Dia do Fusca: motorista que viajou mais de 2 mil km para o Tocantins e customizador esportivo contam a paixão pelo carro


Conheça a história do Renan Modenez, de São Carlos (SP) e de Ricardo Azolini, de Araraquara (SP), dois apaixonados por Fuscas. Renan aprendeu mecânica e customização para “trampar” no seu Fusca em São Carlos
Arquivo pessoal
O barulho do motor, as viagens recheadas de alegrias e perrengues e o estilo único encantam motoristas apaixonados por Fusca há gerações. No Dia Nacional do Fusca, comemorado nesta segunda-feira (20), dois motoristas contam suas experiências com o carrinho tão querido no país.
Ricardo Bortolotti Azolini, 50 anos, de Araraquara (SP), viajou mais de 2, 2 mil km até o Tocantins para relembrar uma viagem com o pai, de quem herdou o veículo. Renan Felipe Modenez, 29 anos, de São Carlos (SP), se aprofundou em estudos sobre mecânica e customização para ele mesmo consertar o veículo quando precisar.
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O escrevente Ricardo tem praticamente a mesma idade do Fusquinha que está em sua família há cinco décadas. Seu pai, Valdemar Azolini, comprou o veículo 0 km em 1973, e desde então Ricardo coleciona histórias e momentos inesquecíveis.
Um rolê memorável foi a viagem para Wanderlândia (TO), em 2018, para relembrar o trajeto realizado na infância com o pai.
“Eu já tinha viajado para Tocantins com meu pai, porque ele gostava muito de pescar, e lá tem o rio Tocantins e Araguaia, é uma região maravilhosa. Eu voltei para relembrar nossos bons momentos e decidi refazer a viagem que fiz com meu pai. Fui de Fusca para ser um desafio, a gente tinha ido de caminhonete antes”, contou.
Para encarar a longa viagem de 2.200 km, o carrinho estava totalmente revisado e preparado para a aventura. A única lembrança fotográfica que tem é de um calendário de um posto onde trocou o filtro. A experiência maior está guardada em sua memória.
“Montei no carro que está sempre revisado, só troquei o óleo e fui embora. Eu, Jesus e meu anjo da guarda. Só parei no posto Japão (Arraias-TO) para trocar o filtro de combustível. Fui e voltei na paz”, contou.
Carro aguentou a viagem e o motorista só precisou trocar o filtro em um posto de Tocantins
Arquivo pessoal
De volta à Morada do Sol, Ricardo lembrou que um despachante comunicou espantado que ele havia levado uma multa em Brasília e que o Fusca tinha sido clonado.
“Na viagem para o Tocantins eu acabei tomando uma multa em Brasília, e o despachante não acreditava que eu mesmo tinha viajado para lá”, disse rindo.
Fusca viajou mais de 2 mil km até Wanderândia (TO) para motorista reviver viagem que fez com o pai na infância
Arquivo pessoal
Perrengues e cuidados
Ricardo contou que também enfrentou uma situação “tensa” enquanto dirigia na Via Expressa em Araraquara. Um caminhoneiro o alertou que saía fumaça do Fusquinha, e quando ele parou, percebeu que o motor pegava fogo.
“Uma coisa que eu digo é para nunca deixar a tampa do motor do Fusca trancada, porque na hora que pegou fogo, não consegui abrir a tampa, joguei o extintor nas labaredas que saíam, mas não extinguiu o fogo. Nisso, e o caminheiro veio e me ajudou com canecas de água, ele que conseguiu controlar. Mas o motor ficou completamente destruído. Até hoje eu ajudo qualquer caminhoneiro na estrada”, disse.
Ele aproveitou que teve que trocar o motor 1300 e colocou um mais potente, 1600. Super conservado, Ricardo ainda guarda o manual do carro, a chave reserva, a nota fiscal de compra e a placa original. E prometeu ao pai que cuidaria do carro o máximo possível para mantê-lo original.
“Meu pai me ensinou a conservar bem o Fusca e nunca fazer furos ou adaptações para que permanecesse o mais o próximo do original. Mas como sempre foi um carro de uso diário, acabamos pintando com o tempo. Mas os sensores de alarme estão no vidro para não ter que furar , e o som também adaptamos. A estética do carro é igual de 50 anos atrás. É um carro que não tem preço e não vendo”, contou.
Manual do Fusca intacto e nota fiscal da compra em 1973 são guardados pela família de Ricardo Azolini de Araraquara
Arquivo pessoal
Customizador esportivo
O amor da família por carros antigos aliado à facilidade de desenhar foi crucial para Renan Felipe Modenez, 29 anos, de São Carlos (SP), se aprofundar em estudos sobre mecânica e customização do veículo.
“Minha família teve alguns Fuscas. Mas no geral todos os modelos de carros customizados sempre me encantaram, principalmente os antigos. Um tio sempre me dava revistas sobre carros e minha mãe sempre me incentivou a desenhar. Assim, eu comecei a criar meus modelos tunados no papel, e sempre tive o sonho de quando crescer ter um carro antigo”, contou.
Renan segue a customização da Velha Escola Brasileira (VEB) que é voltada para as décadas de 1960, 1970 e 1980. Ele está sempre atento a acessórios e “caçando” peças diferenciadas para o fusquinha.
“Meu Fusca é customizado no estilo hoje chamado de VEB , uma época que não havia exportações, então as empresas nacionais começaram a surgir com milhares de acessórios esportivos como rodas, volantes, bancos, peças para motor em geral. Assim eu me aprofundei mais sobre o modelo mais amado do mundo ”, disse.
Renan contou que já teve outros Fuscas e esse último, de 1973, está com ele há 3 anos. “Foi um achado em um anúncio do Facebook”, disse.
Fusca foi um achado em um anúncio do Facebook em São Carlos há três anos
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O motorista são-carlense é adepto do faça-você-mesmo e conserta o carro em sua garagem. “Sempre tive o interesse em mexer em casa, sou do faça você mesmo. Me aprofundei em mecânica e tudo que é possível mexo em casa, é muito prazeroso. Customizar sempre esteve comigo, desde pequeno na época do tuning, Velozes e Furiosos, miniaturas e jogos de carro. Que criança não sonhava em ter um carro diferente ? Com aqueles jogos e filmes da época? O Fusca foi a melhor escolha que fiz pois sempre amei esse carrinho”, contou.
O são-carlense Renan Modenez customizou é adepto da Velha Escola Brasileira (VEB) e curte customizar o fusca
Arquivo pessoal
Sobre o Fusca
Em 1935, o alemão Ferdinand Porshe fabricou o modelo Fusca com o nome de Typ I como um veículo popular e econômico. Durante anos, o veículo passou por modernizações na mecânica, estética e começou a ser utilizado para diversas finalidades, como uso pelo correio e até como veículo militar durante a Segunda Guerra Mundial, em 1939.
O carro se popularizou e teve mais de 21 milhões de modelos produzidos no mundo, e também é conhecido como Beetle, Bug, Carocha, Coccinelle, Escarabajo , Käfer, Type 1 e Maggiolino.
Já no Brasil, o veículo começou a ser fabricado em 1959 e ganhou apelidos de “Fusquinha” e “Fuscão”. Cores vibrantes e fortes como azul, verde-abacate e laranja eram produzidos e queridinhos dos motoristas.
Em 1986, a produção nacional foi paralisada, sendo retomada em 1993 pelo presidente Itamar Franco. Após três anos, saiu de linha definitivamente e hoje é motivo de muitas memórias, colecionadores e relíquias de famílias.
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