Na última semana, o resultado de um exame criminológico realizado por Cravinhos deu parecer favorável para que ele cumprisse o restante da pena fora da cadeia. O promotor do MP, no entanto, é contra a mudança de regime e cita faltas disciplinares e o delito cometido por ele enquanto estava fora do presídio como argumentos. A decisão final depende de um juiz. Cristian Cravinhos cumpre pena em Tremembé, SP
Carlos Dias/g1
O Ministério Público de São Paulo emitiu, nesta terça-feira (13), um parecer contrário à progressão de Cristian Cravinhos ao regime aberto. Cravinhos foi condenado a 38 anos de prisão pelo assassinato do casal Richthofen, em São Paulo.
Cristian está preso na P2 em Tremembé (SP), penitenciária conhecida como o ‘presídio dos famosos’. Ele está no regime semiaberto e tenta na Justiça uma liberação para progredir de regime e cumprir o restante da pena fora da cadeia. A decisão final depende de um juiz.
No parecer do MPSP, o promotor Alexandre Mafetano citou o histórico de Cravinhos, apontando “três faltas disciplinares, sendo duas de natureza grave e uma de natureza média”, o que teria deixado “dúvidas sobre a sua aptidão para experimentar regime mais brando, bem como sobre a sua consciência social e moral”.
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Ainda no documento, o promotor apontou que Cravinhos é autor de crimes graves, como homicídio qualificado e corrupção ativa, e lembrou ainda que, quando ele havia progredido ao regime aberto, cometeu um novo delito, retornando à prisão.
No parecer, o promotor solicita ainda que Cravinhos seja submetido ao teste de Rorschach, popularmente conhecido como o teste do ‘borrão de tinta’, para uma completa avaliação, antes do juiz decidir sobre a progressão de pena.
O parecer contrário da promotoria acontece no momento em que a Justiça está prestes a decidir, de novo, se Cristian Cravinhos pode cumprir o restante da pena fora da prisão.
Na semana passada, o resultado de um exame criminológico realizado pelo detento apontou ‘bom comportamento’ na prisão e deu parecer favorável à progressão.
O g1 acionou a defesa de Cristian Cravinhos, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem. A matéria será atualizada assim que a advogada se manifestar.
Exame criminológico é realizado por comissão formada por um psiquiatra, um psicólogo, um assistente social e dois membros do próprio sistema penitenciária
JN
Exame criminológico
O parecer social anexado no processo cita etapas da vida de Cravinhos, como estudos, envolvimento com drogas na juventude, além de trabalho e relações pessoais. O documento cita ainda que, se colocado em liberdade, Cravinhos quer trabalhar como designer e preparador de motos de corrida.
O documento também aponta que, entre as intenções de Cravinhos, está morar novamente com a mãe. Ele também afirmou que quer cuidar da filha.
O relatório psicológico afirma que Cravinhos “manifestou arrependimento, demostrou empatia com sofrimento familiar provocado por seus atos” e relembrou os trabalhos realizados por ele no presídio, sendo o último deles no setor de ‘corte’ da Funap.
Por fim, um relatório técnico conjunto de avaliação, assinado pelos diretores da penitenciária, assistente social e psicóloga, afirma que ele possui “ótima avaliação laboral e bom comportamento carcerário”. Todos deram aval à progressão de pena de Cravinhos.
Penitenciária Dr. José Augusto César Salgado, a P2 de Tremembé, no interior de São Paulo
Laurene Santos/TV Vanguarda
Pedido
A Justiça determinou, no dia 21 de junho, que Cristian Cravinhos fizesse o exame criminológico para avaliar se ele possui condições de progredir para o regime aberto e deixar a cadeia, cumprindo o restante da pena em liberdade.
A defesa de Cravinhos ingressou com o pedido de progressão ao regime aberto na primeira quinzena de maio. Após o pedido, o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) pediu que ele fosse submetido ao exame criminológico.
O exame foi imposto pela Justiça para avaliar a personalidade de Cravinhos, além da sua periculosidade, eventual arrependimento e a possibilidade de voltar a cometer crimes. O prazo para a realização era de 40 dias.
A decisão, tomada em junho, é da juíza Sueli Zeraik de Oliveira Armani, da Vara de Execuções Criminais da Comarca de Taubaté.
Uma comissão formada por cinco pessoas – um psiquiatra, um psicólogo, um assistente social e dois membros do próprio sistema penitenciário – avalia as condições do preso antes de o juiz decidir se ele pode ou não avançar para um regime com maior liberdade, que nesse caso seria o regime aberto.
Marísia von Richthofen e Manfred Albert von Richthofen foram assassinados nos anos 2000.
Sérgio Castro/Estadão Conteúdo/Arquivo
O crime
Cristian foi condenado por participar do assassinato do casal von Richthofen junto de seu irmão Daniel Cravinhos, que à época era namorado de Suzane von Richthofen, também condenada pelo crime.
Atualmente, ele cumpre pena em regime semiaberto na Penitenciária Dr. José Augusto César Salgado, conhecida como P2 do Tremembé. O local recebe presos de outros casos de repercussão, como Alexandre Nardoni, condenado por matar a filha Isabella em 2008, que deixou a prisão este ano.
Cravinhos chegou a progredir para o regime aberto em 2017, quando se cumpre a pena fora da prisão, mas perdeu o benefício depois de ser detido em uma confusão em que tentou subornar policiais.
Cristian Cravinhos que participou da morte dos Richtofen foi condenado por outro crime
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