Médica que atendeu Aurora, de 1 ano e 2 meses, disse que a menina estava com uma crise de asma. A menina morreu horas depois e o laudo do IML aponta que a causa da morte foi broncopneumonia. Aurora tinha 1 ano e dois meses
Arquivo pessal
A direção da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Benedito Bentes, em Maceió, informou que apura um possível caso de negligência médica que resultou na morte de uma menina de 1 ano e 2 meses.
Em nota enviada ao g1, o Instituto de Saúde e Cidadania (ISAC), responsável pela gestão da UPA do Benedito Bentes, disse que a direção da unidade lamenta o ocorrido e afirmou que a equipe buscou prestar o melhor atendimento utilizando os recursos disponíveis e “seguindo todos os protocolos clínicos” (leia nota na íntegra mais abaixo).
“A criança recebeu assistência intensiva e a equipe trabalhou incansavelmente para estabilizá-la. Neste momento, a unidade conduz uma apuração criteriosa, por meio de sua Comissão de Óbitos, para analisar cada detalhe do ocorrido, reafirmando seu compromisso com a transparência e a busca pela melhoria contínua dos serviços”, diz a nota.
No relato publicado no Instagram, Kettly Ferreira, mãe da pequena Aurora (assista mais abaixo) conta que a criança deu entrada na UPA por volta das 7h do último domingo (22), apresentando falta de ar, respiração alterada e vômitos.
A médica que atendeu Aurora disse que a menina estava com uma crise de asma. Mas, segundo Kettly, a criança não era asmática. Aurora morreu por volta das 12h. O laudo do Instituto Médico Legal (IML) aponta que a causa da morte foi broncopneumonia.
Nota à Imprensa
A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Benedito Bentes lamenta profundamente o falecimento da pequena Aurora e manifesta solidariedade à família neste momento de dor.
Desde a chegada da paciente, a equipe realizou todos os esforços possíveis para prestar o melhor atendimento, utilizando os recursos disponíveis e seguindo todos os protocolos clínicos. A criança recebeu assistência intensiva e a equipe trabalhou incansavelmente para estabilizá-la.
Neste momento, a unidade conduz uma apuração criteriosa, por meio de sua Comissão de Óbitos, para analisar cada detalhe do ocorrido, reafirmando seu compromisso com a transparência e a busca pela melhoria contínua dos serviços.
A UPA Benedito Bentes permanece à disposição da família para quaisquer esclarecimentos extras e reitera seu comprometimento com a saúde e a dignidade de todos os cidadãos que são atendidos diariamente.
“Não fizeram o mínimo”, desabafa a mãe da criança
Mãe denuncia negligência médica após morte de filha de 1 ano e 2 meses em Maceió
Segundo Kettly Ferreira, falhas no atendimento e erros médicos levaram à morte de Aurora.
“Ela chegou ‘roxinha’ por falta de oxigênio, ela estava tentando puxar ar, e a médica não solicitou uma chapa do pulmão da minha filha, ela não auscultou o pulmão da minha filha com estetoscópio, ela não fez o mínimo. Disse que era crise asmática, sendo que ela não tinha [asma]”, conta Kettly.
Segundo Kettly, Aurora foi encaminhada para a área vermelha duas vezes. Na primeira vez, a mãe conta que foi colocado um aparelho para verificar a saturação da menina, mas que o equipamento utilizado não adequado para crianças, e sim para adultos, e por isso o equipamento teria informado que a saturação estava boa. Assim, Aurora voltou à ala pediátrica.
“Aconteceu outro erro médico. Tiraram a máscara que estava dando oxigênio a ela. Minha filha estava tão agoniada que ela ficava todo tempo deitada de bruços na maca, até que eu a peguei no colo e ela acabou perdendo o acesso do soro. As enfermeiras simplesmente disseram: ‘Ela tirou o acesso por sua causa, sua filha vai voltar para a área vermelha por sua causa'”.
Kettly conta que a equipe procurou as veias de Aurora para colocar o acesso novamente. “Foi aí que a médica que admitiu aurora auscultou ela, disse que estava com um ‘chiadinho’ no peito e disse: ‘Vou aqui e volto já’, e foi embora. Quando eu chamei a Aurora, ela não estava mais ali. Ela ficou com aquele olhar gelado, paralisado”.
“A Aurora veio de surpresa e foi embora de surpresa. A passagem dela na minha vida foi uma coisa linda. Ela era uma criança cheia de luz”, disse Kettly.
Kettly conta que pedia constantemente uma posição sobre o estado da filha, mas foi um longa espera até receber um retorno da equipe médica.
“Nenhuma das médicas me disse o que a minha filha teve até então, era um laudo inconclusivo. No laudo que a médica deu, diz que tentaram reanimar a minha filha por 52 minutos. É mentira. Foi um quadro que evoluiu rápido, a Aurora faleceu por volta de 12h. Quando ela saiu dos meus braços, ela já estava morta”.
“O que me dói mais é saber que isso pode acontecer com outra pessoa, com outra criança. Isso não é justo com ninguém. Eu não quero que nenhuma mãe passe pelo o que eu passei. A dor que eu estou sentindo, eu não desejo para ninguém”.
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