Primata da África tem testículos em cor que chama a atenção


Característica do macaco-vervet é usada para comunicar status social, atrair parceiras e se destacar no ambiente. Cor azulada dos testículos serve de referência à dominância física como atração sexual dentro do grupo
Ian McCutcheon
Nas savanas africanas, o macaco-vervet (Chlorocebus pygerythrus) têm uma característica curiosa de se destacar no grupo. Essa espécie possui os testículos na cor azul-turquesa, em contraste com o órgão reprodutor que é de coloração vermelha, utilizando essas cores como uma forma única de comunicação.
É com esses sinais que eles conquistam parceiras, mostram força e garantem seu espaço na complexa dinâmica da vida em grupo. Estudos indicam que essa coloração pode variar, sendo possivelmente relacionada ao estresse, nutrição ou status de dominância.
A cor azulada dos testículos serve de referência à dominância física como atração sexual dentro do grupo, ou seja, quanto mais azulado for o testículo, mais destacado dentro do grupo será o macho.
“Serve para chamar a atenção das fêmeas (a cor). Existem ferômonios secretando e tem com isso aspectos de dominância e, assim, oportunidade de cópulas. Ela é importante no processo reprodutivo das espécies”, explica Alcides Pissinatti, chefe do Centro de Primatologia do Rio de Janeiro.
Além da coloração chamativa, o comportamento social dos macacos-vervet reforça seu papel como uma espécie altamente organizada. “Nem todas as espécies apresentam essa coloração marcada, mas de modo geral os comportamentos são semelhantes”, complementa Alcides.
Primatas vivem em grupos de até 75 indivíduos
Ian McCutcheon
Esses primatas vivem em grupos de até 75 indivíduos. Os machos da espécie migram entre eles, enquanto as fêmeas permanecem em seu grupo natal e mantêm relações matrilineares – descendência é contada pela linha materna- bastante rígidas.
Isso proporciona oportunidades para cuidados compartilhados e relações complexas entre irmãos, comportamentos sociais também observados em outras espécies do gênero Chlorocebus. O sistema de acasalamento é poligâmico – macho possui mais do que uma parceira sexual, com um macho alfa que controla as interações sociais e as cópulas das fêmeas com outros machos.
Frequentemente territoriais e agressivos, os macacos-vervet foram observados mudando seus territórios para se afastarem de outros grupos. Em algumas ocasiões, mudaram até de área devido à deterioração do habitat, o que resultou, em certos casos, na fusão de grupos.
A espécie
De acordo com informações do Handbook of the Mammals of the World, os macacos-vervet tem como habitat natural savanas, matas abertas, mosaicos de floresta-campo, bordas de floresta, áreas cultivadas e regiões de altitude até 1.800 metros acima do nível do mar, sendo frequentemente associados às florestas de miombo.
Primatas têm hábitos diurnos e passam a maior parte do tempo no chão
kck83/iNaturalist
Possuem uma dieta diversificada, alimentando-se de folhas, frutas, sementes, gomas, flores, pequenos mamíferos e, às vezes, insetos e aves. Eles invadem plantações e pomares e se adaptam prontamente à convivência com humanos.
Os primatas têm hábitos diurnos e passam a maior parte do tempo no chão. Normalmente, dedicam entre 30% a 40% do dia à busca por alimento, enquanto outra parte do tempo é empregada na vigilância do ambiente, seja para detectar predadores ou localizar outros membros do grupo.
Esses comportamentos podem variar de acordo com fatores como a estação do ano, o local onde vivem e o tamanho do grupo. Grupos maiores oferecem vantagens claras, influenciando significativamente os padrões de atividade e proporcionando maior segurança e eficiência na busca por recursos.
Repertório vocal dos macacos-vervet é amplamente estudado
aramirez/iNaturalist
Apesar de serem classificados como espécies típicas de savana, tendem a viver em territórios com uma boa quantidade de árvores. Esses habitats fornecem os recursos necessários para sua sobrevivência e são estratégicos para evitar predadores.
O repertório vocal dos macacos-vervet é amplamente estudado, destacando-se seus chamados de alarme específicos para diferentes predadores, que alertam outros membros do grupo sobre o perigo.
Entre seus principais predadores estão os leopardos (Panthera pardus), que os caçam com maior frequência, além de pítons e águias-marciais (Polemaetus bellicosus), que representam ameaças menos comuns.
*Texto sob supervisão de Lizzy Martins
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