Rozana Naves é segunda mulher nomeada reitora da UnB; confira principais propostas


Rozana é a primeira brasiliense a assumir reitoria da Universidade. Mandato é de 2024 a 2028. Rozana Naves toma posse nesta quinta-feira (21) no no Auditório Lauro Morhy do Instituto de Química
Divulgação
Rozana Naves assumiu a reitoria da Universidade de Brasília (UnB) em cerimônia realizada na última quinta-feira (21). Ela venceu uma eleição onde, pela primeira vez, apenas mulheres concorreram ao cargo de reitora.
👉Rozana é a segunda mulher e primeira brasiliense a se tornar reitora da universidade. A nomeação saiu nesta sexta (22), em edição extra do Diário Oficial da União.
Ela assume o posto no ciclo de 2024 a 2028 e venceu a disputa em eleições que ocorreram no começo de setembro. No segundo turno, a chapa “Imagine UnB”, representada por Rozana e pelo vice-candidato Márcio de Farias, conquistou 64,98% dos votos.
A doutora em Letras substitui Márcia Abrahão, primeira mulher a liderar a instituição numa função que ocupou por dois mandatos nos últimos oitos anos. Rozana ficou conhecida na comunidade acadêmica pela promessa de cumprir um mandato focado na gestão participativa.
A proposta de tornar as decisões acadêmicas mais cidadãs foi colocada em prática ainda antes da campanha pela reitoria. Ela contou com a participação de mais de 100 pessoas para debater as propostas, entre estudantes, servidores técnicos e docentes.
Ao g1, a nova reitora falou sobre suas principais propostas e reforçou que pretende manter o diálogo político entre a comunidade da UnB. Confira na entrevista abaixo:
Planos para gestão participativa
Prestação de contas
Assédio na universidade
Vestibular 60+ e cotas para alunos trans
Quem é Rozana Naves
Quais são os seus planos para tornar a gestão da UnB mais participativa?
Tive a colaboração de estudantes e docentes para a formulação do meu plano de governo e pretendo valorizar essa força. Vamos instituir um Grupo de Trabalho (GT), ele vai atuar à nível de decanato. Estamos demandando que eles se organizem em comitês, núcleos de escuta e que possam se reunir de forma aberta com a comunidade a cada dois meses para que a comunidade avalie.
A ideia é que tenhamos um feedback referente às primeiras ações da gestão. Um mandato não pode ter medo de ser avaliado, graças a essas políticas que conseguimos evoluir e melhorar. Vamos utilizar esses meios até que consigamos desenvolver mecanismos digitais e tornar as avaliações mais acessíveis a todos, de forma digital.
Quais são os seus planos para prestar contas para a Universidade de forma mais facilitada?
Quando eu atuava na direção do Decanato de Administração (DAF) durante a gestão da Márcia Abrahão, nós iniciamos um processo relativo às demandas do decanato, principalmente em relação à transparência. Por mais que exista o portal de transparência do Governo Federal, sabemos que as decisões colegiadas passam por um detalhamento desses dados.
Queremos implementar um planejamento e um orçamento participativo. É importante também publicar os dados dos rankings, onde precisamos melhorar, onde acertamos. São informações que a comunidade precisa saber.
Um levantamento realizado pelo g1 mostra que entre 2013 e 2023, a UnB abriu apenas seis processos administrativos disciplinares (PADs) contra professores acusados de assediar estudantes, moral ou sexualmente. Destes seis casos, somente um foi punido. Como pretende promover ações de combate ao assédio na UnB?
O assédio deve ser combatido com campanhas de enfrentamento na instituição. O próximo passo é treinar equipes para receber essas denúncias e fazer o acolhimento às vítimas e depois o tratamento das denúncias, até que o requerimento seja de fato finalizado.
“É inadmissível que a universidade registre uma quantidade enorme de denúncias e que não tenhamos resolutividade. O que não significa que para todos os casos vai ser constatada a materialidade. Mas, enfim, em termos de ajustamento de conduta, há vários mecanismos que dão à comunidade maior segurança de que as denúncias vão ser apuradas e que haverá consequências, o que também ajuda a intimidar a prática.”
Pretendemos também rever esse fluxo também para que a denúncia não circule dentro da mesma unidade. Ou seja, a apuração tem que ser feita por uma equipe isenta, não relacionada afetivamente ao caso.
Já na administração da UnB, logo quando a nossa equipe assumir, iremos fazer treinamentos com os gestores que vão assumir os cargos. É importante que o exemplo venha da administração superior para que a gente não reproduza a assédio em escala.
Como enxerga as novas políticas sociais implementadas: o vestibular 60+ e as cotas trans que foram instituídas recentemente? Quais são os planos para essas propostas?
Foram aprovadas muitas políticas novas, o grande desafio é de implementação. Agora, a avaliação é fundamental para que a gente consiga melhorar a implementação e aperfeiçoar a própria política.
A gente tem para as políticas que já iniciaram o desafio da avaliação, e para as que já foram avaliadas, o desafio da implementação. Cada uma delas vai demandar ações específicas que já estão previstas na própria política, no planejamento dos setores, vamos ao pouco investindo na atuação desses setores.
A Universidade de Brasília foi pioneira ao instituir o sistema de cotas. As questões das cotas como um todo são polêmicas.
Medidas de inclusão são difíceis porque precisamos de uma mudança cultural e de uma comunidade que se deixe ser inclusiva para isso, a gente precisa de pautar essas discussões em um fórum maior que o dos conselhos. Os conselhos são importantes, pois deliberam, mas precisamos de um diálogo maior com toda a comunidade.
Quem é Rozana?
Rozana Naves, nova reitora da UnB, fala sobre os planos e desafios da gestão
A brasilense cursou mestrado o mestrado e integrou a primeira turma do doutorado do Programa de Pós-Graduação em Linguística (PPGL/IL). Na primeira década de 1990, ela se graduou em Letras pela Universidade Católica de Brasília (UCB).
Encantada pelas salas de aula, a nova reitora conta ao g1 que trabalhou durante 27 anos no ambiente estudantil, em especial, atuando na gestão. Ela coordenou cursos de graduação e programa de pós-graduação, chefiou departamentos e dirigiu o Instituto de Letras (IL/UnB). Foi decana de Administração (DAF) na gestão de Márcia Abrahão.
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