Dia da Onça-Pintada: câmeras captam harmonia entre felinos e pantaneiros no Sesc


Onças-pintadas e o pantaneiro Dito Verde, de 76 anos, ocupam o mesmo território na maior Reserva Particular do Patrimônio Natural, a RPPN Sesc Pantanal. A coexistência harmônica entre onças-pintadas e ser humano tem sido observada no Pantanal mato-grossense por meio de câmeras trap, que fazem parte da pesquisa de grandes felinos na Reserva Particular do Patrimônio Natural, a RPPN Sesc Pantanal. Maior do Brasil, com 108 mil hectares, a unidade de conservação é o cenário dessa convivência entre diferentes indivíduos de onça-pintada com o pantaneiro Benedito Alves da Silva, o Dito Verde, de 76 anos.
O único morador da RPPN Sesc Pantanal sempre contou sobre esse convívio, mas poucas pessoas acreditavam que ele via da janela de casa as onças passando pelo seu quintal sem a intenção de atacá-lo. Além do relato do pantaneiro, os únicos registros comprovados até então eram as pegadas dos felinos.
A coexistência harmônica entre onças-pintadas e ser humano tem sido observada no Pantanal mato-grossense por meio de câmeras trap, que fazem parte da pesquisa de grandes felinos na Reserva Particular do Patrimônio Natural, a RPPN Sesc Pantanal.
Assessoria
Com duas câmeras trap instaladas próximas à casa, foi possível visualizar o que antes só o Dito Verde via. “As onças-pintadas são minhas amigas e eu sou amigo delas”, costuma dizer ele, que nasceu e cresceu no lugar em que vive até hoje.
As câmeras capturaram registros impressionantes, como onças-pintadas e pardas próximas à casa, demonstrando a tranquilidade desses animais. Em uma das câmeras foi possível registrar uma onça-pintada com filhotes, evidenciando que o local é um ambiente seguro tanto para os humanos quanto para a fauna.
De acordo com o ecólogo do Sesc Pantanal e gestor da RPPN Sesc Pantanal, Alexandre Enout, essa relação demonstra o fundamental papel das pessoas para a conservação da espécie, ameaçada de extinção. “A onça-pintada é o maior felino das Américas. Sua presença é sinal de áreas conservadas e não de ameaça para o homem, como mostram os registros das câmeras trap próximas à casa. A RPPN protege uma das maiores populações desta espécie que já foi declarada extinta ou em perigo de extinção em diversas regiões em que ocorria naturalmente”, explica.
Um dos maiores projetos de monitoramento de onças-pintadas e pardas no Brasil ocorre dentro da RPPN Sesc Pantanal desde 2020 e já soma 160 mil vídeos com 60 espécies, entre elas a onça-pintada.
Assessoria
Pesquisa com câmeras trap
Um dos maiores projetos de monitoramento de onças-pintadas e pardas no Brasil ocorre dentro da RPPN Sesc Pantanal desde 2020 e já soma 160 mil vídeos com 60 espécies, entre elas a onça-pintada. O estudo é realizado em parceria com o Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com participação de pesquisadores do Grupo de Estudos em Vida Silvestre (GEVS).
De acordo com gestor da RPPN, essa coexistência é possível devido à proteção conferida pela Reserva, com quase trinta anos de monitoramento, conservação, pesquisa e educação ambiental. Crédito: Assessoria
“As onças-pintadas são registradas por toda a RPPN, sem evidências de qualquer ameaça ao homem. Pelo contrário, os seus registros geralmente se dão por pegadas ou pelo uso de armadilhas fotográficas não invasivas, que são acionadas por qualquer tipo de movimento seja de um animal ou de um galho. Essas gravações revelam informações fascinantes para compreensão do modo de vida de tais animais”, explica a pesquisadora do GEVS, Gabriela Schuck.
De acordo com gestor da RPPN, essa coexistência é possível devido à proteção conferida pela Reserva, com quase trinta anos de monitoramento, conservação, pesquisa e educação ambiental. “E também pelos métodos de vida tradicionais deste pantaneiro que compreende a importância do equilíbrio ecológico para que ele possa viver como seus ancestrais viveram ali na margem do Rio Cuiabá”, completa Alexandre Enout.
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