Vigilância sanitária de Guarujá, SP, acredita que ‘pico’ da virose já foi superado


Prefeitura notificou a Sabesp sobre a possibilidade de vazamentos e ligações clandestinas de esgoto na região da Enseada. Segundo coordenador da vigilância sanitária, reforço nos atendimentos ajudou a superar surto. Além dos casos de virose, Guarujá registra vazamento de esgoto para o mar
O coordenador da Vigilância Sanitária de Guarujá, no litoral de São Paulo, acredita que o pico da virose que atingiu a cidade já foi superado. De acordo com Marco Chacon, em nota divulgada pela prefeitura, o reforço nos atendimentos na área da saúde surtiu efeito positivo.
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As viroses geralmente afetam o trato gastrointestinal [sistema digestivo], provocando sintomas como diarreia, náuseas, vômitos, cólicas e febre. A duração pode variar de um dia a uma semana, e a desidratação pode ser classificada como leve, moderada ou severa.
Na cidade de Guarujá, por exemplo, várias pessoas se dirigiram às unidades de saúde relatando o problema entre o fim do ano e o início de janeiro. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, no sábado (4) o tempo de espera nas unidades de atendimento voltou praticamente ao normal.
Se no dia 1º os pacientes tiveram que esperar até 4 horas na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Enseada, o tempo caiu para 1h20 em média no sábado. Já no Pronto Socorro Dr. Matheus Santamaria, popularmente conhecido como PAM da Rodoviária, passou de 2h40 para 40 minutos.
Ano Novo na praia tem surto de virose e orientações médicas para controlar os sintomas
‘Onda’
De acordo com o Chacon, o reforço da estrutura municipal com mais médicos, enfermeiros e estações para aplicação de soro deu resultado. Com isso, teria sido possível superar a situação que lotou postos de saúde nos primeiros dias de 2025.
“Hoje, as salas de emergência e soroterapia dos Prontos Socorros (PSs) estão vazias, não há mais filas e as Unidades de Saúde da Família apresentam fluxo de pessoas dentro da normalidade”, afirmou, em nota enviada pela prefeitura.
As unidades de Saúde da Família dos bairros Jardim dos Pássaros, Vila Rã e Cidade Atlântica, que faziam apenas atendimento eletivo das 7h às 17h, continuam abertas até as 22 horas sem a necessidade de agendamento de consultas.
O atendimento em horário estendido segue até este domingo (5), mas poderá ser ampliado. “Trata-se de uma onda, que ao que parece já deixou o Guarujá”, afirmou Chacon.
Análises
Vazamento de esgoto na Praia da Enseada, em Guarujá (SP)
Reprodução/TV Tribuna
No último sábado (4), a prefeitura informou ter notificado a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) sobre a possibilidade de vazamentos e ligações clandestinas de esgoto na região da Enseada, que poderiam ser a causa do aumento dos casos de virose na cidade.
No dia anterior, a Sabesp já havia confirmado que houve um vazamento de esgoto na direção da rua Chile, na Enseada, em Guarujá. A companhia enviou equipes para o local e elas tomaram medidas operacionais e técnicas, interrompendo a situação. “As áreas afetadas receberam serviços de higienização”, informou.
Além de aguardar resposta da Sabesp sobre a possível irregularidade dos vazamentos e ligações clandestinas, a prefeitura informou ter enviado amostras de água de abastecimento, coletadas em pontos estratégicos da cidade, para o Instituto Adolfo Lutz. Ela busca tentar esclarecer a origem dos casos de gastroenterite aguda, que causa inflamações no estômago e intestino.
“Queremos descobrir a origem da virose, que começou ainda antes do Natal, e só os laudos trarão essa resposta. A onda de infecção agora migrou para as cidades vizinhas, o que é muito comum em casos de viroses causadas, provavelmente, por Norovírus, transmitidos por água contaminada”, disse Chacon.
Pedágio na Rodovia Imigrantes sentido litoral
Ecovias/Divulgação
Por meio de nota ao g1, a Sabesp informou que equipes atuaram rapidamente para regularizar o funcionamento da rede de esgoto também em Itanhaém, onde houve denúncias de vazamento.
A equipe de reportagem entrou em contato com a Sabesp novamente, na manhã deste domingo (5), e aguarda retorno com mais informações.
Virose
Ao g1, o infectologista Leandro Curi explicou que vírus são transmitidos pelo ar, pela água ou alimentos contaminados. A água, por exemplo, é um local propício para esses agentes infecciosos por ser de fácil acesso ao ser humano. “Pode estar na água do rio, do mar, na água que a gente bebe”, disse ele.
Praia de Santos (SP) na manhã deste sábado (4)
Matheus Muller/g1 Santos
Ele ressaltou que o termo “virose” é utilizado popularmente para designar várias doenças, mas define somente as causadas por vírus.
