Candidato a prefeitura de SP pelo PROS, o empresário reduziu o valor de duas empresas e deixou de declarar uma à Justiça Eleitoral. Segundo ele, divergência nos dados foi ‘erro simples, questão de contabilidade’. Pablo Marçal, candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PRTB, chega aos estúdios Globo em São Paulo para entrevista
Fábio Tito/g1
O empresário Pablo Marçal, candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PRTB, ocultou R$ 22 milhões na declaração patrimonial que apresentou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para concorrer às eleições municipais deste ano.
A informação foi divulgada pelo UOL e confirmada pelo g1.
Veja a lista dos patrimônios dos candidatos à Prefeitura de SP
Na relação de bens, o candidato declarou duas empresas com valores muito inferiores aos que constam na Receita Federal. Além disso, deixou de declarar um negócio de compra e venda de imóveis que tem junto à esposa, Ana Carolina Marçal.
🏛️ MARCAL HOLDING LTDA (CNPJ 40.605.140/0001-08)
Consta na Receita Federal que o capital social da empresa, ou seja, o valor inicialmente investido nela, corresponde a R$ 39,7 milhões.
Ao TSE, Marçal declarou ser responsável por metade (50%) desse valor. Contudo, em vez de informar a quantia de R$ 19,8 milhões, o candidato informou R$ 250 mil — uma diferença de R$ 19,6 milhões.
🏛️ MARCAL PARTICIPACOES LTDA (CNPJ 36.614.934/0001-60)
De acordo com a Receita, o capital social da empresa é de R$ 2,8 milhões.
Marçal declarou à Justiça Federal ser responsável por 90% dessa quantia. Porém, informou o valor de R$ 450 mil, no lugar dos R$ 2,5 milhões correspondentes à sua participação — uma diferença de R$ 2,4 milhões.
🏛️ FLAT PARTICIPACOES LTDA (CNPJ 50.115.268/0001-47)
Aberta em março de 2023, a empresa não aparece na declaração apresentada por Pablo Marçal ao TSE.
O capital social que consta no sistema da Receita Federal é de R$ 1 milhão. O percentual societário do candidato é desconhecido.
Registro da empresa Flat Participações LTDA no sistema da Receita Federal
Reprodução
A entrega da declaração patrimonial é obrigatória para que haja o registro da candidatura, o que, no caso de Marçal, ocorreu na última semana. Neste ano, os interessados em disputar as eleições têm até a manhã desta quinta-feira, 15 de agosto, para apresentar a documentação.
Segundo o TSE, devem constar nas declarações os bens que estão em nome dos próprios candidatos, como imóveis, terrenos e automóveis. “Além disso, os políticos também precisam declarar os valores de participações em empresas, negócios próprios, saldos em contas-correntes, poupanças, ações em bolsa e outras aplicações.”
A relação dos bens fica disponível no portal DivulgaCand e é de consulta pública.
‘Erro simples’
Pablo Marçal, durante debate na Bandeirantes
Renato Gizzi/Agência O Dia/Estadão Conteúdo
Por nota, a campanha de Pablo Marçal (PRTB) afirmou que houve um erro no lançamento das informações, que serão retificadas ao Tribunal Superior Eleitoral. Disse ainda que o candidato “nunca ocultou seu status como um homem bem-sucedido”.
Até o início da tarde desta quarta-feira (14), os dados seguiam desatualizados.
Ao ser questionado sobre o patrimônio ocultado, Marçal afirmou ao UOL que o caso se tratava de “um erro simples, coisa de contador”. A afirmação gerou críticas por parte da categoria, levando o Conselho Regional de Contabilidade (CRC-SP) a se manifestar.
“Esclarecemos que a função do contador é assegurar que todos os dados fornecidos pelo cliente sejam tratados com a máxima diligência, respeitando as normativas vigentes e os princípios da contabilidade. A veracidade e a integridade das informações prestadas ao contador são de inteira responsabilidade do cliente, sendo este o responsável por fornecer dados precisos e completos para que os registros contábeis reflitam a situação real do patrimônio e das finanças”, disse o presidente João Carlos Garcia.
“Reiteramos que o contador não cria, modifica ou ajusta informações sem o devido embasamento e autorização do cliente. A atuação do contador se limita ao registro correto dos fatos apresentados, dentro dos limites éticos e legais, garantindo assim a conformidade com as obrigações legais e fiscais pertinentes.”
Histórico de mudanças
Esta é a segunda eleição seguida na qual Marçal tem divergências no patrimônio declarado à Justiça Eleitoral.
Em 2022, quando o empresário tentou concorrer à presidência da República, ele chegou a declarar R$ 16,9 milhões ao TSE, mas retificou o dado para R$ 96,9 milhões.
Como teve a candidatura impugnada, ele decidiu disputar as eleições para uma vaga de deputado federal, tendo que declarar novamente o patrimônio. Na segunda declaração, apresentou uma quantia de R$ 88,4 milhões.