Nicoly Victoria Camargo Rodrigues, de 23 anos, veio para o litoral de São Paulo para se esconder do ex-companheiro. Ela foi encontrada morta às margens da pista da Interligação Baixada Santista, em Cubatão (SP). Jovem de 23 anos terminou relacionamento que, de acordo com a família dela, era abusivo
Arquivo pessoal
A Polícia Civil investiga a morte de uma jovem de 23 anos, encontrada em uma rodovia em Cubatão (SP). Identificada como Nicoly Victoria Camargo Rodrigues, ela estava residindo em Praia Grande (SP). Em entrevista ao g1, uma prima da jovem disse acreditar que ela foi vítima de feminicídio.
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Segundo o boletim de ocorrência, um guincheiro da Ecovias, concessionária que administra o Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI), encontrou o corpo de Nicoly às margens da Interligação Baixada Santista, pouco antes das 3h de 13 de novembro. Ela tinha marcas de perfurações por arma de fogo.
Mulher encontrada morta em interligação de rodovia é reconhecida pela família
Prima da vítima, a auxiliar de serviços gerais Mayara Cristina Rodrigues, de 25 anos, disse que o principal suspeito é o ex-companheiro de Nicoly. A jovem trabalhava como manicure e vivia com o homem há cinco anos. No começo de novembro, no entanto, ela decidiu pôr um fim à relação.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) disse que o caso é investigado sob sigilo na 3ª Delegacia de Homicídios da Deic do Deinter-6. “A autoridade policial realiza oitivas com as partes envolvidas e prossegue com as diligências para esclarecer todos os fatos”, disse o texto.
Ameaças
Segundo família da vítima, mulher pediu abrigo em Praia Grande (SP) após terminar com ex
Arquivo pessoal
Segundo Mayara, o ex-companheiro da vítima é um homem de 41 anos que tem cinco filhos, que não são de Nicoly. Antes da separação o casal vivia em São Paulo. A prima disse que desde o crime o homem está sumido e não retorna as ligações.
A familiar ressaltou que Nicoly vinha pedindo ajuda para sair da relação há meses, mas em 4 de novembro anunciou o término à família e pediu abrigo em Praia Grande (SP) na casa da tia [mãe de Mayara]. “Eu mandei o dinheiro para ela e ela veio”, contou Mayara.
De acordo com a auxiliar de serviços gerais, o homem deu um jeito de rastrear o celular da vítima. Mayara disse que ele apareceu no portão do imóvel , em Praia Grande, três horas depois da chegada dela.
Um áudio enviado ao g1 mostra um suposto diálogo entre ele e a avó de Nicoly: “Vou matar a mãe dela, ela e vou me matar”,.
Mayara destacou que ele encontrou diversas maneiras de contatar a vítima, incluindo por mensagens via transferência de Pix. No dia 9 de novembro, Nicoly desafabou sobre a situação. “Não aguento mais. Ele está fazendo Instagram, postando coisas nossas. Estou cansada disso. Fica me mandando mensagem que estou ‘no prazo’” (veja abaixo).
Troca de mensagens com Nicoly revela medo por parte da vítima
Arquivo pessoal
O dia do crime
Nicoly desapareceu por volta de 8h de 12 de novembro. A cunhada e o padrasto de Mayara viram a jovem ir até um carro branco, onde buscou caixas com roupas que o ex teria deixado. Depois, a jovem se arrumou e disse que encontraria um homem, sem citar nomes. Familiares a viram saindo a pé.
“A gente não deixava ela sair sozinha. Na verdade, ela não estava nem saindo de casa porque ela estava com medo, a todo momento com medo. E a gente estava vendo para ela poder sair daqui, para ela não ficar aqui, porque ele estava rastreando ela. Só que não deu tempo”, lamentou Mayara.
Naquele mesmo dia, Nicoly manteve contato com a tia pelo WhatsApp e disse estar perto de casa. Já na madrugada seguinte, por volta de 2h30, mandou mensagem novamente com a localização de Cubatão (SP). Foi justamente naquela área que o corpo foi encontrado.
“Ela falou: Tia, eu estou nessa localização, ele [motorista] se perdeu no caminho’”, disse Mayara. Cerca de 20 minutos depois, Nicoly foi achada morta. A família não sabe se ela foi a verdadeira autora das mensagens.
Justiça
Segundo Mayara, a família acreditava que Nicoly estava desaparecida e passou a se mobilizar para encontrá-la na vizinhança. “Ele fazia muitas ameaças colocando a minha avó no meio, tanto a minha avó como a mãe dela. E a gente imagina que ele fez esse tipo de ameaça’”, opinou Mayara.
A morte foi descoberta somente no último sábado (16), quando a tia da vítima tentou registrar um boletim de ocorrência de desaparecimento. Na ocasião, o sistema da Polícia Civil acusou que a jovem havia sido morta na ocorrência do dia 13.
Mayara afirmou que, após o crime, a família contatou o ex da vítima e a família dele, sem sucesso. “A gente está tentando que a Justiça seja feita de qualquer forma. A gente queria que ele se entregasse, porque ele não ameaçou só ela. Ele ameaçou minha vó, a mãe dela”, desabafou.
O g1 procurou o ex-companheiro de Nicoly e a defesa dele, mas não teve sucesso até a publicação desta reportagem.
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