Apaixonado pelo time, Fabiano Reis contou ao g1 o que motivou a escolha da canção. Ele trata um glioblastoma, tipo grave de câncer, há mais de três anos. Empresário canta hino do Bahia enquanto médicos retiram tumor do cérebro
A equipe médica retirava um tumor de cerca de 5 cm do cérebro de Fabiano Reis, quando o empresário de 44 anos começou a cantar o hino do Esporte Clube Bahia. A cena, gravada e compartilhada nas redes sociais, viralizou.
Ao g1, Reis explicou o contexto da cirurgia — ele trata um glioblastoma, tipo de câncer cerebral agressivo e sem cura — e por que decidiu entoar os versos do clube.
“Queria homenagear meu time, 2025 vai ser um ano muito especial pra gente”, afirma o empresário, otimista.
“Aqui em casa, todo mundo é Bahia. Meu pai já trabalhou no Bahia, no passado, minha filha de 9 anos é torcedora doente, eu fui pra 90% dos jogos do Bahia na Fonte Nova [em 2024] e era uma homenagem em um momento difícil da nossa vida”.
LEIA MAIS:
Baiano que sonhava em ser jogador de futebol em Portugal morre ao cair em rio durante perseguição policial
Divaldo Franco inicia tratamento contra câncer de bexiga
Marcos Mion usa a própria vida como inspiração ao estrelar primeiro filme: ‘entrada do Fagundes me valida como ator’
Ele conta que os médicos e enfermeiros envolvidos na operação logo toparam a ideia. Por coincidência, todos na sala de cirurgia eram da torcida tricolor. A música, então, serviu para aliviar a pressão do momento, além de mantê-lo acordado e consciente, conforme é preconizado neste tipo de procedimento.
A cirurgia realizada no dia 8 de janeiro, em um hospital de Salvador, foi a terceira a que Reis foi submetido em três anos e nove meses de tratamento. Ele descobriu o glioblastoma em abril de 2021.
“No meio da pandemia, eu comecei a ficar esquecendo nomes de pessoas, amigos, parentes, coisas simples… Nada de absurdo. Fui ao médico pra saber o que estava acontecendo comigo e, em meio a isso, foi descoberto um tumor no meu cérebro”.
Pouco tempo depois, Reis fez a primeira cirurgia de retirada do tumor e prosseguiu com tratamentos, como quimioterapia e radioterapia. Em novembro de 2023, veio a segunda operação até que, um ano depois, ele precisou operar pela terceira vez, às pressas.
Foi o maior tumor já retirado da cabeça dele — cerca de 5 cm. “É como se tivesse tirado em torno de 80 a 90% do tumor. Não consegue tirar tudo, porque, se tirar, eu poderia não falar, ouvir, escutar”, indica as possíveis sequelas.
A cirurgia foi bem sucedida. Reis recebeu alta médica no último domingo (12). A expectativa é de que em mais uma semana ele possa retomar as atividades.
Fabiano Reis fez a terceira cirurgia para retirada de tumor cerebral
Arquivo pessoal
Câncer biologicamente agressivo
Reis não exagera quando menciona a seriedade da doença. A oncologista clínica Geila Ribeiro Nunes ressalta que o glioblastoma “é um tumor agressivo biologicamente”, com média de expectativa de vida de um ano e meio para os pacientes.
“É importante dizer que hoje a gente tem um entendimento molecular de que a gente consegue, dentro desse diagnóstico de glioblastoma, setorizar pacientes que podem ter uma melhor evolução versus uma pior evolução.
A recuperação de Reis está entre os bons exemplos. Esse tipo de câncer costuma acometer pessoas na faixa dos 60 anos, contudo, não há muitos fatores de risco definidos. De acordo com a médica, trata-se de “causa esporádica”. Ou seja, não há correlação hereditária nem o conhecimento de síndromes que aumentem as chances de desenvolvimento do tumor.
Sintomas diversos
Como o cérebro desencadeia diversas funções neurológicas, os sintomas do glioblastoma vão variar de acordo com a área da lesão. “Se aquele local era responsável pelo movimento de um braço, o crescimento de uma lesão nessa região poderá diminuir a força do braço”, exemplifica a oncologista.
Isso significa que os efeitos podem ser dificuldade na fala, déficit de memória, conforme observado pelo empresário, e outras alterações cognitivas. Mudanças de personalidade e de comportamento, como depressão aguda em pacientes que nunca desenvolveram depressão, também podem ser sinais da doença.
E como tratar?
O primeiro passo é a neurocirurgia — só após a retirada do tumor é feita a análise para confirmar a patologia. Uma das técnicas consiste em deixar o paciente acordado para que ele interaja durante o procedimento.
Em seguida, o tratamento segue com sessões de radioterapia e quimioterapia oral. Otimista, mas ciente das opções limitadas, Reis busca tratamentos alternativos fora da Bahia e até mesmo do país. “Isso vai te fortalecendo”, defende.
Veja mais notícias do estado no g1 Bahia.
Assista aos vídeos do g1 e TV Bahia 💻