
O cardeal é italiano, mas é considerado o menos europeu entre os cardeais do Velho Mundo. Isso porque passou mais da metade da vida no Oriente Médio e, atualmente, é o patriarca de Jerusalém. Cardeal é o primeiro cardeal de Jerusalém entre os favortios
Eloisa Lopez/Reuters
Pierbattista Pizzaballa está entre os nomes favoritos para ser o novo papa. O cardeal é italiano, mas é considerado o menos europeu entre os cardeais do Velho Mundo. Isso porque passou mais da metade da vida no Oriente Médio e, atualmente, é o patriarca de Jerusalém.
O conclave está no segundo dia nesta quinta-feira (8). O novo papa é eleito ao obter votos de 89 dos 133 cardeais, ou dois terços do total.
Pizzaballa foi nomeado por Francisco. O pontífice primeiro concedeu a ele o título de bispo e, três anos depois, o elevou a cardeal. Com isso, ele foi o primeiro a ocupar esse cargo residindo em Israel.
Pizzaballa tem uma forte ligação com o país. Deixou a Itália rumo ao Oriente Médio em 1990, aos 25 anos. Toda sua caminhada religiosa se deu em meio aos conflitos, a diversidade religiosa e a pobreza — resultado da instabilidade na região.
Foi nomeado cardeal uma semana antes do ataque do grupo terrorista Hamas, em outubro de 2023, ao território de Israel, o que deu início à guerra. O conflito o colocou nos holofotes do mundo. A imprensa internacional estampou seu nome quando deu uma entrevista dizendo se oferecer para ser trocado por crianças israelenses mantidas como reféns pelo Hamas, na Faixa de Gaza.
Pessoas observam destruição na Faixa de Gaza após bombardeios israelenses em reação a ataque do Hamas no dia 7 de outubro de 2023
Mohammed Abed/AFP
Sobre o conflito, nos dias seguintes ao ataque, Pizzaballa fez uma declaração e disse que o que houve em Israel, se referindo ao ataque terrorista, não era permissível e era necessário denunciar. Mas o que acontecia em Gaza, que recebeu uma resposta aos ataques pelo exército israelense, era uma tragédia incompreensível.
Minha consciência e meu dever moral exigem que eu declare claramente que o que aconteceu em 7 de outubro no sul de Israel não é de forma alguma permissível e não podemos deixar de condená-lo. Não há razão para tal atrocidade. Sim, temos o dever de declarar isso e denunciá-lo.
A mesma consciência, porém, com um grande peso no coração, leva-me a afirmar hoje, com igual clareza, que este novo ciclo de violência trouxe a Gaza mais de cinco mil mortes, incluindo muitas mulheres e crianças, dezenas de milhares de feridos, bairros arrasados, falta de medicamentos, falta de água e de bens de primeira necessidade para mais de dois milhões de pessoas. São tragédias incompreensíveis e que temos o dever de denunciar e condenar sem reservas.
Em meio a guerra, Pizzaballa esteve em Gaza para celebrar uma missa e levar assistência ao povo palestino, com alimentos e insumos.