VÍDEO: Ambulante senegalês leva tiro de arma de choque na cabeça e é chutado por PM no Brás, Centro de São Paulo


Projétil atingiu perto do olho e só foi removido em cirurgia mais de 24 horas depois. Secretaria diz que ‘analisa as imagens’ e que ‘o disparo na cabeça, pescoço, tórax superior ou áreas sensíveis é contraindicado’. Ambulante senegalês leva tiro de arma de choque na cabeça e é chutado por PM no Brás
Um ambulante senegalês levou um tiro de arma de choque na cabeça disparada por um policial militar durante uma operação contra o comércio irregular no Brás, no Centro de São Paulo, na tarde de quinta-feira (16).
O projétil o atingiu perto do olho. Na sexta, mais de 24 horas após o ocorrido, ele passou por uma cirurgia para remover o objeto.
Imagens feitas por quem estava ali na hora mostram o momento em que o PM aponta a arma. Após ser atingido pelo taser, o imigrante, que tem 31 anos, caiu duas vezes no chão. Um vídeo que circula nas redes sociais mostra ainda quando um outro policial o chuta em seguida.
👉 Com menor potencial ofensivo, o taser é um equipamento usado como alternativa às armas de fogo. Ele funciona de duas maneiras: encostando o cano da arma no corpo da pessoa ou disparando dois dardos no alvo. Fios conectados ao aparelho conduzem uma corrente elétrica. Nas duas situações, o alvo é imobilizado ao sentir dor ou fica paralisado ao receber uma descarga por alguns segundos.
Procurada, a Secretaria da Segurança Pública informou que a “Polícia Militar analisa as imagens” e, “constatada qualquer irregularidade, as medidas cabíveis serão adotadas”.
Questionada sobre a orientação para uso do taser, a secretaria informou que as “diretrizes recomendam que o policial mire em áreas grandes do corpo, como o tronco (exceto a região do coração), abdômen, coxas e pernas. O disparo na cabeça, pescoço, tórax superior ou áreas sensíveis é contraindicado devido aos maiores riscos de lesões”. (Leia a íntegra da nota ao final.)
Montagem com foto do ambulante com projétil de taser na cabeça e o momento em que ele cai após ser atingido por PM
Reprodução
Segundo o Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos, que fez a denúncia, o imigrante sequer estava expondo mercadorias no momento e frequentava o Brás, um dos pontos de comércio mais movimentados da cidade, para fazer compras. O senegalês mora em Guarujá, no litoral paulista.
Na mesma abordagem da PM, um ambulante haitiano de 26 anos também levou um tiro de arma de choque no momento em sua mercadoria era apreendida. O tiro o atingiu nas costas, ferindo a sua coluna. Ele chegou a ser levado a uma UPA e teve alta em seguida.
Um boletim de ocorrência foi registrado contra os dois imigrantes. O senegalês vai responder por lesão corporal e o haitiano, por desacato.
Para o Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos, o episódio evidencia, “mais uma vez, a intolerável brutalidade com que são tratados os ambulantes, principalmente imigrantes, pelos policiais em Operação Delegada”.
O que diz a Secretaria da Segurança
Abaixo, leia a íntegra da nota enviada pela Secretaria da Segurança Pública de São Paulo:
“A PM analisa as imagens citadas e, caso sejam constatados excessos no uso da força, serão adotadas as medidas cabíveis. A instituição reitera que não tolera comportamentos que desrespeitem os protocolos e aplica punições rigorosas aos agentes que descumprem as normas.
A Polícia Militar de São Paulo utiliza as armas de incapacitação neuromuscular como alternativa ao uso de armas de fogo. O objetivo é conter pessoas que apresentem risco iminente a terceiros, aos policiais ou a si mesmas. Essas armas, consideradas de menor potencial ofensivo, interferem nos sistemas nervoso motor e sensorial, incapacitando temporariamente o indivíduo. Os agentes são devidamente treinados para utilizar esses armamentos em situações específicas, como resistência ativa ou comportamento agressivo. As diretrizes recomendam que o policial mire em áreas grandes do corpo, como o tronco (exceto a região do coração), abdômen, coxas e pernas. O disparo na cabeça, pescoço, tórax superior ou áreas sensíveis é contraindicado devido aos maiores riscos de lesões.”
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