Clara Resort e Inhotim: o conceito de hospedagem de luxo com arte sem igual no mundo

Por Leandro Mazzini

A sensação de quem pisa no hall do Clara Arte Resort, em Brumadinho (MG), é que faltava essa obra dentro do Instituto Inhotim. Como uma grande galeria – e constata-se isso com seu espaço arquitetônico com pé direito alto, variados livings que privilegiam a luz ambiente e um mobiliário de luxo acessível. O detalhismo com o conforto nas áreas de convivência impressiona em cada canto, aliado aos bangalôs (grandes e intimistas). Eu estava num dos sofás da recepção do resort quando notei uma cena que imprime esse cenário: apenas para montar e instalar uma poltrona de grife no lugar ideal do hall havia uma decoradora e sete auxiliares debatendo o melhor ponto.

O Clara Arte levou a CEO Taiza Krueder ao ápice de sua carreira de hoteleira até o momento. Não há resort igual no Brasil – um seis estrelas, garanto, digno de concorrer com qualquer hotel internacional do porte. Não bastasse a ampla piscina com o inigualável mármore verde esmeralda “Guatemala” – o metro quadrado sai a mais de R$ 3 mil na praça – cada pedra ou madeira de lei sobreposta no assoalho e paredes do hotel compõem um desafio ao visitante: como escolher uma gama de espaços para curtir a essência da hotelaria de primeira linha? Não bastasse esta, a decoração da piscina de 25 metros do SPA, coberta e mais abaixo do deck ambiente, foi projetada com azulejos pintados a mão em tons de cinza pelo artista plástico pernambucano José Patrício.

Pronto, o único hotel do Brasil onde você pode nadar numa obra de arte, idealizada pela empreendedora num local mágico: tudo isso dentro do Inhotim, o maior museu de arte contemporânea a céu aberto do mundo. Fundado pelo ex-minerador Bernardo Paz, Inhotim virou point de grupos semanais de estrangeiros e brasileiros, um modelo sem igual no mundo, onde dezenas de galerias de artistas consagrados, outrora bancados pelo mecenas anfitrião, se distribuem pelo arvoredo de bosques e descampados muito bem cuidados em jardins – muitos deles projetados por Luiz Carlos Orsini. Faltava aos visitantes um hotel à altura do parque.

Idealizado há 10 anos por Paz, o hotel travou por variados motivos. Quando soube que o empreendedor procurava um investidor, Taíza o conheceu por amigo em comum, mas já foi logo avisando: “Bernardo, eu não tenho sócio”. Ele topou vender algumas dezenas de hectares verdes para o grupo Clara, que concretizou em 20 de dezembro de 2024 a primeira fase: 46 bangalôs super confortáveis em meio aos bosques, e a poucos minutos das primeiras galerias e do centro de vivência do Inhotim – os “carrinhos de golfe” ajudam na travessia. O escritório Hemisfério Arquitetura completou o projeto.

Crédito: Brendon Campos 

Inevitável dizer que os bangalôs super confortáveis são outra obra de arte – arquitetônica, evidente. Em média com 70m², têm suíte com carpetes, mobiliário de madeira de lei, varanda com lareira, mini kitchen com eletrodomésticos de grife e um amplo closet acoplado ao banheiro onde reinam banheiras fabricadas de pedra sabão. Isso mesmo. A tarifa média é de R$ 3 mil a diária (all inclusive, com refeições). Tudo foi planejado para que o hóspede saia de um passeio no parque e encontre na privacidade da suíte um conforto para os pés, o corpo inteiro. Interligados por trilhas de pedras, com jardinagem impecável, os atuais 46 bangalôs dão acesso facilitado à área de lazer das piscinas e SPA com produtos L’Occitane e quatro cômodos para as massagens.

Crédito: Brendon Campos

A exemplo dos outros dois resorts (Ibiúna e Dourado, interior paulista), Taíza se preocupou excessivamente com o meio ambiente. Há reservatórios gigantes para tratamentos de água filtrada e uma ETE (Estação de Tratamento de Esgoto), sem retorno de resíduos dos restaurantes e suítes ao solo e lençol freático. O uso de papel em todo o hotel é mínimo, uma regra. Ela priorizou também os fornecedores locais para obra e serviços. O ar de mineiridade está em toda parte do hotel, do sotaque do staff bem treinado, passando ao imobiliário até a cozinha – comandada pelo conhecido chef Leo Paixão, e no dia-a-dia pelo chef Gabriel Sodré. Foi este quem recebeu com um jantar saboroso o grupo de 12 jornalistas de quatro países que visitaram o Clare Resort e o Inhotim de 10 a 12 de fevereiro, em evento promovido pelo e-mundi, marca que promove press trips e seminários no Brasil.

De acordo com o projeto, a primeira etapa do hotel conta com esses 46 bangalôs, piscinas climatizada e coberta, sauna, SPA, dois restaurantes, brinquedoteca, academia e espaço para eventos. É, claro, um programa família (a bandeira do grupo hoteleiro) associado aos amantes da cultura que transcende os jardins. Tornou-se, assim, o único lugar do mundo com um programa de hotelaria cosmopolita de luxo & antropologia e arte. Inhotim – que já sediou festival gastronômico – além das galerias vai receber este ano palestras sobre ancestralidade indígena, debates que envolvem a COP30, festival de música etc.Taíza, aliás, é chef de cozinha e conhecida nas redes sociais pelo canal “Clara in Casa”, onde apresenta seus pratos com chefs e famosos. Montou seu próprio bangalô no resort, com armário especial para seus utensílios, para se refugiar quando sai de São Paulo. Para acompanhar um ritmo crescente e eclético de programações anuais do instituto, o Clara Arte pensou em crescer junto. O projeto final contará com 150 suítes – mais 60 nos próximos dois anos. “E um SPA cinematográfico no meio da floresta”, garante a CEO. O hóspede sai dali com a sensação de que o hotel é, em si, mais uma galeria premiada.

Crédito: Brendon Campos 

Sobre a programação do Inhotim:

“Em 2025, a programação do Instituto Inhotim discute arte, natureza e território, com ênfase nas perspectivas de povos originários e nas relações com artistas da região. Ao celebrar dez anos de inauguração da Galeria Claudia Andujar, o Inhotim convida artistas indígenas a integrarem a mostra, reformulando-a partir de culturas e cosmologias diversas para apresentar perspectivas sobre o estatuto das imagens e da representação e, sobretudo, pautar a luta pela terra. Fazem parte da mostra, que será inaugurada no dia 26 de abril, artistas como Denilson Baniwa (1984), Paulo Desana (1979), Edgar Kanaykõ (1990), UÝRA (1991), Elvira Espejo (1981)”.

Acontecerá de “12 e 13 de julho de 2025 a segunda edição do festival de música Jardim Sonoro, que em 2024 recebeu cerca de 9 mil pessoas”. O instituto também sediará a segunda edição do Seminário Internacional Transmutar, confirmada para setembro de 2025, “composta exclusivamente por expoentes do pensamento indígena das Américas”.

O jornalista viajou a convite do e-mundi e do Clara Arte Resort

 

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