Em greve de fome, 2 venezuelanos pedem reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre crise

Os venezuelanos Daniel Prado e Franklin Gómez fazem greve de fome para pedir ao Conselho de Segurança da ONU que convoque uma reunião extraordinária sobre a crise na VenezuelaCHARLY TRIBALLEAU

Charly TRIBALLEAU

Dois venezuelanos estão fazendo uma greve de fome para pedir ao Conselho de Segurança da ONU que convoque uma sessão extraordinária para analisar “a crise democrática” na Venezuela e “as ameaças que ela representa para a região e o hemisfério” após a polêmica eleição presidencial de 28 de julho.

“É preciso fazê-los entender que isso deixou de ser um problema isolado. É um problema, uma ameaça que pertence à região, e a única coisa que queremos é que eles se reúnam para discutir isso”, diz à AFP o artista Daniel Prado.

A oposição venezuelana afirma que seu candidato Edmundo González Urrutia venceu as eleições contra o presidente Nicolás Maduro, que se proclamou ganhador embora tenha se recusado a mostrar as atas de votação.

Maduro compareceu nesta sexta-feira (9) perante o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), ao qual pediu para validar sua reeleição, apesar da crescente pressão internacional para que comprove sua vitória com documentos.

Prado e seu amigo Franklin Gómez, que estão há “dois dias e meio” sem comer, a poucos metros de onde se encontram os 15 membros do Conselho de Segurança, prepararam uma carta para solicitar a reunião a cada um deles.

Também pedirão apoio a países da região, como Argentina, Panamá, México, Chile, Peru, Costa Rica e República Dominicana, para que “possam interceder e entregar esta carta por nós”.

“Acredito que se há uma instância internacional onde esse tema deve ser discutido e aprovado, é o Conselho de Segurança”, o máximo órgão decisório da ONU, explica Prado.

A crise “deixou de ser um problema interno da Venezuela” devido ao risco de uma nova diáspora para a região, depois que 7 milhões de venezuelanos abandonaram o país nos últimos anos, a maioria para países vizinhos.

Além disso, “nesse ponto o povo venezuelano não tem nenhuma instituição a que recorrer. Todos os poderes do Estado foram minados”, afirma Prado.

Um ex-vereador que teve seus estudos de comunicação interrompidos pela perseguição do regime chavista, Gómez ressalta que “26 mortos” nos protestos pós-eleitorais, “mais de 40 desaparecimentos forçados e mais de 2.200 detenções” são um problema que afeta a comunidade internacional.

“E o governo agora está anunciando a criação de campos de concentração ao estilo nazista” em sua campanha de repressão contra a oposição, lembra.

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