Segundo o especialista, é comum que doenças causadas por bactérias apareçam no esgoto. Um exemplo é a cólera, tipo de gastroenterite bacteriana. Assim como elas, os vírus também podem estar presentes nesse ambiente.
Curi explicou que, no caso dos sintomas que têm sido observados na Baixada Santista, é menos provável que o vírus esteja contaminando pelo contato com a pele. “A gente acredita que seja mais da ingesta dessa água ou no uso dessa água para higienização de alimentos ou hidratação direta”, disse.
Atendimento
UPA Rodoviária em Guarujá (SP) ficou lotada com casos de virose
Reprodução/TV Tribuna
Desde dezembro o crescimento das ocorrências na região tem sobrecarregado as unidades de saúde, que estão lotadas, e as farmácias, que enfrentam escassez de medicamentos para tratar os sintomas.
A Sabesp afirmou que as fortes chuvas podem sobrecarregar o sistema, já que ele não foi projetado para a entrada de água pluvial. “A Sabesp informa que monitora o sistema de esgotamento sanitário da Baixada Santista, com equipes mobilizadas para manter sua plena operação”, destacou.
Números
Confira abaixo dados que reforçam a alta de casos de virose entre os dias 1º e 31 de dezembro nas cidades da Baixada Santista. as informações foram enviadas ao g1 pelas prefeituras da cidade.
Bertioga: O Hospital Municipal da cidade registrou 300 casos de virose;
Cubatão: Em janeiro, a cidade registrou 184 atendimentos nas unidade de saúde. A prefeitura não divulgou os dados de dezembro.
Guarujá: Foram 2.064 atendimentos nas unidades de Pronto Atendimento, sendo que o município registrou 1.457 em novembro;
Itanhaém: Foram registrados 790 casos.
Mongaguá: Houve um aumento de 10% no Pronto-Socorro Central e 15% no Hospital da cidade. A prefeitura não informou o número de casos;
Peruíbe: A administração municipal não informou a quantidade de notificações de virose, mas afirmou que não teve um aumento;
Praia Grande: A prefeitura informou que as unidades de saúde estão realizando atendimentos de pacientes com virose com maior frequência nos primeiros dias no ano. Mas, de acordo com a administração municipal, não foi necessário contabilizar os casos porque a cidade não está em cenário de surto.
Santos: Teve 2.264 atendimentos nas três UPAs em dezembro. Nos primeiros dias do ano, já foram 273.
São Vicente: Foram registrados 1.754 casos. Em novembro, tiveram 1.657. A prefeitura disse que não teve superlotação e falta de analgésicos e antitérmicos nas farmácias da cidade.
As prefeituras de Guarujá, Santos, Bertioga, Mongaguá e Peruíbe explicaram que as notificações de viroses não são obrigatórias para o Ministério da Saúde. Por isso, o levantamento foi feito com base no número de atendimentos relacionados à doença nas unidades de saúde dos municípios. A administração do município de Itanhaém não respondeu sobre o vazamento na praia.
Como prevenir?
Casos de virose aumentaram na região
Reprodução/EPTV
O governo estadual divulgou medidas preventivas a serem adotadas para evitar a Doença de Transmissão Alimentar (DTA) no verão, quando há grande concentração de turistas por conta das festas de fim de ano e férias escolares. Veja:
Evite alimentos mal cozidos;
Mantenha os alimentos bem refrigerados, com atenção especial às temperaturas dos refrigeradores e geladeiras dos supermercados onde os alimentos ficam acondicionados;
Leve seus próprios lanches durante passeios ao ar livre;
Observe bem a higiene de lanchonetes e quiosques;
Lave as mãos antes de se alimentar;
Tenha atenção redobrada com comidas em self-service;
Beba sempre água filtrada;
Não consuma gelo, “raspadinhas”, “sacolés”, sucos e água mineral de procedência desconhecida.
Também é importante prestar atenção à balneabilidade das praias – que define se o mar está próprio ou não para o banho. O boletim divulgado na quinta-feira (2) indica que, das 175 praias monitoradas no litoral, 38 apresentam condição imprópria. Confira no site da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb).
De acordo com o médico infectologista Evaldo Stanislau, os moradores em geral não devem entrar em pânico porque a virose tende a passar sozinha em alguns dias.
Veja orientações, de acordo com Stanislau:
Se estiver enjoado ou vomitando, tome o remédio para vômito
Como o remédio é via oral, é possível que também o vomite e ele acabe não funcionando. Se esse for o caso, existem remédios colocados embaixo da língua que são rapidamente absorvidos
Caso esteja vomitando, o paciente deve primeiro tratar esse sintoma. Se não estiver, se tiver controlado o vômito ou esteja apenas com diarreia, deve passar à hidratação do organismo.
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