‘Por dentro a gente está destruído’: relatos de quem trabalhou na tragédia aérea que matou 62 pessoas em Vinhedo


Secretário de Segurança da cidade ressaltou que qualquer um poderia ter sido uma vítima externa da tragédia uma vez que ‘aeronave praticamente despencou sobre a cidade’. Fantástico tem acesso a condomínio onde caiu avião e mostra como moradores enfrentaram a tragédia
“No momento a gente age profissionalmente, mas por dentro ali a gente está destruído”. O depoimento da subinspetora Soraia, guarda municipal de Vinhedo (SP), expressa o impacto da tragédia nas equipes que atuaram no resgate da queda do avião da Voepass que matou as 62 pessoas a bordo.
As cenas da aeronave despencando sem controle no céu no interior paulista faz o secretário de Segurança da cidade, Osmir Aparecido Cruz, ressaltar que qualquer um poderia ter sido uma vítima externa da aeronave, que caiu no quintal de uma casa em um residencial no bairro Capela.
“Ninguém está acostumado com um momento como esse. E principalmente de pensar que, qualquer um de nós poderia ser potencial vítima externa dessa aeronave. O avião praticamente despencou sobre a cidade”, disse.
Entre as equipes que atuaram no local logo após a queda, o tenente Maycon Paiva, comandante do Corpo de Bombeiros de Vinhedo, descreveu o cenário
“As chamas eram bem altas, a caloria era intensa, mas assim que nós iniciamos o combate e já conseguimos controlar parte da fumaça e dessa caloria também, nós já conseguimos verificar que havia um risco menor de isso se espalhar para demais residências”.
O comandante avaliou que por conta da ação imediata da corporação, a residência ao lado da queda foi muito preservada. ‘Vi a aeronave explodindo na garagem’, relatou o dono da casa.
“E a família no local, graças a Deus, também não foi vitimada pelo acidente”, enfatizou.
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Infográfico sobrepõe área de queda e revela ‘desenho’ de avião no quintal de casa em Vinhedo
Foto mostra local da queda em Vinhedo
Claudia Vitorino/ Arquivo pessoal
Desenho da aeronave
Um infográfico que sobrepõe imagem do local da tragédia aérea revela como o impacto deixou “um desenho da aeronave” no quintal de uma residência.
É possível observar como a aeronave, que “caiu chapada”, ficou com a área da cabine mais preservada, enquanto da metade para a cauda a destruição, por conta do incêndio, foi maior.
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A aeronave caiu sem controle e girando no ar, mostram vídeos gravados do momento do acidente, num aparente estol.
A análise das caixas-pretas, que incluem o gravador de voz da voz e o gravador de dados, é fundamental para ajudar esclarecer o que ocorreu no voo 2283.
Cronologia da tragédia
Ainda não se sabe o que causou o acidente, mas a queda em espiral sugere a ocorrência de um estol — que acontece quando a aeronave perde a sustentação que lhe permite voar —, segundo especialistas.
O acúmulo de gelo foi uma das hipóteses levantadas por especialistas. Uma reportagem do g1 revelou também que o manual do ATR aponta risco de perda de sustentação e giro sob condição de gelo severo.
O que se sabe e o que falta saber sobre a maior tragédia aérea desde 2007
Tudo o que você precisa saber sobre a queda da aeronave em Vinhedo
O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) já extraiu todo o conteúdo das duas caixas-pretas da aeronave e prevê divulgar em 30 dias relatório preliminar sobre as causas da queda.
Os trabalhos no local da queda do avião da Voepass estão previstos para serem encerrados nesta segunda (12).
Veja, abaixo, da decolagem à queda, a cronologia do acidente da Voepass:
A aeronave decolou às 11h56 e o voo seguiu tranquilo até 13h20.
O avião subiu até atingir 5 mil metros de altitude às 12h23, e seguiu nessa altura até as 13h21, quando começou a perder altitude, segundo a plataforma Flightradar.
Nesse momento, a aeronave fez uma curva brusca.
De acordo com a Força Aérea Brasileira (FAB), a partir das 13h21 a aeronave não respondeu às chamadas do Controle de Aproximação de São Paulo, bem como não declarou emergência ou reportou estar sob condições meteorológicas adversas.
Às 13h22 – um minuto depois do horário do último registro – a altitude estava em 1.250 metros, uma queda de aproximadamente 4 mil metros.
A velocidade dessa queda foi de 440 km/h.
O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) informou que o ‘Salvaero’ foi acionado às 13h26 e encontrou a aeronave acidentada dentro de um condomínio.
Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o modelo que caiu em Vinhedo, ATR-72-500 da VOEPASS, é turboélice com 74 assentos. A aeronave é fabricada pela ATR, com sede na França, que é uma das maiores fabricantes de aviação do mundo. Ela estava com a documentação em dia e todos os tripulantes tinham habilitação válida.
De acordo com a fabricante, o ATR-72-500 pode voar com velocidade máxima de 511 km/h. O modelo tem 27 metros de comprimento e de envergadura, além de uma autonomia de voo de 1.324 quilômetros. O peso máximo que o avião pode carregar em serviço é de 7 mil quilos.
O avião tinha 14 anos de fabricação e era de um modelo conhecido no mundo da aviação por sua capacidade de operar em aeroportos de pista curta e de difícil acesso no Brasil e em outras partes do mundo, especialmente na Ásia, onde houve outros acidentes.
Ficha técnica do ATR-72-500 (segundo a fabricante):
Número de assentos: 74
Velocidade de cruzeiro: 511 km/h
Comprimento: 27 metros
Envergadura: 27 metros
Altura: 7,65 metros
Autonomia de voo: 1.324 km
Como era o avião que caiu em Vinhedo
Arte g1
O que diz a VOEPASS?
O CEO da Voepass Linhas Aéreas, Eduardo Busch, concedeu entrevista coletiva na noite de sexta e afirmou que os pilotos eram experientes e que os sistemas operacionais da aeronave estavam todos em funcionamento no momento da decolagem.
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Também na sexta, a companhia aérea comunicou em nota que prioriza prestar irrestrita assistência às famílias das vítimas e colabora efetivamente com as autoridades para apuração das causas do acidente.
“A VOEPASS Linhas Aéreas informa que a aeronave PS-VPB, ATR-72, do voo 2283, decolou de CAC sem nenhuma restrição de voo, com todos os seus sistemas aptos para a realização da operação”.
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