Relatório da PF: aliados de Bolsonaro tentaram de acessar delação de Mauro Cid

Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)Agência Brasil

O relatório da Polícia Federal (PF), tornado público nesta terça-feira (26) por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), revela esforços dos indiciados no chamado “inquérito do golpe” em obter informações sigilosas sobre a delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).  

A investigação posiciona Bolsonaro como figura central no esquema que buscava instaurar um golpe de Estado no Brasil. Documentos encontrados na mesa do coronel Flávio Botelho Peregrino, assessor do general Braga Netto, sugerem tentativas de obter detalhes do conteúdo da delação de Cid, expondo a preocupação com o que teria sido revelado às autoridades.  

“Minuta do 142”  

Segundo a PF, os documentos incluíam perguntas e respostas possivelmente relacionadas à colaboração de Cid. Um dos tópicos era a chamada “Minuta do 142”, um rascunho de decreto para instaurar estado de exceção no país.  

“O contexto do referido documento confirma que o grupo criminoso praticou atos concretos para ter acesso ao conteúdo do Acordo de colaboração firmado por MAURO CESAR CID com a Polícia Federal. Ademais, cabe ressaltar que o documento estava na mesa do coronel PEREGRINO, assessor do general BRAGA NETTO, figura central nos atos que tinham o objetivo de subverter o regime democrático no Brasil logo, pessoa interessada em saber o conteúdo do que fora revelado pelo colaborador”, afirma o relatório.  

A PF também destacou a apreensão do grupo em relação às ações de Braga Netto, evidenciando que perguntas específicas podem ter sido direcionadas a Cid sobre a possível menção ao general na delação.  

Outra revelação do relatório é que, logo após a homologação do acordo de delação, os pais de Mauro Cid teriam procurado os generais Braga Netto e Augusto Heleno para negar as informações que haviam sido divulgadas pela imprensa. Segundo a PF, esse contato reforça o interesse do grupo em monitorar o conteúdo da delação.  

Em um dos documentos analisados, havia respostas atribuídas a Mauro Cid que, segundo a PF, podem ter sido escritas pelo próprio delator. Entre os questionamentos, estava o envolvimento de Braga Netto na trama golpista e detalhes sobre as “reuniões”.  

Relatório da PF indica que indiciados tentaram obter informações da delação premiada de Mauro Cidreprodução/PF

A PF destacou uma resposta específica: “Eu não entrava nas reuniões. Só colocava o pessoal para dentro”. Além disso, há um trecho que menciona considerações pessoais de Cid, onde ele relata que “Perguntaram muito do Gen. Mario”, referindo-se ao general Mário Fernandes, também investigado.  

Em outro momento, Cid teria defendido Braga Netto: “GBN (General Braga Netto) não é golpista, estava em pensamento democrático de transparência das urnas”.  

As investigações seguem apontando conexões entre os envolvidos na tentativa de golpe e os esforços para proteger os integrantes mais destacados do esquema, como Braga Netto e Augusto Heleno. A exposição desses documentos amplia a gravidade das acusações contra o grupo.  

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