Originários da região amazônica, peixes têm sido encontrados nos rios do interior de São Paulo. Em dias seguidos, um pescador capturou dois exemplares de 133 kg e 161 kg em Mira Estrela (SP). Filé de pirarucu assado com molho de açaí e purê de tapioca
Guilherme Barbosa/Rede Amazônia Acre – Arquivo
Alvo de desejo dos pescadores, a carne do pirarucu tem sido bem aceita na culinária da região de São José do Rio Preto (SP). Além de ação anti-inflamatória, o peixe auxilia na redução de colesterol e triglicérides. Em dias seguidos, um pescador capturou dois exemplares de 133 kg e 161 kg em Mira Estrela (SP).
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Considerado um dos maiores peixes de água doce do mundo, o pirarucu tem escamas notáveis pela textura grossa e cor dourada brilhante, características únicas.
O sabor da carne e os benefícios para o organismo transformam o peixe em um “troféu” disputado nas águas do Rio Grande, que banham o noroeste paulista.
Além de a carne ter ação anti-inflamatória no organismo, ajuda na redução dos níveis de colesterol e triglicérides no sangue, e contribui para a saúde da pele, bem como para o fortalecimento do sistema imunológico. Outro benefício é o auxílio na regulação do humor.
A proteína de alta qualidade também tem baixo teor de gordura. Por seus benefícios e pelo seu valor, a carne do peixe se torna acessível para uma parte da população.
Pescador profissional Odair Camargo, de Mira Estrela (SP), carrega pirarucu de 161 kg, capturado no Rio Grande
Arquivo pessoal
A carne é considerada nobre. O lombo do peixe é comercializado a preços que variam de R$ 65 a R$ 75 o quilo na região. O valor médio do quilo do filé fica entre R$ 30 e R$ 40.
Em entrevista ao g1, a professora de gastronomia Gabriela Fiore explica que a moqueca de pirarucu é, regionalmente, um dos pratos mais requisitados.
“Moqueca de pirarucu é campeão de aceitação para o paladar regional. Outra sugestão composta pelo peixe é banana da terra assada na brasa, que acompanha arroz , vinagrete de feijão e farofa. Um prato que pede um vinho que tenha um pouco mais de estrutura, maciez e acidez, sem muito frescor, como o vinho português”, explica.
“Comercialmente, na nossa região, o pirarucu está sendo alvo dos pescadores devido ao paladar atrativo e a todos os benefícios que a proteína oferece”, complementa.
Outro motivo para o grande interesse dos pescadores é o seu tamanho. Com dois metros de comprimento em média, o pirarucu pode pesar até 220 quilos e, dentro do cenário gastronômico, rende muitas receitas, com diferentes combinações.
Visado pelos pescadores
Esses são alguns dos fatores que tornaram o pirarucu visado pelos pescadores. Na semana passada, dois exemplares, pescados entre os municípios de Mira Estrela e Cardoso (SP), chamaram a atenção.
O guia de pesca Odair Aparecido Camargo, de 53 anos, conseguiu capturar um peixe de 2,30 metros com 161 quilos, e outro de 2,27 metros e 133 quilos, o que é considerado uma das maiores pescarias de que se tem registro no estado de São Paulo.
“O desgaste físico é muito grande. O peixe luta e, às vezes, enrosca no fundo para não ser capturado. Nesses casos, o segredo é ter paciência, que eu tenho de sobra. Tenho o dia inteiro à disposição do peixe”, explica ele.
Odair Camargo, guia de pesca em Mira Estrela (SP), capturou pirarucus de 133 kg e 161 kg
Na mesma região, dois pescadores capturaram um peixe da espécie que pesava 75 quilos e tinha 1,09 metros, no dia 20 de julho.
Em seguida, o pirarucu foi limpo, e os pescadores retiraram o couro e repartiram a carne ao meio. O prazer de provar uma proteína saborosa e suculenta é indescritível, mas, para eles, a experiência de fisgar uma das espécies mais cobiçadas do mundo foi extremamente valiosa.
Pescadores capturam peixe de 75kg em Mira Estrela
Adaptação ao Rio Grande
Há cerca de dez anos, quando começaram a surgir as primeiras capturas da espécie no interior de São Paulo, também vieram os questionamentos sobre a forma como ela foi inserida em um habitat exótico.
O que se sabe é que, originário da região amazônica, o peixe se adaptou muito bem às condições climáticas e encontrou maneiras para se alimentar e se reproduzir no Rio Grande.
No entanto, somente estudos científicos serão capazes de abordar os efeitos, a longo prazo, da presença do pirarucu no noroeste paulista.
Pirarucu capturado em Mira Estrela (SP)
Arquivo pessoal
O pirarucu ou Arapaima gigas (popularmente chamado de “bacalhau do Norte”) já estava no planeta bem antes do surgimento dos primeiros seres humanos e chegou a conviver com os dinossauros, há 200 milhões de anos.
Também é conhecido como “gigante pré-histórico” e precisa ir até a superfície da água para respirar. Alimenta-se de invertebrados aquáticos, como insetos, moluscos e crustáceos.
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