Greta Thunberg chama rascunho da COP29 de ‘completo desastre’ e ‘sentença de morte’


Ativista denuncia soluções falsas, promessas vazias e cobra que países ricos paguem sua dívida climática. Rascunho deveria ser entregue na madrugada deste sábado, mas está atrasado. Greta Thunberg chama rascunho da COP29 de completo desastre e sentença de morte
Reprodução/ Redes sociais
A ativista Greta Thunberg publicou um post em suas redes sociais em que faz duras críticas ao andamento da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática de 2024 (COP-29), que ocorre em Baku, no Azerbaijão, e ao rascunho do texto final em que lideranças globais discutem o combate à crise climática.
A COP29 é um evento que reúne governos do mundo inteiro, diplomatas, cientistas, membros da sociedade civil e diversas entidades privadas com o objetivo de debater e buscar soluções para a crise climática causada pelo homem.
Greta manifesta insatisfação com o desempenho das negociações climáticas e alerta que neste momento ocorre a aceleração da mesma crise pelo aumento sem precedentes de gases de efeito estufa – agravada ainda por desigualdades, guerras e desestabilização ambiental.
Também denuncia a ausência de reparações financeiras a serem pagas pelos países mais ricos e aponta o evento como parte de um sistema global baseado em injustiças e que favorece as elites econômicas.
“À medida que a reunião climática da COP29 chega ao fim, não deveria ser surpresa que mais uma COP esteja fracassando. O rascunho atual é um completo desastre”, diz Greta em seu perfil no Instagram.
Veja o post:
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“As pessoas no poder estão, mais uma vez, prestes a concordar com uma sentença de morte para inúmeras vidas que já foram ou serão devastadas pela crise climática. O texto atual está cheio de soluções falsas e promessas vazias. O dinheiro dos países do Norte Global, necessário para pagar sua dívida climática, ainda não apareceu”, complementa.
“Aqueles no poder estão agravando a desestabilização e destruição de nossos ecossistemas que sustentam a vida. Estamos caminhando para vivenciar o ano mais quente já registrado, com os gases de efeito estufa globais atingindo um recorde histórico no ano passado”, observa a ativista.
“É evidente que nossos sistemas atuais não estão funcionando a nosso favor. Os processos da COP não estão apenas falhando; eles fazem parte de um sistema maior, construído sobre injustiças e projetado para sacrificar gerações presentes e futuras em benefício de poucos, que continuam obtendo lucros inimagináveis e explorando o planeta e as pessoas. A cada negociação, a cada discurso feito por um líder mundial e a cada acordo que assinam, fica claro que cabe a nós, como coletivo global, tomar as ações de que tanto precisamos e mostrar onde está a verdadeira liderança. Eles não farão isso por nós, como esta COP29 mais uma vez comprova.”
Greta também diz que o país anfitrião – Azerbaijão – é um petro-Estado repressivo e autoritário que cometeu limpeza étnica e atos genocidas contra armênios.
“A sociedade civil presente na COP29 está sendo silenciada, mas continua lutando e pressionando os negociadores a alcançarem o mínimo aceitável. Tudo isso enquanto opressão, desigualdades, guerras e genocídios em todo o mundo continuam a se intensificar.”
O rascunho do texto final que vai resumir as negociações climáticas de Baku, que visa uma meta de financiamento na casa dos trilhões de dólares, estava previsto para ser entregue na madrugada deste sábado (23).
No entanto, em meio a desacordos e protestos de delegações de pequenos Estados insulares e países em desenvolvimento, as negociações foram temporariamente suspensas.
Além dessas delegações terem abandonado a reunião, a Arábia Saudita foi acusada de ter feito mudanças no texto oficial.
Entenda o que é a COP29
A COP29 é a 29ª conferência do clima da ONU, reunindo governos, diplomatas, cientistas e sociedade civil para discutir soluções para a crise climática.
Realizada anualmente desde 1995 (exceto em 2020), a sigla COP significa “Conferência das Partes”, referindo-se às 197 nações que assinaram um pacto ambiental nos anos 90.
O objetivo principal do tratado, a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, é estabilizar as emissões de gases de efeito estufa e combater a ameaça ao clima da Terra.
Este ano, pela primeira vez, a temperatura global ultrapassou 1,5 ºC em um ano, e o observatório Copernicus aponta um aumento nos recordes de calor.
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