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Ratos conseguirem se comunicar melhor após receberem mutação genética – Foto: Reprodução/ND
Para entender a evolução da linguagem humana, pesquisadores da Universidade Rockefeller, do Laboratório Cold Spring Harbor, em Nova York, nos Estados Unidos, realizaram um experimento inovador e surpreendente: conseguiram fazer ratos “falarem” com uma mutação genética exclusiva de humanos.
O estudo analisou o impacto de uma alteração genética específica no gene NOVA1, que está associado ao desenvolvimento neural e à comunicação vocal em mamíferos.
Como é a mutação genética?
Presente em todos os mamíferos, esse gene exibe uma mutação única nos Homo sapiens, o que pode ter sido fundamental para o desenvolvimento da fala e linguagem como conhecemos atualmente.
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Universidade Rockefeller, do Laboratório Cold Spring Harbor, em Nova York – Foto: Reprodução/ND
Para testar essa hipótese, pesquisadores modificaram geneticamente o NOVA1 de camundongos para que tivessem uma versão “humanizada” desse gene.
Resultados surpreenderam
Os resultados mostraram que essa alteração afetou a forma como os camundongos produzem sons, tanto na infância quanto na vida adulta.
“Ficamos surpresos com o que encontramos. Foi um momento impressionante para a ciência”, afirmou o neuro-oncologista Robert Darnell, em entrevista ao New York Times, que pesquisa o NOVA1 desde os anos 1990.
Apesar de a capacidade geral de vocalização ter sido mantida nos camundongos, houve mudanças sutis no tom, na variação de frequência e no padrão dos sons emitidos.
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Mutação genética fez homo sapiens evoluir – Foto: Reprodução/ND
Enquanto os filhotes emitiram sons mais agudos do que os camundongos normais, os machos adultos passaram a vocalizar de maneira mais complexa.
Os cientistas acreditam que essas diferenças podem estar ligadas à evolução da fala em humanos.
“Eles começaram a ‘conversar’ de forma diferente com as fêmeas. Podemos imaginar como mudanças semelhantes podem ter moldado a comunicação humana”, disse Darnell.
Ou seja, o estudo sugere que essa mudança genética pode ter desempenhado um papel na evolução da linguagem humana, contribuindo para a complexidade da comunicação vocal.
Os pesquisadores acreditam que a versão humana do NOVA1 tenha surgido em uma população ancestral na África, tornando-se dominante devido às vantagens que oferecia na comunicação vocal. À medida que essa população se espalhou pelo mundo, a mutação foi sendo carregada consigo.