No G20, Lula fala em ‘responsabilidade climática’: ‘Mesmo que não caminhemos na mesma velocidade, todos podem dar um passo a mais’

Presidente brasileiro comandará debate sobre desenvolvimento sustentável e vai encerrar a cúpula. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) abriu nesta terça-feira (19) a 3ª sessão da Cúpula de Líderes do G20, o bloco internacional formado pelas 19 principais economias do mundo, mais a União Europeia e a União Africana. O tema é o desenvolvimento sustentável.
“Nossa bússola continua sendo os princípios das responsabilidades comuns, esse é o imperativo da responsabilidade climática. Aos membros desenvolvidos do G20, proponho que antecipem suas metas de neutralidade climática de 2050 para 2040”, discursou.
“Mesmo que não caminhemos na mesma velocidade, todos podem dar um passo a mais.”
“O G20 é responsável por 80% das emissões de gases que provocam o efeito-estufa. Por reconhecer o papel crucial do G20, a presidência brasileira lançou a força-tarefa para a mobilização global contra a mudança do clima. Reunimos, pela primeira vez, ministro de finanças, meio ambiente, clima, relações exteriores e presidentes para discutir como enfrentar o desafio climático”, prosseguiu.
“Na luta pela sobrevivência, não há espaço para o negacionismo e a desinformação.”

Depois, Lula comanda a sessão de encerramento e realiza a transmissão da presidência do G20 para a África do Sul.
O 1º dia do G20
‘O mundo está pior’, diz Lula durante abertura da Cúpula do G20
Na segunda-feira (18), na abertura da Cúpula de Líderes, Lula criticou o dinheiro gasto em guerras em detrimento ao combate à fome, um dos temas centrais propostos pelo governo brasileiro.
“É muito importante o que vamos decidir aqui, e eu tenho certeza de que se assumirmos a responsabilidade no combate à pobreza, podemos ter sucesso em pouco tempo”, declarou.
“Constato com tristeza que o mundo está pior: temos o maior número de conflitos armados desde a 2ª Guerra Mundial e a maior quantidade de deslocamentos forçados já registrada.”
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Depois, na reunião sobre a governança global, o presidente criticou as invasões da Faixa de Gaza e da Ucrânia e atacou sanções unilaterais impostas a países. Ele não citou especificamente as sanções lideradas pelos Estados Unidos contra a Rússia.
Lula também disse que as desigualdades econômicas geradas, segundo ele, pelo neoliberalismo, causaram o ódio e às ameaças à democracia.
“Não é surpresa que a desigualdade fomente o ódio, extremismo e violência. Nem que a democracia esteja sob ameaça. A globalização neoliberal fracassou. Em meio às crescentes turbulências, a comunidade internacional parece resignada a navegar sem rumo por disputadas hegemônicas.
Permanecemos à deriva, como se arrastados por uma torrente que nos empurra para uma tragédia. Mas o confronto não é uma fatalidade. Negar isso é abrir mão de nossa responsabilidade”, afirmou Lula em meio a líderes das principais economias do mundo.
Lula defendeu a taxação de operações financeiras de super-ricos, uma medida defendida por ele para financiar iniciativas de aumento da igualdade econômica no mundo.
“Uma taxação de 2% sobre o patrimônio de indivíduos super-ricos poderia gerar recursos da ordem de US$ 250 bilhões por ano para serem investidos no enfrentamento dos desafios sociais e ambientais do nosso tempo”, afirmou.
Em seguida, o presidente brasileiro abordou as guerras em curso no mundo. Lula condenou a invasão da Rússia ao território da Ucrânia e de Israel à Faixa de Gaza.
“Do Iraque à Ucrânia, da Bósnia à Gaza, consolida-se a percepção de que nem todo território merece ter sua integridade respeitada e nem toda vida tem o mesmo valor. Intervenções desastrosas subverteram a ordem no Afeganistão e na Líbia. A indiferença relegou o Sudão e o Haiti ao esquecimento. Sanções unilaterais produzem sofrimento a atingem os mais vulneráveis”, argumentou Lula.
A diplomacia brasileira defende mudanças em fóruns e organizações internacionais, como o Conselho de Segurança da ONU, para que mais nações tenham voz e influência.
No domingo (17), o secretário-geral da ONU, António Guterres, defendeu a modernização das estruturas de governança global e disse que a composição atual do Conselho de Segurança, em que somente 5 países têm poder de veto, reflete um mundo antigo.
“As ameaças que enfrentamos hoje são interconectadas e internacionais. Mas as instituições globais de resolução de problemas precisam desesperadamente de uma atualização, não menos importante o Conselho de Segurança, que reflete o mundo de 80 anos atrás”, disse.
Ele falou também sobre a necessidade de ajudar nações mais pobres a enfrentar os efeitos da crise do clima.
“Países vulneráveis enfrentam enormes desafios e obstáculos que não são de sua responsabilidade. Eles não estão recebendo o nível de apoio que precisam de uma arquitetura financeira internacional que está desatualizada, ineficaz e injusta.”

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