‘Não observaram os protocolos e procedimentos operacionais da corporação’, diz secretário da PM sobre morte de jovem em ação do Bope


Segundo Mônica, o filho estava em frente a uma padaria, a fim de comprar um lanche, quando foi atingido. O secretário de Polícia Militar do Rio, Marcelo de Menezes, disse, em entrevista ao Bom Dia Rio na manhã desta segunda-feira (9), que os policiais que participaram da operação do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), que resultou na morte do jovem Herus Guimarães Mendes, de 24 ano, no Morro Santo Amaro, no Catete, na madrugada de sábado (7), não observaram os protocolos da corporação.
“No domingo, eu me reuni com o governador Claudio Castro, em que nós avaliamos os desdobramentos e as circunstâncias dessa operação. E avaliamos que os responsáveis pela operação não observaram os protocolos e procedimentos operacionais da corporação. Por conta disso, nós decidimos afastar os oficiais e todos os policiais envolvidos das ruas para que haja lisura nas investigações”, justificou o secretário de PM, Marcelo de Menezes.
Herus foi morto em uma festa junina durante uma ação de agentes do Bope. Ainda de acordo com Menezes, ele só soube da operação na manhã de sábado. Os policiais entraram na comunidade por volta das 3h.
Neste domingo, o governador Cláudio Castro (PL) exonerou o coronel Aristheu de Góes Lopes, comandante do Batalhão de Operações Especiais (Bope), e o coronel André Luiz de Souza Batista, do Comando de Operações Especiais (COE), e afastou das ruas 12 policiais que participaram da operação.
‘O policial arrastou o meu filho pela escada’, diz mãe de Herus
Mônica Guimaraes Mendes, mãe de Herus afirmou que um agente do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) mudou o rapaz de lugar ao vê-lo baleado.
“O policial arrastou o meu filho pela escada e gritou que meu filho era vigia [do tráfico]. Botou uma grade para ninguém socorrer o meu filho”, declarou.
Segundo Mônica, o filho estava em frente a uma padaria, a fim de comprar um lanche, quando foi atingido. “Meu filho perguntou se eu queria algo para comer. Ele foi alvejado na barriga com o pagamento de Pix aberto. Botou a mão e caiu em frente à padaria”, narrou.
“Ele foi criado com tanto amor! Eu vigiei, tomei conta, fui atrás para o meu filho não entrar para essa vida. Porque eu não queria perder um filho. Eu não queria enterrar o meu filho. E a polícia, que era para proteger, tirou a vida do meu filho! E não deixaram a gente socorrer!”, prosseguiu.
“Quando levamos o Herus para o carro, eles ainda debocharam”, emendou.
Herus morreu horas depois, no Hospital Glória D’Or, perto do Santo Amaro.
Pais de Herus foram ao velório do filho com uma foto do jovem com o filho e o crachá da empresa onde ele trabalhava
Reprodução/ TV Globo
Exonerados e afastados
Herus morreu, e outras 5 pessoas ficaram feridas na investida do Bope. Em uma nota, a tropa de elite da PM disse que se tratava de “uma ação emergencial para checar informações sobre a presença de diversos criminosos fortemente armados reunidos na comunidade se preparando para uma possível investida de criminosos rivais visando uma disputa territorial na região”.
Ainda segundo o comunicado, “criminosos atiraram contra os policiais nesta região, porém não houve revide por parte das equipes”. No entanto, de acordo com a PM, “em outro ponto da comunidade, os criminosos atacaram as equipes novamente, gerando confronto”.
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