De acordo com testemunhas, o ex-militar da Aeronáutica Gustavo Danilo Pereira de Souza, de 30 anos, tinha desavenças com um ex-amigo, que foi preso pelo crime. Presidente de torcida organizada é assassinado em Anchieta
“Não me deixa morrer, não estou conseguindo respirar. Fala com o meu filho que eu amo muito ele”.
Essas foram as últimas palavras do ex-militar da Aeronáutica Gustavo Danilo Pereira de Souza, de 30 anos, assassinado a facadas no final da madrugada de sábado (11) em Anchieta, na Zona Norte do Rio. Um homem confessou o crime e foi preso na tarde deste domingo (12).
Ao g1, a mãe Gustavo, a corretora de seguros aposentada Ana Paula Pereira de Souza, contou que viu o momento que o filho único era esfaqueado pelo ex-amigo, identificado como Júlio César da Silva Nascimento Júnior, de 42.
Ambos eram amigos havia 17 anos. No entanto, a relação estava estremecida há pelo menos 3 anos.
“[Horas antes de ele matar o meu filho], ele veio aqui em casa, na madrugada de sábado, e chamou pelo meu esposo. Acordamos assustados e fomos ver o que era. O Júlio falou que mataria o meu filho. Eu perguntei por que ele faria aquilo e ele continuou falando que mataria, porque o meu filho tinha falado algo que ele não gostou”, lembra Ana Paula.
“O Gustavo estava numa casa de shows bebendo com amigos. Eu saí de casa e fui lá buscá-lo. Ele veio, e um amigo veio atrás. Contei o que tinha acontecido e ele entrou no carro com esse amigo e foram até a casa do Júlio”.
Segundo a corretora de seguros, ela e o marido foram atrás e quando chegaram ao local, viram o ex-cabo da Aeronáutica sendo atacado.
Gustavo, a mãe e o filho de 4 anos
Arquivo pessoal
“Infelizmente, eu vi o meu filho sendo morto. Eu não tiro essa cena da minha cabeça. Ele saiu de dentro de casa já esfaqueando o meu filho. Ele caiu, jorrando sangue, e o Júlio em cima dele dando mais facadas. Meu marido foi para cima, para tirá-lo, e meu filho pedindo para não morrer. Ele dizia que amava muito o filho e que não queria morrer”, conta chorando a mãe de Gustavo.
Segundo amigos do torcedor, o assassino é fundador de outra organizada e tinha desavenças com Gustavo. Por sua vez, a vítima presidia a NiloFlu de Anchieta. Nas redes sociais, a torcida organizada lamentou a morte do militar.
Durante a madrugada de domingo, a Justiça do Rio expediu um mandado de prisão temporária contra Júlio.
Na tarde deste domingo, a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) prendeu Júlio César em Sepetiba, na Zona Oeste. Ele estava escondido na casa de uma tia. O homem disse que matou o ex-amigo porque ele tentou invadir sua casa.
Júlio César da Silva foi preso em Sepetiba
Divulgação
Gustavo foi velado e enterrado no domingo no Cemitério Ricardo de Albuquerque, na Zona Norte. Além da mulher, ele deixa um filho de 4 anos.
Procurada, a Polícia Militar disse que não foi acionada para o crime.
Agora, a família de Gustavo só pede justiça.
“Eles eram amigos, eu não entendo essa brutalidade. Fui lá na casa da mãe do Júlio, que me pediu desculpas e falou que agora duas famílias estão destruídas. Eu só peço que ele pague pelo que fez com o meu filho. Que ele fique na cadeia para cumprir o que a Justiça determinar”, disse a mãe de Gustavo.