Ligações revelam desespero de pessoas que testemunharam o acidente com o avião da Voepass que matou 62 pessoas a bordo. Fantástico tem acesso a condomínio onde caiu avião e mostra como moradores enfrentaram a tragédia
Gravações de ligações às forças de segurança de Vinhedo (SP) revelam o desespero de moradores que testemunharam a queda do avião da Voepass que matou 58 passageiros e quatro tripulantes na sexta-feira (9), naquele que é o maior acidente aéreo do Brasil desde 2007.
Nos áudios obtidos pelo Fantástico é possível perceber o drama de moradores, assustados com a queda da aeronave em meio a casa em um residencial na cidade do interior paulista.
“Senhor, acabou de cair um avião aqui perto de casa. Só vejo fumaça preta que passa em cima da minha casa”, narra, com voz trêmula, uma moradora à Guarda Civil Municipal.
Em outra gravação, uma mulher mostra não ter certeza sobre o tipo da aeronave acidentada. “Oi, eu tô ligando porque acabou de cair um helicóptero, um avião, aqui no Jardim Florido”, diz.
Já um homem descreve o que estava fazendo no momento em que viu o avião despencando no céu da cidade. “Moça, eu tava aqui dispensando o motorista e eu vi o avião descendo.”
A advogada Nathalie Cicari, que mora a poucos metros do local da queda, conta que tentou ligar desesperadamente para os bombeiros.
“A linha nem atendia, eu acho que tava congestionada. Mas foi coisa de cinco, dez minutos, começou a chegar resgate, Corpo de Bombeiros, viaturas para apoiar.”
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Infográfico sobrepõe área de queda e revela ‘desenho’ de avião no quintal de casa em Vinhedo
Imagem feita por drone mostra trabalho das equipes de emergência em local da queda do avião da Voepass em Vinhedo (SP), em 10 de agosto de 2024.
Carla Carniel/ Reuters
Desenho da aeronave
Um infográfico que sobrepõe imagem do local da tragédia aérea revela como o impacto deixou “um desenho da aeronave” no quintal de uma residência.
É possível observar como a aeronave, que “caiu chapada”, ficou com a área da cabine mais preservada, enquanto da metade para a cauda a destruição, por conta do incêndio, foi maior.
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A aeronave caiu sem controle e girando no ar, mostram vídeos gravados do momento do acidente, num aparente estol.
A análise das caixas-pretas, que incluem o gravador de voz da voz e o gravador de dados, é fundamental para ajudar esclarecer o que ocorreu no voo 2283.
Cronologia da tragédia
Ainda não se sabe o que causou o acidente, mas a queda em espiral sugere a ocorrência de um estol — que acontece quando a aeronave perde a sustentação que lhe permite voar —, segundo especialistas.
O acúmulo de gelo foi uma das hipóteses levantadas por especialistas. Uma reportagem do g1 revelou também que o manual do ATR aponta risco de perda de sustentação e giro sob condição de gelo severo.
O que se sabe e o que falta saber sobre a maior tragédia aérea desde 2007
Tudo o que você precisa saber sobre a queda da aeronave em Vinhedo
O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) já extraiu todo o conteúdo das duas caixas-pretas da aeronave e prevê divulgar em 30 dias relatório preliminar sobre as causas da queda.
Os trabalhos no local da queda do avião da Voepass estão previstos para serem encerrados nesta segunda (12).
Veja, abaixo, da decolagem à queda, a cronologia do acidente da Voepass:
A aeronave decolou às 11h56 e o voo seguiu tranquilo até 13h20.
O avião subiu até atingir 5 mil metros de altitude às 12h23, e seguiu nessa altura até as 13h21, quando começou a perder altitude, segundo a plataforma Flightradar.
Nesse momento, a aeronave fez uma curva brusca.
De acordo com a Força Aérea Brasileira (FAB), a partir das 13h21 a aeronave não respondeu às chamadas do Controle de Aproximação de São Paulo, bem como não declarou emergência ou reportou estar sob condições meteorológicas adversas.
Às 13h22 – um minuto depois do horário do último registro – a altitude estava em 1.250 metros, uma queda de aproximadamente 4 mil metros.
A velocidade dessa queda foi de 440 km/h.
O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) informou que o ‘Salvaero’ foi acionado às 13h26 e encontrou a aeronave acidentada dentro de um condomínio.
Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o modelo que caiu em Vinhedo, ATR-72-500 da VOEPASS, é turboélice com 74 assentos. A aeronave é fabricada pela ATR, com sede na França, que é uma das maiores fabricantes de aviação do mundo. Ela estava com a documentação em dia e todos os tripulantes tinham habilitação válida.
De acordo com a fabricante, o ATR-72-500 pode voar com velocidade máxima de 511 km/h. O modelo tem 27 metros de comprimento e de envergadura, além de uma autonomia de voo de 1.324 quilômetros. O peso máximo que o avião pode carregar em serviço é de 7 mil quilos.
O avião tinha 14 anos de fabricação e era de um modelo conhecido no mundo da aviação por sua capacidade de operar em aeroportos de pista curta e de difícil acesso no Brasil e em outras partes do mundo, especialmente na Ásia, onde houve outros acidentes.
Ficha técnica do ATR-72-500 (segundo a fabricante):
Número de assentos: 74
Velocidade de cruzeiro: 511 km/h
Comprimento: 27 metros
Envergadura: 27 metros
Altura: 7,65 metros
Autonomia de voo: 1.324 km
Como era o avião que caiu em Vinhedo
Arte g1
O que diz a VOEPASS?
O CEO da Voepass Linhas Aéreas, Eduardo Busch, concedeu entrevista coletiva na noite de sexta e afirmou que os pilotos eram experientes e que os sistemas operacionais da aeronave estavam todos em funcionamento no momento da decolagem.
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Na sexta, a companhia aérea comunicou em nota que prioriza prestar irrestrita assistência às famílias das vítimas e colabora efetivamente com as autoridades para apuração das causas do acidente.
“A VOEPASS Linhas Aéreas informa que a aeronave PS-VPB, ATR-72, do voo 2283, decolou de CAC sem nenhuma restrição de voo, com todos os seus sistemas aptos para a realização da operação”.
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