
JUSTIN TALLIS
O presidente da França, Emmanuel Macron, levantou nesta quarta-feira (5) a possibilidade de enviar tropas europeias para a Ucrânia no caso de um acordo de paz com a Rússia, em um discurso à nação em resposta à atual “incerteza” global.
O líder francês, aliado próximo de Kiev, afirmou que os franceses estavam “legitimamente preocupados” com o início de uma “nova era” após a mudança radical da política dos Estados Unidos sobre a Ucrânia sob o governo de Donald Trump.
“Quero acreditar que os Estados Unidos permanecerão ao nosso lado, mas temos que estar preparados caso isso não aconteça”, indicou Macron.
Trump deixou claro que quer acabar com a guerra na Ucrânia por meio de negociações diretas com Moscou, que invadiu a ex-república soviética em fevereiro de 2022.
Mas Macron ofereceu uma imagem crua da Rússia, a quem acusou de ter “transformado o conflito ucraniano em um conflito mundial”.
“A ameaça russa está aqui e afeta os países da Europa, nos afeta”, ressaltou o presidente de centro-direita em seu discurso transmitido pela televisão. “Seria uma loucura permanecer como espectador”, acrescentou.
O líder sugeriu que forças militares europeias poderiam ser enviadas à Ucrânia se for assinado um acordo de paz, a fim de garantir que a Rússia não volte a invadir seu vizinho.
A paz na Ucrânia “também implicará, talvez, a mobilização de forças europeias. Não iriam lutar hoje, não iriam lutar na linha de frente, mas estariam lá […] uma vez assinada a paz, para garantir que seja plenamente respeitada”, disse.
Macron acrescentou que os chefes do Estado-Maior europeus se reuniriam em Paris na próxima semana para debater como apoiar Kiev após um possível acordo.
Às vésperas de uma cúpula da União Europeia sobre o rearmamento do continente, Macron disse que iniciaria um debate sobre a ampliação da dissuasão nuclear da França a outras nações europeias.
“Decidi abrir o debate estratégico sobre a proteção de nossos aliados no continente europeu através da nossa dissuasão nuclear”, declarou.
Em seu discurso, Macron também qualificou como “incompreensíveis” as tarifas americanas sobre produtos europeus e disse que esperava “dissuadir” Trump.
O chefe de Estado afirmou que os franceses devem “estar preparados para que os Estados Unidos decidam impor tarifas aos produtos europeus”, como acabaram de fazer com Canadá e México.
“Essa decisão, incompreensível tanto para a economia dos Estados Unidos quanto para a nossa, terá consequências para algumas de nossas indústrias”, advertiu.