Iniciativa procura criar uma rota e preservar cultura econômica da capital mineira. Bar do Orlando, em Belo Horizonte
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Belo Horizonte agora tem um roteiro a mais para moradores e visitantes: o de bares antigos.
O bar do seu Orlando é de 1919. “Tem muito movimento de estudante… operário, médico, advogado, tem de todo tipo. O bar, realmente, esse balcão é pra isso mesmo. Para essa mistura”, diz o dono, Orlando Júnior.
É o bar mais antigo de Belo Horizonte. Uma mistura de museu, mercearia, com uma estufa cheia de “trem gostoso”.
“Eu adorei o trio da roça. Tem torresmo, batata, linguiça da casa…”, conta Joab Cruz, professor que frequenta o bar.
No inventário dos “Bares com Alma”, tem bar das nove regionais da cidade – todos com pelo menos 30 anos de história.
“É uma preservação dessa cultura econômica que tem por trás desses estabelecimentos, além de nos posicionar turisticamente, criando, de fato, uma rota. No histórico, no conteúdo que foi gerado, a gente tem o endereço, nome, como chegar a esses bares, o que cada bar tem de diferente… Então tá tudo traduzido agora, de fato, e reconhecido”, conta Bárbara Menucci, presidente da Belotur.
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No Mercado Central, o povo se amontoa pra comer fígado e chouriço com jiló. E é assim mesmo, em pé. “É o desconfortável que é confortável pra alma”, brinca Dino Leonardo, advogado.
Lôra, do bar no Mercado Central, em BH
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A Lôra, como é conhecida em BH, foi a primeira mulher a estar a frente de um bar no mercado. Honrou a história do pai, que começou tudo isso.
“Existem várias barreiras, muita coisa passei por cima. Muito preconceito. Mas eu sou mulher de fibra, e aí a gente vai”, conta Eliza Fonseca, também conhecida como “Lôra”.
É tanta paixão pelo que faz que até petisco na boca de alguns clientes ela serve. “É o carinho de BH, sensacional, muito bom, diz o turista Luciano Hasenclever.
“Um bar que todos vem e são bem tratados e vem com amor. E a alma vem junto, vem por trás do amor”, completa Lôra.
E o bar Café Palhares, no centro de BH, que há quase 90 anos tá sempre lotado? Nem em dia assim o povo desiste. Enfrenta chuva, fila, tudo pra conseguir um lugar no tradicional balcão.
“Uma energia muito boa, né”, diz o turista Adriano Frasson.
“É uma experiência incrível. Muito diferente, o pessoal totalmente acolhedor, uma comida maravilhosa”, completa Gláucia Frasson.
Kaol, PF que atrai turistas no Café Palhares em BH
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A Gláucia e o Adriano comeram o kaol: uma cachacinha, arroz, ovo, linguiça e uma cachacinha. O prato único do bar, que só dá uma variadinha numa dessas delícias.
“O tradicional é com linguiça, que é feita aqui na casa todos os dias. Também tem o pernil fatiado bem gostoso, tem a língua, dobradinha e carne cozida. A história do bar se confunde com a história da cidade. Então fazer parte disso tudo é muito gratificante e traz um amor muito grande pra gente”, diz o dono do bar, André Palhares.
O PF atrai gente de longe. A Keylla nem pensou em outro destino pra trazer os amigos turistas.
“O prato é maravilhoso. Então, se vier em Belo Horizonte e não conhecer aqui o prato principal, não é passar em BH”, conta a administradora Keylla Marinho.