Aeronáutica confirma que caixas-pretas gravaram vozes e dados durante queda de avião em Vinhedo


Dados estão sendo analisados por investigadores em Brasília. Acidente causou a morte de 62 pessoas. Caixa preta da aeronave que caiu em Vinhedo (SP).
Divulgação/FAB
A Força Aérea Brasileira (FAB) confirmou na tarde desta terça-feira (13) que as caixas-pretas do ATR 72, que caiu em Vinhedo matando 62 pessoas na última semana, gravaram com sucesso os registros de voz e dados da aeronave relacionados ao acidente aéreo.
Os gravadores estão sendo analisados desde sábado (10) no Laboratório de Leitura e Análise de Dados de Gravadores de Voo (LABDATA) do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, em Brasília (DF). São duas caixas-pretas:
Cockpit Voice Recorder (CVR): um gravador de áudio que registra as conversas entre piloto e co-piloto, deles com os comissários de bordo e com o controle de tráfego aéreo.
Flight data recorde (FDR): um gravador de informações e parâmetros da aeronave, como altitude, velocidade, posição das manetes, botões acionados, entre outros dados técnicos da aeronave ao longo do trajeto.
Cenipa diz que conseguiu extrair as informações das caixas-pretas de avião que caiu em Vinhedo (SP)
Reprodução EPTV
“Com relação ao CVR, está sendo realizado um estudo minucioso dos diálogos e sons estabelecidos na cabine e com o controle do espaço aéreo. Ainda, por meio do CVR, devem ser identificados os possíveis alarmes sonoros, cuja pesquisa pode requerer, se necessário for, uso de software de análise espectral do som. Por meio do FDR, já no início do processo, busca-se, após a extração e obtenção das informações gravadas nas caixas-pretas, a conversão dos dados eletrônicos binários em unidade de engenharia”, explicou o brigadeiro Marcelo Moreno, chefe do Cenipa.
Segundo a FAB, os especialistas do LABDATA vão validar, por demanda, todos os parâmetros requeridos pela Comissão de Investigação. O trabalho de validação é realizado por meio de recursos tecnológicos físicos e lógicos de última geração, associados à documentação referente às atualizações de serviços, de componentes e de sensores presentes na aeronave envolvida no acidente.
Caixas-pretas íntegras
No sábado, o chefe do Cenipa já tinha confirmado a extração de todo o conteúdo das duas caixas-pretas retiradas do avião que caiu em Vinhedo (SP).
“Os dados foram obtidos, validados, e agora aguardamos a linha de investigação de nossos investigadores, que ainda se encontram aqui comigo, regressarem a Brasília para a gente começar a trabalhar na transformação desse número enorme de dados para a informação útil para a sociedade.”
Tragédia em Vinhedo: Cenipa diz que conseguiu extrair as informações das caixas-pretas
O brigadeiro informou que os dois motores do avião serão analisados em São Paulo para verificar se estavam com potência no momento do acidente.
Segundo Moreno, o relatório preliminar da investigação será apresentado em 30 dias. Acompanhe as últimas informações em tempo real.
Três representantes do Escritório de Investigações e Análises para a Segurança da Aviação Civil da França (Bureau d’Enquêtes et d’Analyses pour la Sécurité de l’Aviation Civile, BEA, em francês) chegaram na manhã deste domingo ao local do acidente aéreo que matou 62 pessoas em Vinhedo (SP).
O BEA foi acionada pelas autoridades brasileiras e deve colaborar nas investigações uma vez que a aeronave que caiu, modelo ATR-72, foi fabricada na França.
Segundo Moreno, também vão participar da investigação representantes do Conselho de Segurança nos Transportes do Canadá (Transportation Safety Board, TSB, em inglês), país onde os motores da aeronave foram fabricados.
O BEA e o TSB são os órgãos francês e canadense análogos ao Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticios (Cenipa). Peritos dos três países devem atuar em conjunto na apuração que deve apontar as causas do acidente.
Autoridades brasileiras e francesas no local do acidente em Vinhedo
Força Aérea Brasileira
As caixas-pretas
A obtenção dos dados dos dois gravadores de voo, popularmente conhecidos como caixas-pretas, é fundamental para a investigação. Um dos equipamentos grava áudio e outro acumula dados como a altitude e a velocidade durante o voo .
Com esses dados da aeronave e os áudios da cabine, os investigadores podem entender a dinâmica e os fatores que podem ter contribuído para a queda do avião. Segundo a Força Aérea Brasileira (FAB), o Cenipa é referência internacional nesse tipo de investigação.
Obrigatórias na maioria dos aviões em aviões, as caixas-pretas foram inventadas, segundo a Reuters, ainda em 1950 pelo australiano David Warren. Ela mantém gravadores a fim de identificar as causas de acidentes e, assim, ajudar na prevenção deles.
