que a gente criava, comprava os tecidos e fazia do jeito que a gente queria”, explica a artista.
Segundo Simone, a questão do grupo ser composto por pessoas acima do peso também ajudou a quebrar preconceitos. “Não era o habitual um corpo avantajado. O perfil era outro. Nós viemos meio que na contra mão e foi um sucesso. Ajudou muita gente a sair de casa porque muitos gordinhos se identificavam com a gente. Negros, pretos. A gente era uma família muito pobre também”, conta Simone.
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