Surfista de São Sebastião, no Litoral Norte de SP, conquistou a medalha de bronze nos jogos. Medina nas Olimpíadas de Paris
William Lucas/COB
Após conquistar a medalha de bronze nas Olimpíadas de Paris, o surfista Gabriel Medina está de volta a São Sebastião, cidade no Litoral Norte de São Paulo onde nasceu.
Em casa, ele deu uma entrevista ao vivo na manhã desta quarta-feira (14) para o programa Encontro Com Patrícia Poeta, da TV Globo, e afirmou que subir ao pódio nos Jogos Olímpicos deste ano era um grande sonho, principalmente após ter ficado no quarto lugar – e sem medalha – nas Olimpíadas de Tóquio, em 2021.
“Em Tóquio eu também disputei a medalha de bronze e acabei perdendo. Então dessa vez eu não queria deixar passar. Eu dei tudo de mim, arrisquei manobras”, disse Medina.
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Gabriel Medina
Reprodução/Encontro
O surfista afirmou também que a conquista é fruto de uma longa preparação, que começou após as Olimpíadas de Tóquio. Apesar da expectativa pelo ouro, Gabriel Medina ficou satisfeito com o resultado, até porque se destacou de outras maneiras.
Ele teve a maior nota da história do surfe nos Jogos Olímpicos – um 9.90 nas oitavas de final – e rodou o mundo com uma foto que entrou para a história da modalidade.
“Essa medalha significa muito para mim. Eu esperei vários anos me preparando por esse momento, que finalmente chegou. As Olimpíadas acontecem de quatro em quatro anos, então era algo que não saía da minha cabeça. Eu queria muito essa medalha, sonhei muito com ela. Ter conseguido ela foi um sonho, ainda mais do jeito que foi. Independente da cor da medalha eu me sinto vitorioso, porque aconteceram muitas coisas boas nesse campeonato. Eu não esperava que uma foto minha surfando atingisse tanta gente”, comemora.
O surfe das Olimpíadas de Paris aconteceram em Teahupo’o, no Taiti.
Gabriel Medina recebeu nota 9.9 por sua onda no Taiti.
Jerome Brouillet/AFP/Via BBC
‘Revanche’ contra japonês
Nas oitavas de final do surfe masculino das Olimpíadas de Paris, Medina venceu o japonês Kanoa Igarashi, que havia eliminado o brasileiro na edição anterior dos Jogos Olímpicos, em Tóquio, com direito a polêmicas.
Na ocasião, Medina reclamou das notas datas pelos juízes na bateria e o japonês brincou com a situação, dando uma provocada no adversário e nos brasileiros de forma geral.
Por conta disso, a vitória de Gabriel Medina sofre Kanoa Igarashi neste ano teve clima de revanche.
“Foi muito difícil aceitar Tóquio, ainda mais sabendo que eu só teria a próxima chance depois de quatro anos. Eu reencontrei ele e graças a Deus dessa vez saí vitorioso, naquele dia da nota quase perfeita. Eu mantive minha fé e treinei bastante, porque sei que Deus vai recompensar. A fé foi grande.”
Medina durante um “tubo” em onda no Taiti
Jerome Brouillet/AFP/Via BBC
Apesar disso, Gabriel Medina disse também durante a entrevista que conversou com o japonês após a vitória nos Jogos de Paris e que os dois se respeitam.
“Foi engraçado. Quando eu saí da bateria vi que a foto repercutiu e falaram do japonês, porque ele tinha zoado o Brasil (no surfe das Olimpíadas de Tóquio). E dessa vez, quando ganhei dele, não perdoaram. Mas a gente viaja todo ano para o circuito mundial e se respeita muito. Então acabando ali eu falei: ‘Kanoa, valeu, parabéns’. Ele falou: ‘valeu pela bateria, te respeito’. Entre nós está tranquilo. É que ele foi mexer com o nosso país, então o pessoal pegou pesado.”
Mar com poucas ondas na semi
Gabriel Medina foi eliminado das Olimpíadas de Paris na semifinal. O surfista sofreu com um mar com poucas ondas em sua bateria e foi derrotado pelo australiano Jack Robinson.