As caixas-pretas não são realmente pretas. Elas são pintadas de laranja, uma cor que pode ser vista à distância, debaixo da água e no meio escombros e, desta forma, facilitar nas buscas.
Imagens aéreas deste domingo (11) mostram local onde avião caiu em Vinhedo e trabalho do Cenipa
Eliandro Figueira/Arquivo pessoal
Infográfico mostra detalhes das buscas
arte g1
Um infográfico que sobrepõe imagem do local da tragédia aérea revela como o impacto deixou “um desenho da aeronave” no quintal de uma residência.
É possível observar como a aeronave, que “caiu chapada”, ficou com a área da cabine mais preservada, enquanto da metade para a cauda a destruição, por conta do incêndio, foi maior.
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A aeronave caiu sem controle e girando no ar, mostram vídeos gravados do momento do acidente, num aparente estol. A análise das caixas-pretas, que incluem o gravador de voz e o gravador de dados, é fundamental para ajudar esclarecer o que ocorreu no voo 2283.
Um vídeo mostra a abertura dos equipamentos, que terão os dados extraídos no Laboratório de Leitura e Análise de Dados de Gravadores de Voo (Labdata) do Cenipa, em Brasília (DF).
Veja momento das aberturas das duas caixas-pretas do avião que caiu em Vinhedo; VÍDEO
‘Desenhado no chão’
As equipes que trabalham na tragédia encontraram “um desenho da aeronave no chão”. De acordo com o Corpo de Bombeiros, o avião da Voepass “caiu chapado” no terreno, apresentando a área da cabine mais preservada e com grande destruíção por conta do incêndio da metade para a cauda.
Segundo o capitão Maycon Cristo, porta-voz do Corpo de Bombeiros, as características dos destroços direcionaram os trabalhos para retirada das vítimas, começando pela cabine e terminando na cauda.
Um fator que auxiliou nos trabalhos de retirada dos corpos é o terreno onde o avião caiu. O quintal da residência possui um gramado amplo, que favorece a movimentação de peças pesadas, permitindo o acesso aos corpos.
“O avião caiu no quintal dessa residência, é um gramado amplo. A gente consegue tirar as peças mais pesadas, aquilo que tá obstruindo para chegar a vítima, consegue movimentar desse terreno, tem espaço para isso. Tira do lugar que caiu e movimenta. Criamos uma área de depósito. O terreno plano e gramado, de certo modo, facilitou nosso trabalho”, completou o capitão.
Capitão dos Bombeiros explica como será a identificação das vítimas da queda de avião
Investigação
A Polícia Civil informou no sábado que o inquérito será instaurado na delegacia de Vinhedo para apurar todos os fatos relativos ao acidente.
Delegado titular da 1ª Seccional de Campinas, José Antônio Carlos de Souza ressaltou o trabalho de compartilhamento de informações entre todas as instituições envolvidas para minimizar o sofrimento dos familiares.
Tudo o que você precisa saber sobre a queda da aeronave em Vinhedo
Já o superintendente da Polícia Federal, Rodrigo Sanfurgo, destacou que a PF empregou seus melhores equipamentos e profissionais, e que só sairá de Vinhedo “quando os trabalhos forem finalizados”.
“Difícil falar em prazo, mas nós podemos afirmar que estamos trabalhando incansavelmente para finalizar esse trabalho e confortar todoas as famílias. Estamos entregando todo nosso esforço”, disse Sanfurgo.
Cronologia da tragédia

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Ainda não se sabe o que causou o acidente, mas a queda em espiral sugere a ocorrência de um estol — que acontece quando a aeronave perde a sustentação que lhe permite voar —, segundo especialistas.
Veja, abaixo, da decolagem à queda, a cronologia do acidente da Voepass, o maior do país em número de vítimas desde 2007, quando um avião atingiu edifício em São Paulo ao tentar pousar.
Inicialmente, a Voepass noticiou que 61 pessoas tinham morrido após a queda do avião. Na manhã de sábado (10), o número de mortes subiu para 62.
A aeronave decolou às 11h56 e o voo seguiu tranquilo até 13h20.
O avião subiu até atingir 5 mil metros de altitude às 12h23, e seguiu nessa altura até as 13h21, quando começou a perder altitude, segundo a plataforma Flightradar.
Nesse momento, a aeronave fez uma curva brusca.
De acordo com a Força Aérea Brasileira (FAB), a partir das 13h21 a aeronave não respondeu às chamadas do Controle de Aproximação de São Paulo, bem como não declarou emergência ou reportou estar sob condições meteorológicas adversas.
Às 13h22 – um minuto depois do horário do último registro – a altitude estava em 1.250 metros, uma queda de aproximadamente 4 mil metros.
A velocidade dessa queda foi de 440 km/h.
O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) informou que o ‘Salvaero’ foi acionado às 13h26 e encontrou a aeronave acidentada dentro de um condomínio.
Como era o avião que caiu em Vinhedo
Arte/g1
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