Companhia aérea e seguradora aguardam novo trabalho da perícia que começou na segunda-feira para continuar triagem dos objetos pessoais das 62 vítimas do desastre aéreo em Vinhedo. Após localização de material genético, Polícia Científica retorna aos trabalhos em Vinhedo
A Polícia Científica mantém, na manhã desta terça-feira (13), a perícia na área do condomínio Recanto Florido, em Vinhedo (SP), onde um avião caiu com 62 pessoas a bordo. O trabalho havia sido encerrado na segunda (12), mas precisou ser retomado por conta de ter sido encontrado material genético no local onde estão os destroços da aeronave.
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O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) havia finalizado, na segunda-feira, a ação inicial de investigação e remoção de parte da aeronave. Com isso, a expectativa era que a companhia aérea Voepass e a seguradora já entrassem no local para fazer, com o apoio de uma empresa especializada, a triagem de objetos pessoais e bagagens das 62 vítimas, para posteriormente entregar às famílias.
Entretanto, o retorno da perícia no local precisou interromper o trabalho. A atuação da Polícia Científica teve uma pausa no fim da tarde de segunda e continua nesta terça, considerando que, a pedido dos moradores, não será feito nenhum trabalho do condomínio na parte da noite. De acordo com a Defesa Civil de Vinhedo, a expectativa pela manhã é de uma varredura com fotometria e drone.
O diretor do órgão afirmou à EPTV, afiliada da TV Globo, que só depois disso vai poder avaliar se a área será liberada para a Voepass continuar o trabalho de separação dos pertences das vítimas ainda nesta terça.
O Cenipa também informou que gostaria de fazer uma revistoria no local por indicação de autoridades francesas, país onde a aeronave que caiu, modelo ATR-72, é fabricada. Eles pediram ao órgão para buscarem outro componente do avião.
Os pertences pessoais dos 58 passageiros e quatro tripulantes mortos no maior desastre aéreo do país desde 2007 também vão passar por análise da Polícia Civil, que, com a Polícia Federal, atua na investigação do acidente, informou a Defesa Civil de Vinhedo.
Caixas-pretas
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) confirmou que o avião da Voepass operava com uma autorização provisória para registrar menos dados em uma de suas caixas-pretas.
Segundo o órgão, o Flight data recorde (FDR), gravador de informações e parâmetros da aeronave PS-VPB, deixou de registrar oito dos 91 parâmetros exigidos pelas regras brasileiras.
“O equipamento não interfere na operação da aeronave, apenas registra os dados. O FDR é um equipamento de gravação de dados de parâmetros de voo que podem ser extraídos após a operação para analisar o comportamento da aeronave e, na eventualidade de um acidente, auxiliar na investigação”, diz, em nota.
A Anac destaca que os dados que deixaram de ser registrados “não configuram prejuízo às investigações em curso”, e que o Cenipa dispõe “de capacidade técnica reconhecida internacionalmente para promover a apuração precisa com as informações disponíveis”.
O brigadeiro Marcelo Moreno, chefe do Cenipa, informou no domingo (11) que o órgão conseguiu extrair todo o conteúdo das duas caixas-pretas retiradas do avião que caiu em Vinhedo. A previsão é que um relatório preliminar das causas do acidente seja publicado em 30 dias.
Caixas-pretas
Um avião, a exemplo do ATR-72 que caiu, possui duas caixas-pretas:
Cockpit Voice Recorder (CVR): um gravador de áudio que registra as conversas entre piloto e co-piloto, deles com os comissários de bordo e com o controle de tráfego aéreo.
Flight data recorde (FDR): um gravador de informações e parâmetros da aeronave, como altitude, velocidade, posição das manetes, botões acionados, entre outros dados técnicos da aeronave ao longo do trajeto.
Veja momento das aberturas das duas caixas-pretas do avião que caiu em Vinhedo
Com esses dados da aeronave e os áudios da cabine, os investigadores podem entender a dinâmica e os fatores que podem ter contribuído para a queda do avião.
Caixa preta da aeronave que caiu em Vinhedo (SP).
Divulgação/FAB
Investigação
De acordo com a Força Aérea Brasileira (FAB), depois da conclusão da “ação inicial” no local, o Cenipa mantém as investigações para “seguir com o levantamento de outras informações necessárias, a fim de identificar os possíveis fatores contribuintes” para a queda do avião. Os dois motores foram retirados da aeronave, levados para São Paulo e já começaram a ser analisados.
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Motores do avião que caiu e matou 62 pessoas em Vinhedo (SP) são retirados do local do acidente e serão levados para São Paulo
Cenipa/FAB
Queda em espiral
A aeronave da Voepass que caiu na sexta-feira (9) voou por 1 hora e 35 minutos sem registrar ocorrências antes de fazer uma curva brusca. O avião caiu 4 mil metros em cerca de 1 minuto e explodiu ao atingir o terreno de uma casa em um condomínio residencial.
Flores, bilhete, orações: local da queda de avião em Vinhedo recebe homenagens às vítimas
Ainda não se sabe o que causou o acidente, mas a queda em espiral sugere a ocorrência de um estol, situação em que a aeronave perde a sustentação que lhe permite voar, segundo especialistas.
Vídeo mostra queda de avião em Vinhedo
O que diz a Voepass sobre o acidente
Em nota divulgada no sábado (10), a Voepass disse que a aeronave estava “aeronavegável, com todos os sistemas requeridos em funcionamento, cumprindo todos os requisitos e exigências estipulados pelas autoridades e legislação setorial vigente”.
“Neste momento, o foco da Voepass é proporcionar acolhimento e conforto às famílias das vítimas, que passam por um momento de dor e pesar. Estamos realizando todos os esforços logísticos e operacionais para que as famílias tenham em nossa equipe um apoio efetivo não só para suas necessidades de transporte, hospedagem, alimentação, mas, principalmente, de consolo e apoio emocional”, finalizou
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Arte g1
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