Justiça autoriza que Cristian Cravinhos, condenado pela morte do casal Richthofen, cumpra restante da pena em liberdade


Cravinhos tentava a progressão para o regime aberto desde o ano passado. Pedido de liberdade foi concedido nesta quarta-feira (5) pela Justiça. Cristian Cravinhos foi preso em Sorocaba (SP)
Carlos Dias/G1
A Justiça autorizou, na tarde desta quarta-feira (5), que Cristian Cravinhos, condenado pela morte do casal Richthofen, cumpra o restante da pena em liberdade.
Cravinhos atualmente cumpre pena no regime semiaberto na Penitenciária “Dr. José Augusto Salgado”, a P2 de Tremembé, no interior de São Paulo. Desde o ano passado, ele tentava a progressão ao regime aberto, situação em que pode cumprir o restante da pena fora da cadeia.
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Por meio de nota, a defesa de Cristian afirmou que o detento “preencheu todos os requisitos objetivos e condições subjetivas exigidos pela Lei de Execução Penal para progredir ao Regime aberto”, destacando que “a decisão foi pautada única e exclusivamente na lei” e que em liberdade o condenado “continuará cumprindo com as regras e determinações que foram estabelecidas pela juíza”.
*Reportagem em atualização.
Exame psicológico
Um exame psicológico apontou que Cristian Cravinhos, um dos condenados pela morte do casal Richthofen em 2002, tem dificuldade em lidar com as emoções e em relações interpessoais. O detento fez o teste de Rorschach após determinação da Justiça para avaliar se ele estava apto a retornar ao convívio em sociedade.
▶️ O Teste de Rorschach consegue captar elementos e traços da personalidade profundos dos pacientes analisados e serve para identificar, por exemplo, se uma pessoa presa está apta a retornar ao convívio em sociedade. A avaliação consiste na projeção de imagens, que parecem com manchas de tintas.
Os apontamentos feitos pela psicóloga responsável pelo teste, ao qual o g1 teve acesso, indicam que ele também opta por ‘distanciamento emocional’.
“Cristian demonstra dificuldade em lidar com as emoções de forma espontânea, optando predominantemente por estratégias de racionalização e distanciamento emocional”, diz um trecho.
Outra parte do laudo diz que Cravinhos tem uma percepção mais limitada do outro, o que pode sugerir uma possível dificuldade nas relações interpessoais.
“Essa dificuldade parece estar relacionada a um desinteresse pelos outros e pelos relacionamentos que, aliado a mecanismos empáticos deficitários, prejudica significativamente sua adaptação a contextos sociais e emocionais mais desafiadores, comprometendo a qualidade de suas interações interpessoais”, acrescenta a psicóloga.
Imagem de arquivo – Cravinhos em saidinha temporária
Reprodução/TV Vanguarda
O laudo ainda cita que, em caso de decisão favorável da Justiça à progressão dele para o regime aberto, será necessário que ele tenha acompanhamento psicológico constante, além de monitoramento intensivo, com o objetivo de minimizar riscos de reincidência.
“A implementação de acompanhamento psicológico regular e monitoramento intensivo, caso a progressão de regime seja autorizada, visando minimizar os riscos de reincidência e promover maior integração social”, conclui o laudo.
No documento ainda foram listadas algumas características de personalidade de Cristian Cravinhos. Segundo o laudo, os dados obtidos indicam “traços disfuncionais de personalidade, caracterizados por rigidez emocional e controle excessivo”.
Veja outros pontos indicados no documento:
expressão afetiva marcadamente rígida e controlada;
dificuldade em compreender e integrar suas emoções de maneira objetiva, resultando em reações que são frequentemente influenciadas por fantasias e ideias pouco realistas;
embora tenha conhecimento das normas sociais, Cristian não se identifica com elas, o que pode indicar dificuldade em internalizar valores sociais de maneira consistente;
apesar de demonstrar um nível adequado de assimilação e aceitação das normas e padrões sociais, Cristian não parece identificar-se plenamente com eles;
demonstra atenção excessiva aos fatos externos, que se acompanha de uma exigência de autocontrole exacerbada, o que o leva a julgar a realidade com maior rigor e apego ao que lhe é mais familiar;
demonstra capacidade de relacionar-se facilmente com o meio externo e com os outros, ao mesmo tempo em que é capaz de deter-se em suas próprias ideias e reflexões;
recorre predominantemente à racionalização e ao distanciamento emocional como estratégias para preservar o controle sobre suas emoções, evitando a manifestação espontânea de seus impulsos internos.
O teste de Rorschach ao qual Cravinhos foi submetido é um pedido comum da Justiça para avaliar se o detento tem condições ou não de progredir para o regime aberto.
No caso dele, a juíza Sueli Zeraik de Oliveira Armani, da Vara de Execuções Criminais da Comarca de Taubaté, solicitou um novo exame pois, da última vez que esteve no regime aberto, Cravinhos foi preso após agredir uma mulher e tentar subornar policiais, em Sorocaba, em 2018.
Cristian Cravinhos é preso por tentativa de suborno de policiais no interior de SP
O crime
Cristian foi condenado por participar do assassinato do casal von Richthofen junto de seu irmão Daniel Cravinhos, que à época era namorado de Suzane von Richthofen, também condenada pelo crime.
Atualmente, ele cumpre pena em regime semiaberto na Penitenciária Dr. José Augusto César Salgado, conhecida como P2 de Tremembé. O local recebe presos de outros casos de repercussão, como, por exemplo, o ex-jogador de futebol Robinho.
Cravinhos chegou a progredir para o regime aberto em 2017, quando se cumpre a pena fora da prisão, mas perdeu o benefício depois de ser detido em uma confusão em que tentou subornar policiais.
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