PM que amputou perna após sofrer acidente de trânsito se destaca no paratletismo: ‘Vontade a mais de viver’


Orlando Freitas, de 48 anos, teve a perna esquerda amputada abaixo da coxa após sofrer um acidente de trânsito em 2009. Reformado da corporação, ele passou a enxergar a vida com mais leveza desde que conheceu o paratletismo. Orlando Freitas durante competição na Itália (à esq.) e uniformizado, com medalhas no pescoço (à dir.)
Arquivo pessoal
O PM reformado Orlando Freitas, que teve a perna esquerda amputada após sofrer um acidente de trânsito, foi ‘transformado’ pelo esporte profissional. Destaque do paratletismo, o soldado já conquistou o pódio em competições internacionais, como o Grand Prix de 2024, realizado na Itália. “Não podia deixar a cabeça travar”, disse ele.
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“Sua cabeça flui, te dá uma vontade a mais de viver. Quando eu voltei da Itália, voltei mais ambicioso. Falei: ‘Pô, se eu consegui chegar aqui, acho que consigo chegar em muitos mais lugares”, afirmou o soldado de 48 anos.
Nascido em Registro, no interior de São Paulo, Orlando entrou para a PM em 1997. Entre 2002 e 2004, virou membro do Batalhão de Polícia Militar do Interior (BPMi) em Iguape, onde também morou. O agente voltou para a capital paulista, onde vive atualmente, e ficou por mais cinco anos na corporação.
O acidente que mudou a vida do PM ocorreu em dezembro de 2009. Ele estava na garupa de uma motocicleta com um amigo rumo a Ibiúna (SP) quando o veículo foi atingido por um carro. O colega quebrou o braço, enquanto ele foi submetido à amputação transfemoral (abaixo da coxa esquerda).
PM reformado Orlando Freitas com medalhas de segundo e terceiro lugares
Arquivo pessoal
‘Não podia deixar a cabeça travar’
Com a amputação, Orlando foi aposentado e precisou se afastar do emprego que tanto amava. Ele se deparou com a necessidade de utilizar cadeira de rodas e, em pouco tempo, a adoração pela PM deu lugar à paixão pelo esporte.
A primeira escolha de Orlando foi o basquete, mas ele decidiu migrar para o atletismo por ser uma atividade esportiva individual. Mexer o corpo, segundo o PM reformado, significava também deixar a mente funcionando.
“Não podia deixar a cabeça travar, né? Ficar me lamentando da vida. Foi aí que eu procurei o basquete. Fiquei uns três, quatro anos no basquete e posteriormente fui para o atletismo”, afirmou ao g1.
PM reformado Orlando Freitas (de verde, com o número 24) ao lado de colegas paratletas na Itália
Arquivo pessoal
Apesar de viver em São Paulo, Orlando costuma treinar em Santo André (SP). No dia a dia, ele usa uma prótese com joelho mecânico, mas enquanto pratica esportes aposta em uma inteiriça, que não dobra.
Integrante de um grupo paralímpico-militar, ele foi selecionado como um dos seis melhores paratletas do Brasil para comparecer ao Grand Prix italiano e, desde o início deste ano, treinou para conquistar as medalhas.
Entre 22 e 24 de março, Orlando participou do Grand Prix em Jesolo, na Itália. O saldo foi positivo: uma medalha de bronze na modalidade de lançamento de dardo, uma de prata no arremesso de peso e outra de bronze no lançamento de disco.
‘Revolucionou a minha vida’
Medalhas de prata e bronze conquistadas por Orlando em Jesolo, na Itália
Arquivo pessoal
“[Participar da competição] Foi uma situação que você não sabe nem explicar. Porque foi surreal, eu não tinha essa expectativa de ir tão longe e, do nada, estava disputando um mundial”, contou ele, que já conquistou outras medalhas como paratleta.
A carreira esportiva não para por aí. O PM reformado se classificou para o campeonato brasileiro de arremesso de peso e lançamento de disco, que acontecerá entre 5 e 8 de dezembro.
O paratletismo representa elementos importantes na vida de Orlando. A partir das amizades, viagens e a chance de conhecer pessoas novas, ele passou a viver com mais leveza. “O paratletismo revolucionou a minha vida”, finalizou ele.
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