Ribeirinhos temem falta de peixes após 4 dias do rompimento de barragem de garimpo ilegal no AP


Polícia Científica informou que realizou a coleta de amostras da água do rio Cupixi para verificar a contaminação. Polícia abriu inquérito para investigar o caso. Poluição atinge 150 quilômetros fluviais.  Rio Cupixi, em Pedra Branca do Amapari
Mônica Costa/Rede Amazônica
Após quatro dias do rompimento da barragem de um garimpo ilegal em Pedra Branca do Amapari, município distante 180 quilômetros da capital, os ribeirinhos temem que a contaminação do rio afete a pesca, uma das principais fontes de renda da região. 
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Nos últimos dias, moradores de Porto Grande, município vizinho, denunciaram a coloração diferente do rio Cupixi, que tem ligação com os rios Araguari e Amapari. Os três fazem parte da circulação da economia dos dois municípios. 
De acordo com o último levantamento da Defesa Civil estadual, a contaminação atinge uma área de cerca de 150 quilômetros fluviais. Água que anteriormente tinha uma coloração “mais clara”, hoje está tomada por lama e imprópria para o consumo. 
Raimundo Pereira é agricultor, ele destaca que teme os prejuízos ambientais e financeiros a longo prazo.
“É isso que a gente teme, porque afetou diretamente a época da desova dos peixes, então a gente teme que futuramente tenha falta de peixe na região porque é o que sustenta os ribeirinhos, quem vive mais próximo dos rios sobrevive da pesca. Então, esse acidente não foi só agora, eu temo que isso vá se alongar por mais tempo e daqui para o fim do ano a gente possa não ter mais peixe”, disse Raimundo.     
A Defesa Civil informou que, em números preliminares, cerca de 4 mil pessoas estão sendo afetadas pelo dano ambiental. 
Raimundo Pereira, mora há 27 anos na região
João Pantoja/Rede Amazônica
Ainda conforme a Defesa Civil, a área impactada está localizada no Igarapé Água Preta, que deságua no rio Cupixi e também atinge comunidades às margens do Rio Araguari, prejudicando também o abastecimento de água potável. 
Sobre a investigação 
Rio Cupixi, em Pedra Branca do Amapari
Mônica Costa/Rede Amazônica
A Polícia Científica do Amapá (PCA) informou nesta sexta-feira (14) que realizou a coleta de amostras de água em Pedra Branca. Polícias Civil e Federal abriram inquérito para investigar a causa e os responsáveis pelo dano ambiental.
Investigadores da Polícia Civil chegaram até o garimpo e ouviram trabalhadores, que informaram que a mudança nas águas aconteceu após o rompimento das barreiras de terra feitas para acumular os sedimentos provenientes da atividade garimpeira ilegal.
Ainda segundo a polícia, os responsáveis pelo garimpo abandonaram o local após o acidente na terça-feira (12). 
O garimpo ilegal no Amapá
Segundo os moradores de Pedra Branca, a garimpagem também é uma das principais fontes de renda do município. Há registro de áreas de exploração ilegal que existem há décadas. 
A PF tem intensificado a atuação para conter o avanço dos garimpeiros no Estado. De acordo com dados da instituição, nos últimos quatro anos, a área do maior garimpo ilegal do Estado aumentou cerca de 4.200 hectares. 
Em valores reais, durante esse período, a polícia estima que tenham sido extraídas ilegalmente duas toneladas de ouro, cerca de R$ 642 milhões. 
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Novas imagens mostram contaminação de rio por lama de barragem que se rompeu em garimpo no Amapá
Governo do Amapá/Divulgação
Uma força-tarefa foi elaborada pelo governo, reunindo os representantes das Secretarias de Meio Ambiente (Sema), Saúde (Sesa), Segurança (Sejusp), Assistência Social (Seas), Corpo de Bombeiros Militar e Defesa Civil. Os órgãos atuam junto aos do município de Porto Grande, que decretou estado de calamidade. 
Além disso, a Concessionária de Saneamento do Amapá (CSA) informou que detectou na quarta-feira (12) alteração na qualidade da água do rio Amapari e interrompeu a captação de água na cidade de Porto Grande. 
A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) também está apoiando as ações. 
Acompanhe a cobertura do g1 sobre o assunto: 
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