
Durante 34 anos, a engenheira agrônoma Mariângela Hungria pesquisa formas de substituir fertilizantes químicos por alternativas sustentáveis. Pesquisadora brasileira ganha ‘Nobel da Agricultura’.
Reprodução/Jornal Nacional
O trabalho inovador de uma pesquisadora brasileira ganhou o prêmio considerado o Nobel da Agricultura.
Há 34 anos, a engenheira agrônoma Mariângela Hungria pesquisa formas de substituir fertilizantes químicos por alternativas sustentáveis.
Um dos estudos identificou e selecionou bactérias que facilitam a fixação do nitrogênio nas lavouras de soja. Este nutriente é indispensável para que as plantas cresçam e se desenvolvam.
A pesquisa, feita na Embrapa Soja, em Londrina, no Paraná, deu origem a um produto chamado inoculante, que é misturado à semente na hora do plantio.
Ele diminui o impacto ambiental, e também é mais barato.
Mariângela recebeu o prêmio da instituição americana World Food Prize, também conhecido como o Nobel da Agricultura.
“Não tenho dúvidas de afirmar que, se não fosse a fixação biológica de nitrogênio na soja, hoje não seríamos os maiores produtores e exportadores de soja do mundo, porque seria inviável economicamente”, comenta Mariângela Hungria, pesquisadora da Embrapa Soja, vencedora do “Nobel da Agricultura”.
Hoje, 85% das áreas com cultivo de soja no país adotam a inoculação.
Só no ano passado, esse método proporcionou, segundo a Embrapa, uma economia estimada de R$ 140 bilhões.
Uma das fazendas aplica os resultados da pesquisa há pelo menos 20 anos.
Com a tecnologia, os proprietários conseguiram reduzir os custos da lavoura de soja, a principal atividade agrícola por lá.
“Os resultados que eles dão são fantásticos e a gente acompanha”, comenta Cláudio D’Agostini, produtor rural.
“Se a gente fosse trabalhar com adubo nitrogenado, em relação ao inoculante, eu diria que a gente teria um custo 10 vezes maior”, complementa Cláudia D’Agostini, também produtora rural.
A mesma tecnologia, mas com bactérias diferentes, pode ser usada em outras culturas como milho, trigo e feijão.
É uma produção mais eficiente e limpa. Os benefícios do inoculante vão muito além das vantagens financeiras: o produto leva sustentabilidade às plantações.
“Todo ano, a gente deixa de emitir mais de 200 milhões de toneladas de CO₂ equivalente para a atmosfera por usar a fixação biológica do nitrogênio e não usar adubo nitrogenado feito à base de petróleo”, explica Alexandre Nepomuceno, chefe-geral da Embrapa Soja.
“Você vai produzir igual ou mais do que com os químicos e, além disso, vai melhorar a saúde do seu solo, ter alimentos mais nutritivos e estar contribuindo para o planeta — para a gente não emitir tantos gases de efeito estufa”, analisa Mariângela.
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