Grécia aguarda ajuda europeia para conter grande incêndio perto de Atenas

Bombeiros lutam contra foco de incêndio no município de Penteli, região de Atenas, em 12 de agosto de 2024ANGELOS TZORTZINIS

Angelos TZORTZINIS

Os bombeiros gregos tentam conter nesta terça-feira (13), pelo terceiro dia consecutivo, um grande incêndio perto de Atenas e aguardam a chegada de reforços de outros países europeus.

Alimentado por ventos fortes, o incêndio mais grave desde o início do ano na Grécia destruiu casas, empresas e veículos nas imediações da capital grega e forçou a fuga de milhares de pessoas.

“Nunca, em um milhão de anos, pensei que um incêndio chegaria aqui”, afirmou Sakis Morfis, 65 anos, diante de sua residência reduzida a cinzas em Vrilissia, uma cidade no subúrbio de Atenas.

“Estamos sem roupas, sem dinheiro, tudo queimou dentro de casa”, lamentou.

Perto da localidade, no município vizinho de Chalandri, o corpo de uma mulher moldava foi encontrado nesta terça-feira em uma fábrica destruída pelas chamas. Ela é considerada a primeira vítima do incêndio.

Ao menos 66 pessoas precisaram de atendimento médico devido ao incêndio, segundo o Ministério da Saúde.

Dois bombeiros foram hospitalizados, um deles com queimaduras graves, segundo o porta-voz da corporação.

“Estamos em uma situação melhor na frente”, declarou Costas Tsigkas, presidente da associação de bombeiros do país, ao canal estatal ERT. “Porém, mais uma vez, as condições não serão fáceis. Teremos vento a partir do meio-dia e cada hora que passar será mais difícil”, acrescentou.

O Observatório Nacional prevê que a temperatura deve atingir 38ºC na capital grega durante a terça–feira, com ventos de até 39 km/h.

Quase 700 bombeiros, com 200 caminhões e nove aeronaves, foram mobilizados nesta terça-feira para lutar contra o incêndio, que começou no domingo no município de Varnavas, 35 quilômetros ao nordeste de Atenas, informou o departamento.

Alimentado pelo vento, o incêndio se transformou em uma frente de 30 quilômetros de chamas que em alguns pontos superava 25 metros de altura, segundo o canal ERT.

O Observatório Nacional, que também enfrenta a ameaça do incêndio, informou na segunda-feira que pelo menos 10 mil hectares foram queimados.

Em resposta a um pedido de ajuda internacional do governo grego, bombeiros, helicópteros, caminhões e aviões de combate às chamas devem chegar ao país nesta terça-feira, procedentes da França, Itália, República Tcheca, Romênia, Sérvia e Turquia.

– Perguntas sem respostas –

A gestão da luta contra o incêndio provocou muitas críticas ao governo do primeiro-ministro conservador Kyriakos Mitsotakis por parte da imprensa, em um país muito vulnerável a este tipo de incidente.

“Basta”, afirma a primeira página do jornal centrista Ta Nea, o mais vendido na Grécia. O jornal liberal Kathimerini afirma que o incêndio “fora de controle deixou uma ampla destruição e perguntas sem respostas”.

“Evacuem Maximou”, afirma o jornal de esquerda Efsyn, em referência ao edifício que alberga o gabinete do primeiro-ministro na Grécia.

Várias publicações, incluindo o jornal pró-governo Eleftheros, mencionam um “pesadelo”.

Apesar da mobilização de centenas de bombeiros, as chamas avançaram na segunda-feira pelo Monte Pentelicus que domina a cidade e avançaram pelos subúrbios da capital, onde vivem dezenas de milhares de pessoas.

As autoridades emitiram dezenas de ordens de saída e milhares de moradores fugiram enquanto o fogo destruía casas e estabelecimentos comerciais nos municípios periféricos de Penteli, Nea Penteli, Chalandri e Vrilissia.

O primeiro-ministro Mitsotakis interrompeu as férias em Creta para retornar à capital no domingo. O chefe de Governo, no entanto, ainda não fez declarações públicas sobre o desastre.

O caso provoca recordações dos incêndios de julho de 2018 em Mati, uma zona costeira perto da cidade de Maratona, onde 104 pessoas morreram em uma tragédia posteriormente atribuída a erros e atrasos nas operações de retirada de moradores.

A atual temporada provocou incêndios quase diários na Grécia, que registrou o inverno mais quente e os meses de junho e julho com temperaturas mais elevadas desde o início da compilação de dados confiáveis, em 1960.

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