Governo perdeu ‘timing’ do corte de gastos, e Galípolo deve assumir BC com juros em tendência de alta


Gabriel Galípolo e Fernando Haddad em imagem de agosto
MATEUS BONOMI/AGIF – AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO
Assessores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avaliam que o governo perdeu tempo demais em divergências internas sobre a necessidade de medidas para cortar gastos e reforçar o arcabouço fiscal.
Com isso, segundo essa análise, o Planalto perdeu o “timing” ideal para lançar o pacote e atrasou os impactos positivos na economia. A promessa inicial era de divulgar as medidas logo após as eleições municipais – o que já poderia ter gerado impacto no ambiente econômico.
O dólar, por exemplo, poderia não ter disparado tanto como nas últimas semanas. A alta pressionou a inflação e levou o Banco Central a aumentar a intensidade de elevação dos juros – indicando um ciclo de aperto monetário mais prolongado do que o previsto inicialmente.
No “plano ideal” do governo Lula, o futuro presidente do BC, Gabriel Galípolo, assumiria o posto em janeiro com uma possibilidade no horizonte de reiniciar os cortes na Selic já no começo do ano.
Agora, a realidade é outra: a tendência é de manter os juros em alta.
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“Teve ruído demais, perdemos muito tempo para tomar uma decisão necessária, perdemos o timing para o anúncio das medidas. Agora, os juros devem seguir aumentando”, desabafa um assessor.
Lula se reúne nesta segunda (25) com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para fechar as medidas que devem ser anunciadas nesta terça (26).
A ideia principal é enquadrar as despesas do governo nas regras fiscais, que proíbem que os gastos tenham um aumento real acima de 2,5%.
Economistas avaliam que as medidas são importantes, mas o ideal seria um corte em despesas obrigatórias, e não apenas reduzir o ritmo de crescimento delas, como deve ser anunciado amanhã.
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