Em depoimento, Thiago Maranhão alegou que ‘sempre utilizou a diversidade cultural do país como tema para danças’. Polícia quer saber se argentina filmada imitando macaco em roda de samba ainda está no Brasil
A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) indiciou por racismo o professor Thiago Martins Maranhão, de 41 anos, e a argentina Carolina de Palma, filmados imitando macacos durante uma roda de samba no Centro do Rio de Janeiro.
“Concluímos que houve uma discriminação racial no evento. Entendemos que, historicamente, o local é frequentado por pessoas que são discriminadas ao longo do tempo. E a dança imitando macaco, na verdade, remete a todo um racismo que é histórico, em uma comparação que é feita entre animais e pessoas negras, no sentido de desumanizar a pessoa imitando macaco”, ressaltou a delegada Rita Salim, titular da Decradi.
Thiago mora em São Paulo e estava no Rio para participar de um fórum de educação musical. Em depoimento, Thiago alegou que ele e Carolina “imitaram vários bichos, entre eles, caranguejo, pássaros, elefante e macaco, além de uma árvore”.
Carolina também deu um argumento semelhante através da sua defesa. Os advogados disseram que a dança realizada por ela “não tinha sentido discriminatório, tendo sido inclusive imitado movimentos de outros animais durante a dança, tais como pássaros e caranguejos”.
Thiago disse que conhecia Carolina de Palma desde 2023, quando ambos fizeram um curso de música e movimento em São Francisco, na Califórnia.
Ele afirmou que, no dia 19 de julho, saiu de São Paulo e foi ao Rio para encontrar amigos, que participavam do Fórum Latino-americano de Educação Musical (Fladem). Eles teriam combinado de encontrá-lo na roda de samba Pede Teresa, por volta das 22h30.
Lá, Thiago disse que encontrou 4 professores, incluindo Carolina. Ele relatou que junto da argentina, “começou a realizar as danças criativas desse curso, do começo ao fim do evento, as quais consistiam em um imitar o outro, explorar danças juntos, além de danças folclóricas”.
Polícia do RJ investiga casal filmado imitando macacos em roda de samba em Santa Teresa, região central do Rio de Janeiro
Reprodução
Thiago afirmou que “durante a dança criativa, imitaram vários bichos, e que não foram interrompidos ou abordados por ninguém durante todas as danças”.
Segundo o professor, eles só pararam de dançar por volta das 2h [do sábado, 20 de julho], quando “perceberam que o celular de uma amiga havia sido furtado da bolsa”. Em seguida, após falarem com os seguranças, foram embora.
Thiago afirmou que na manhã do sábado entrou no perfil da roda de samba e “viu o vídeo recortado, que apenas mostrava o momento em que imitavam um macaco e uma árvore”.
Ainda de acordo com Thiago, a jornalista Jackeline Oliveira — que fez as imagens — agiu de “forma leviana e mentirosa, como se fosse um ato de racismo, tão somente divulgou imagens de uma mínima dança”.
Thiago Martins Maranhão, 41 anos, é carioca e vive em São Paulo, onde dá aulas de música.
Reprodução/TV Globo