Um menino de 8 anos alcançou destaque nacional e internacional ao mostrar toda sua habilidade no Jiu-Jitsu, modalidade que surgiu em sua vida após recomendação de um neurologista. Natural de Blumenau, Heithor Valentim Simas foi diagnosticado com TEA (Transtorno do Espectro Autista) aos 4 anos de idade.
O pequeno atleta iniciou os treinos de Jiu-Jitsu aos 5 anos e, desde então, é presença marcada nas principais competições da modalidade, mostrando todo seu talento em cima do tatame.
Ao portal ND Mais, o pai do menino, Jeferson Simas, de 43 anos, contou que o médico sugeriu a prática de atividades físicas ao filho para ajudar na redução de ansiedade e agressividade, além de promover disciplina, maior interação social e integração com crianças da mesma faixa etária.
Heithor iniciou na natação e, com o tempo, observou que seu irmão mais velho praticava a arte marcial. Como já havia feito Jiu-Jitsu há alguns anos, Jeferson teve a ideia treinar junto com os filhos na mesma academia.
A família mora em Guabiruba e, desde que iniciou no esporte, o menino treina no C.T. Valter Gomes, em Brusque, com o professor Halley Schaefer.
“The Flash”: menino se destaca por grandes conquistas e finalizações rápidas
Heithor já participou de 54 competições desde o início de sua trajetória na modalidade. Entre os principais eventos competidos pelo menino estão o Mundial, Sul-Brasileiro, Sul-Americano, Internacional Kids e o Open Kids, além de diversos campeonatos estaduais.
O pai conta que o atleta é conhecido como “The Flash”, em referência ao herói da DC Comics que tem super velocidade, pois consegue finalizar seu oponente em um intervalo de 3 a 15 segundos. Entre suas conquistas estão quatro títulos de finalização mais rápida.
Com mais de 50 medalhas conquistas ao longo de sua jornada no Jiu-Jitsu, Heithor tem duas pratas no Mundial, é bicampeão brasileiro Gi/No Gi e campeão sul-americano pela CBJJC (Confederação Brasileiro de Jiu-Jitsu Competitivo), onde obteve dois ouros e uma prata no Internacional Kids.
O atleta também é tricampeão mundial pela CBJJC e se destaca no cenário estadual, com 37 medalhas de ouro, três pratas e um bronze.
Menino apresentou melhora significativa após iniciar no esporte
Jeferson contou que a família observou uma melhora significativa desde que o menino começou a treinar Jiu-Jitsu.
“Atualmente, ele demonstra maior controle sobre sua agressividade, além de apresentar mais disciplina, foco e coordenação motora. Também percebemos um aumento na capacidade de demonstrar afeto”, disse.
Além da luta, Heithor tem alguns hobbies que gosta de praticar, como andar de bicicleta e nadar. “Ele está sempre disposto a participar de qualquer tipo de atividade ou brincadeira”, completou o pai.
De acordo com a família, o atleta de Jiu-Jitsu valoriza a oportunidade de competir, pois isso o permite estar ao lado dos amigos e interagir com eles, independentemente de ganhar ou perder.
“Ele está sempre aberto a novas amizades e demonstra entusiasmo pelo ambiente das competições. Quando questionado, Heithor afirma que adora estar no tatame, reforçando sua paixão pela prática”.
O pequeno está a procura de patrocínio e colaboradores com quem possa fazer parcerias, para angariar recursos e seguir competindo em outros campeonatos. A trajetória do prodígio catarinense no Jiu-Jitsu pode ser acompanhada em seu perfil do Instagram.
A importância da atividade física no tratamento do autismo
Segundo tendências globais, estima-se que cerca de 1 em cada 100 crianças seja diagnosticada com TEA no Brasil.
Ao portal ND Mais, a neuropsicóloga Izadora Simas explicou que dados específicos mostram um aumento nos diagnósticos de autismo nos últimos anos, devido a uma maior conscientização, avanço nos métodos diagnósticos e expansão da cobertura de saúde.
Especialista em desenvolvimento infantil, autismo e análise aplicada do comportamento, a profissional detalha que o diagnostico é realizado por uma equipe multidisciplinar, composta por pediatras, neurologistas, psiquiatras, psicólogos, terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos.
“O processo inclui observação comportamental, onde se busca identificar as dificuldades e interação social, comunicação e comportamentos repetitivos, relatos dos responsáveis, obter informações sobre o desenvolvimento global, questões relacionadas à rotinas e cotidiano, assim como também do comportamento da criança, aplicação de instrumentos e protocolos específicos de cada área”.
Conforme Izadora, o diagnóstico precoce é essencial para um bom prognóstico. “O quanto antes começarem as intervenções, maiores são as chances do desenvolvimento de habilidades sociais, comunicativas, cognitivas e habilidades motoras”, explicou.
Ela detalha que, quando se fala de diagnóstico precoce, não é somente das intervenções em si, mas também de fortalecer a família com informações e fornecer apoio sobre o TEA, com orientações sobre gestão de comportamento e ações que podem ser feitas em casa, a fim de dar continuidade no que é feito dentro do contexto clínico.
“Juntando a assiduidade nas terapias e o trabalho com a família, é possível prevenir atrasos mais significativos e minimizar os impactos do TEA no desenvolvimento global”, completou.
Como o esporte pode auxiliar no tratamento de crianças com TEA?
De acordo com a neuropsicóloga, o esporte desempenha um papel importante no tratamento do autismo, promovendo melhora no desenvolvimento motor global com estímulos de coordenação motora, percepção corporal e equilíbrio.
“Trás benefícios para socialização, pois estimula a interação, principalmente no esporte coletivo com o trabalho em equipe. Outro ponto importante é que o esporte proporciona uma estrutura de funcionamento e previsibilidade”, pontuou.
A especialista concluiu que esses aspectos beneficiam as crianças com TEA, pois as mesmas precisam de rotina organizada e disciplina. Além disso, o esporte também atua como agente redutor de estresse, ansiedade e ajuda no controle de agitação motora.