“É difícil aceitar não ter uma oportunidade. Faltava uma onda, não era uma nota alta, mas o mar tem dessas. Eu dei meu melhor e estava preparado para aquele momento. Tenho que aceitar e seguir. Eu sempre trabalhei muito e tive fé nas minhas coisas. Foi algo que eu não tinha controle. Eu prefiro não gastar energia com isso. É a natureza. Mas de forma geral eu fiquei muito feliz porque a galera torceu bastante. Eu recebi muito carinho. Cheguei em Paris depois do Taiti e tinha um monte de brasileiro. Todo mundo sentiu a minha derrota também, mas acontece. Espero que da próxima vez tenha mais onda.”
Medina ganha medalha de bronze nas Olimpíadas
Ben Thouard / POOL / AFP
Pausa para cuidar da saúde mensal
Durante o ciclo olímpico, no início de 2022, Medina anunciou uma pausa nas competições de surfe para cuidar da saúde mental. De acordo com o surfista, esse período foi importante para voltar mais forte.
“Para mim foi muito importante, porque é muito intensa a vida do atleta. A gente tem que lidar com muita coisa. Nem sempre a gente vence. São muitas derrotas, passa por viagem, fica longe da família. Eu passei por um bocado de coisas, então foi fundamental. Parei um ano de competir e voltei mais forte. Nunca tive um psicólogo. Foi a primeira vez que eu comecei um trabalho e inclusive indico para todas as pessoas que podem ter alguém para ajudar. É super importante e faz bem. Eu voltei mais feliz, gostando de surfar. Tenho família e amigos do meu lado. Não tem coisa melhor do que se sentir bem. Tem que se cuidar. Às vezes a gente não percebe o quão importante é estar se comunicando com que você confia, estar positivo no dia a dia, não deixar a tristeza te abalar. Todo mundo tem problemas, passar por dificuldades. A gente está aí para aprender e evoluir. Fico feliz com minha evolução e em entender mais tudo o que eu vivo.”
Medina nas Olimpíadas de Paris
Carlos Barria/Reuters
Apoio do padrasto
Neste ano, o padrasto de Gabriel Medina, Charles Saldanha, o Charlão, viajou ao Taiti para acompanhar o surfista, o que o ajudou na preparação para os jogos.
“Foi muito legal, principalmente depois de uns anos que a gente não viajou mais junto. Eu queria muito essa medalha para ele, porque ele sempre foi um ‘paizão’ para mim. A gente começou o surfe juntos lá atrás, então é uma vida inteira. Fazem 13 anos que eu estou no circuito mundial. Ela me acompanhou na maioria do tempo e foi muito especial para mim ter a medalha, ter ele do meu lado. Para mim é o que faz sentido surfar e me esforçar. Foi assim que a gente. Foi assim que a gente começou, então tem um significado a mais ter ele do lado”, afirmou Medina.
“Eu só agradeci ele. Falei: ‘obrigado por tudo, ainda mais depois de tudo, não tenho nem palavras, essa medalha é sua’. Só agradeci mesmo. Graças a Deus a gente está aqui hoje. Eu sonhei com esse momento de pegar uma medalha, comemorar com ele, colocar a medalha nele, e eu consegui fazer isso. Eu fico feliz. Como eu falei foram anos pensando e quando você consegue é muito gratificante. É muito orgulho. Fico feliz pelo trabalho que fiz até aqui.”
Medina nas Olimpíadas de Paris
Carlos Barria/Reuters
Mensagem da irmã
No fim do programa, Gabriel Medina assistiu vídeos em que os irmãos mais novos Felipe e Sofia dedicaram mensagens de carinho a ele. O surfista afirmou que o apoio da família foi essencial na conquista da medalha de bronze e, emocionado, disse também que ajuda Sofia, que também é surfista, com dicas e ensinamentos na modalidade.
“É ponto fraco. Sou apaixonado pelos meus irmãos. Fico muito feliz. A minha irmã está competindo e indo bem no circuito. Ela quer se classificar para o mundial. Está indo super bem e fico feliz em servir de exemplo para ela. Ele me pergunta as coisas. A gente tem essa troca. Direto ela me chama para surfar. Me sinto muito orgulho. Sou irmão babão, orgulho de compartilhar momentos assim com ela. Cuido dela como se fosse milha filha. Meu irmão é meu orgulho também, já é pai e um homem incrível. Me dão mais motivos para me esforçar”, concluiu.
Gabriel Medina assiste mensagem da irmã, Sofia Medina
Reprodução/TV Globo
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