Durante a cerimônia de encerramento do G20 Social, realizada neste sábado (16) no Rio de Janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que levará as demandas da sociedade civil às discussões da cúpula de chefes de Estado do G20, que começa nesta segunda-feira (18). O presidente também defendeu a continuidade do “fórum social” nos próximos anos, destacando a importância da iniciativa para incluir as vozes da população nas decisões globais.
Lula ressaltou que o principal objetivo do evento foi permitir que a sociedade civil “assumisse o papel de reforçar para que as coisas aconteçam de verdade para o povo”. Ele criticou a atual dinâmica da economia e da política internacional, afirmando que esses temas não podem ser tratados como “monopólio de especialistas e burocratas”.
“Governos precisam romper com a dissonância cada vez maior entre a voz dos mercados e a voz das ruas. O G20 precisa discutir uma série de medidas para discutir o custo de vida e promover jornadas de trabalho mais equilibradas. (…) Para que o extremismo não gere retrocessos e ameace direitos”, afirmou Lula em seu discurso.
A declaração final do G20 Social, lida por representantes da sociedade civil na manhã deste sábado, trazia diversas reivindicações, como a “taxação progressiva dos super-ricos”, a defesa da democracia contra forças extremistas e a necessidade de uma reforma no Conselho de Segurança da ONU, buscando maior representatividade para os países do Sul Global.
O pleito por uma reforma nos organismos multilaterais e a taxação dos super-ricos fazem parte da agenda prioritária do Brasil e estão sendo discutidos nas negociações da Cúpula do G20. O documento também destacou a necessidade de uma “reforma da governança global que assegure o fim dos conflitos armados”, bem como um combate mais eficaz à fome, à pobreza e à desigualdade, com especial ênfase na adesão de todos os países do G20 à “Aliança Global contra a Fome e a Pobreza”.
A cerimônia contou com a presença de Ronald Lamola, chanceler da África do Sul, que representou o presidente sul-africano Cyril Ramaphosa. A África do Sul será a próxima sede do G20, em 2025. Lamola elogiou a iniciativa do G20 Social e indicou que, sob a presidência sul-africana, o evento poderá ser repetido, com o foco na participação da sociedade civil. “A África do Sul quer usar sua presidência para criar o futuro. Quando o mundo está tão dividido, queremos fortalecer nossos compromissos com os grupos de engajamento para ter o ‘G20 do Povo'”, afirmou Lamola.
Em relação ao conflito em Gaza, a ativista iemenita Tawakkol Karman, vencedora do Nobel da Paz em 2011, foi uma das representantes da sociedade civil internacional no evento. Em seu discurso, Karman agradeceu a Lula por sua postura em relação à Palestina, ressaltando sua condenação à atuação militar de Israel, que ela qualificou como um “genocídio”.
“Em nome do povo palestino e do povo árabe, agradecemos ao presidente Lula por sua firme posição. O que está acontecendo em Gaza é um genocídio, cometido por Israel”, afirmou Karman, endossando a postura pró-Palestina e entoando gritos de “Palestina livre” ao final de seu pronunciamento.