Noite cultural em alusão à consciência negra incentiva alunos do polo Castanhanduba a valorizar sua ancestralidade


A programação pedagógica reuniu alunos de quatro escolas do território quilombola. 2º edição da Noite Cultural em Alusão à Consciência Negra movimentou a comunidade escolar
Divulgação
A noite de sexta-feira (22) foi especial para os moradores da comunidade Castanhanduba, localizada em um dos seis territórios coletivos remanescentes de quilombo, no município de Óbidos, oeste do Pará. A 2º edição da Noite Cultural em Alusão à Consciência Negra movimentou a comunidade escolar do Polo Educacional 9, que integra quatro escolas dessa região.
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Ao longo das últimas semanas, os alunos se prepararam para apresentar uma diversificada programação, que contou com apresentações teatrais, dança, música, poesia e a atuação cativante de crianças, adolescentes e jovens negros, que mostram à comunidade o valor da cultura quilombola e o amor por sua ancestralidade.
Janison dos Santos, professor na Escola Antônio Ribeiro de Vasconcelos, da comunidade Ponte Grande, apresentou com as suas turmas do terceiro ao quinto ano, a coreografia da música “Pérola Negra” de autoria de Luiz Melodia, interpretada por Daniela Mercury. Emotivo, ao lado dos alunos, ele falou da importância desse momento para toda a comunidade.
“Nossa ideia foi repassar para os nossos alunos que somos muito importantes. Nossa cor e nossa raça têm uma história muito rica. Nosso trabalho foi repassar esse sentimento pra eles, pra que eles entendam a importância deles nesse contexto de luta e resistência”, explicou o professor.
Na área externa da Escola do Castanhanduba, uma plateia atenta interagia com as apresentações e se orgulhava da sua cultura e da desenvoltura dos alunos, durante as 13 apresentações que fizeram parte da noite cultural.
“Nossa intenção foi exatamente essa, chamar a atenção não só da nossa comunidade Castanhanduba, mas das outras comunidades onde estão as escolas do nosso polo: Ponte Grande, Apuí e Serrinha. Essa sem dúvida é uma noite especial para a nossa cultura negra. Mas, é também uma forma de conscientizar todas as nossas comunidades da importância da nossa história, do legado que ela nos deixou e de como devemos nos manter firmes nessa luta constante contra o preconceito”, disse Adjaine Cavalcante, coordenadora pedagógica do polo Castanhanduba.
Entre as apresentações que mais chamaram a atenção do público, esteve a dramatização dos alunos do 5º ano. Com figurino impecável, as crianças dramatizaram a rotina cruel dos escravos em meados do século XVI, até a promulgação da Lei Áurea em 1888, quando os negros foram libertos.
Glenda Franco, coordenadora do Departamento de Educação Quilombola da Secretaria Municipal de Educação (Semed), explica que o objetivo é estimular as unidades de ensino para que cada vez mais a temática quilombola seja abordada como forma de conscientização de toda a comunidade escolar.
“O objetivo nosso enquanto coordenação da Educação Quilombola é trabalhar com os nossos alunos e também com todos os nossos servidores, porque todos fazem parte do processo educacional do qual é importante pra gente combater essas ações de preconceito, racismo que ainda tá impregnado no nosso mundo contemporâneo, apesar de a gente viver no mundo diverso de miscigenação de cores e raça”, ressaltou Glenda.
Educação quilombola
A celebração na comunidade Castanhanduba reuniu alunos, professores e equipes de apoio das escolas Antônio Ribeiro de Vasconcelos (Ponte Grande), São Sebastião (escola sede do polo), Santa Maria (Apuí) e Nova Esperança (Serrinha).
O polo 9 reúne cerca de 288 alunos que estão dentro de um dos maiores territórios quilombolas do município de Óbidos, por isso a Semed, implementa uma metodologia de ensino-aprendizagem diferenciada, que discute um cronograma pedagógico diferenciado ao longo do ano para essa região, por meio do Departamento de Educação Quilombola.
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