Ao fugir de outro carro que o perseguia, casal acabou batendo em comboio da Delegacia de Homicídios. Agentes dispararam e atingiram mulher no banco do carona. ‘Como eu vou falar para as filhas delas que eu não consegui salvar a mãe dela?’, questiona. Baleada na Av. Brasil, Elaine Esteves tinha 39 anos
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O marido de Elaine Esteves, de 29 anos, baleada na Avenida Brasil por policiais civis após um acidente de trânsito, se disse sem entender o motivo de o carro do casal ter sido baleado.
No Instituto Médico Legal (IML) para liberar o corpo da mulher, Carlos André perguntava: “Por quê”?
Segundo ele, o casal fugia de um outro carro que o perseguia após um suposto acidente de trânsito – que os dois disseram não ter notado – quando, ao entrar na Avenida Brasil, bateu na traseira de um carro da Delegacia de Homicídios, que passava em comboio com outros veículos da unidade da Polícia Civil.
Segundo Carlos André, após o acidente ele ainda tranquilizou a mulher, dizendo que tinham batido em um carro da polícia. Na cabeça do marido, ao menos estavam protegidos da perseguição anterior.
Foi quando o casal começou a ouvir tiros, e um deles atingiu Elaine. Carlos afirma que, após a batida, o carro parou e não havia motivo para que os policiais atirassem. Quatro tiros atingiram o carro, e um deles acertou as costas da mulher.
“Como eu vou falar para as filhas delas que eu não consegui salvar a mãe dela”, disse o agora viúvo, muito emocionado.
A morte foi na altura de Barros Filho, na Zona Norte do Rio. Elaine e o marido haviam saído de uma festa. No caminho pela Estrada da Água Branca, um homem em outro carro parou ao lado e pediu que encostassem porque o casal teria batido no carro dele.
Carlos André afirma que nem ele nem a mulher perceberam o acidente e que ficaram com medo de parar, às 3h da manhã, e resolveram acelerar.
O outro carro foi atrás e, segundo Carlos André, chegou a bater na traseira deles de propósito. Ao tentar fugir, o marido de Elaine disse ter perdido o controle em uma curva ao chegar na Avenida Brasil, Foi quando bateu no comboio da DH.
Em nota, a Polícia Civil afirma que o carro estava “em fuga” e citou a proximidade com a comunidade de Parada de Lucas. Segundo a polícia, os tiros foram dados para “interromper a investida repentina e violenta” (veja a íntegra da nota no fim da reportagem).
Carro onde estava mulher que foi baleada na Avenida Brasil
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O que diz a Polícia Civil
Caso é investigado pela Polícia Civil. Veja abaixo a nota:
“A Delegacia de Homicídios da Capital – DHC, informa que, durante os trabalhos ordinários realizados pelo Grupo Especial de Local de Crimes-GELC, nesta madrugada do dia 11/08/2024, por volta das 03h30min, a equipe de policiais foi surpreendida por uma colisão, na qual um veículo em fuga atingiu uma das viaturas do comboio policial, na Avenida Brasil, próximo ao Trevo das Margaridas, nesta cidade, ao lado de um dos acessos da comunidade de Parada de Lucas.
Os policiais efetuaram disparos de arma de fogo para interromper a investida repentina e violenta do veículo contra o comboio.
Após estabilização da situação, os agentes constataram que uma pessoa do sexo feminino teria sido alvejada. Imediatamente, acionaram o socorro médico, porém a mesma não resistiu aos ferimentos e veio a óbito ainda na localidade.
Apurou-se que o veículo que colidiu com a viatura da polícia estava em fuga, tendo em vista que se envolvera, momentos antes, numa outra colisão de trânsito.
Todos os envolvidos na ocorrência foram conduzidos para a Delegacia de Homicídios, e a CGPol, de imediato, acionada para conduzir as investigações.
A perícia de local foi realizada por uma equipe de peritos do ICCE/Sede.”