Duas em cada 10 mulheres já sofreram ameaça de morte de parceiros no Brasil

Duas a cada dez — cerca de 21% — das mulheres brasileiras já foram ameaçadas de morte por parceiros atuais ou ex-parceiros românticos e seis em cada dez conhecem alguma que vivenciou essa situação. Os números foram divulgados nesta segunda-feira (25) na pesquisa Medo, ameaça e risco: percepções e vivências das mulheres sobre violência doméstica e feminicídio.

mulheres vítimas de ameaças no Brasil; foto mostra mulher cobrindo rosto com a mão aberta como se tentasse se defender

Embora 44% das vítimas tenham ficado com muito medo, apenas 30% delas prestaram queixa à polícia – Foto: Reprodução/ND

A pesquisa foi realizada pelo Instituto Patrícia Galvão e pela empresa Consulting do Brasil. As informações foram divulgadas pela Agência Brasil.

Conforme o levantamento, a maioria das mulheres que relataram ter sofrido ameaçadas do tipo de parceiros românticos são mulheres negras e pardas. A pesquisa aponta que seis em cada dez mulheres ameaçadas romperam com o agressor após a intimidação. Essa decisão foi mais comum entre as vítimas negras do que entre as brancas.

Quase todas as respondentes da pesquisa, 89%, atribuem ao ciúme e à possessividade do agressor as causas por trás do feminicídio, quando envolve atuais ou ex-parceiros das vítimas.

Maioria das mulheres não presta queixa à polícia e acredita que justiça não será feita com denúncia

Embora 44% das vítimas tenham ficado com muito medo, apenas 30% delas prestaram queixa à polícia e 17% pediram medida protetiva, mecanismo que pode determinar que o agressor fique longe da vítima e impedido de ter contato com ela.

Em paralelo, duas em cada três mulheres acreditam que os agressores de mulheres permanecem impunes e o de que um quinto apenas acha que acabam na prisão. Para a maioria das brasileiras (60%), a sensação de que os agressores não pagam pelo mal que fazem tem relação com o aumento dos casos de feminicídio.

No questionário online, respondido, em outubro deste ano, por 1.353 maiores de idade, 42% das participantes concordaram com a afirmação de que as ameaçadas de morte imaginam que os agressores jamais vão colocar em prática o que prometem, ou seja, acham que a ameaça não representa um risco real de serem assassinadas por eles.

Ao mesmo tempo, há, no país, um contingente de 80% de mulheres avaliando que, embora a rede de atendimento às mulheres seja boa, não dá conta da demanda. Em relação a formas de enfrentamento à violência, proporção idêntica destaca as campanhas de estímulo a denúncias e as redes sociais como ferramentas poderosas.

Uma parcela significativa, também de 80%, pensa que nem a Justiça, nem as autoridades policiais encaram as ameaças e denúncias formalizadas com a seriedade devida. Também são maioria (90%) as respondentes com a opinião de que as ocorrências de feminicídio aumentaram nos últimos cinco anos.

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