De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, todos os municípios deveriam ter dado fim aos lixões até o último mês de agosto. Lixões ainda são destinos de despejo para resíduos sólidos
Imagem: Reprodução/ TV Globo
3 em cada 10 municípios brasileiros ainda despejam resíduos em lixões, sem qualquer tipo de cuidado com o meio ambiente.
Era para essa montanha de lixo já ter desaparecido.
Mas, ao invés de sumir, ela cresceu.
De acordo com a pesquisa sobre saneamento básico do IBGE, três em cada dez municípios brasileiros continuam usando lixões (31,9%). São locais de despejo de resíduos sem nenhum tipo de controle ou tratamento, que causam diversos problemas ambientais, além de fragilizar a saúde dos moradores.
De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, todos os municípios deveriam ter dado fim aos lixões até o último mês de agosto.
A situação mais crítica é na Região Norte, onde 73% dos municípios ainda têm lixões (73,8%). A pesquisa foi feita entre setembro do ano passado e março deste ano.
“Falta capacitação técnica, falta recursos financeiros, falta cobrança pelo gerenciamento de resíduos, há muita descontinuidade administrativa, falta educação ambiental”, diz a professora de Gestão de Resíduos Sólidos da UERJ, Ana Ghislane Van Elk.
Apenas 28% das cidades têm aterro sanitário (28,6%), que são projetados para receber e tratar os resíduos de maneira segura e ambientalmente correta.
Esse rio, o Gávea Pequena, que corta a comunidade Mata Machado, na Zona Norte do Rio, já foi lugar de banho e de pesca, mas em mais de 80 anos não houve avanço na questão do saneamento básico e muito pouco na coleta de lixo. Esse é o retrato de grande parte do Brasil.
“E tudo isso que vem acontecendo na comunidade, o poder público não vem atendendo a gente a base dos 80 anos. Nossa comunidade vem refém disso tudo.”, diz Arthur Júnior, líder comunitário.
Mas houve avanço. Em 2017, 38,2% dos municípios contavam com política de saneamento básico finalizada. Em 2023, o índice foi bem maior, mais da metade dos municípios (55,9%).
E os desafios continuam.
“Se a gente quer avançar, a gente precisa ter uma política adequada, a gente precisa ter metas claras e objetivas para que a população possa acompanhar o avanço do acesso ao saneamento e cobrar o avanço do saneamento”, pondera Luana Pretto, presidente executiva do Instituto Trata Brasil.
“O acesso pleno ao saneamento básico traz um futuro melhor para uma próxima geração.”, complementa a especialista.
O que ainda ajuda a tornar o quadro menos grave em 60,5% dos municípios com algum serviço em manejo de resíduos sólidos são as coletas seletivas.
Em muitos casos, elas são feitas por cidadãos como o Rodrigo, que tira o seu sustento daqui.
“Ajudo a limpar a comunidade fazendo coleta, retirando a reciclagem para poder fazer o bem ao meio ambiente e à comunidade, e acho que se cada um fizer um pouquinho, é essencial”, diz o reciclador Rodrigo Nunes.
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