Às vésperas da Festa do Peão, Barretos, SP, enfrenta crise hídrica e prefeitura decreta emergência


Seca prolongada e altas temperaturas impactam vazão dos córregos usados para captação de água na cidade. Moradores de quatro bairros são os mais afetados com o desabastecimento. Barretos decreta situação de emergência por falta d’água
Às vésperas da Festa do Peão, que começa na quinta-feira (15), a Prefeitura de Barretos (SP) decretou situação de emergência em razão da estiagem prolongada. Segundo Marcelo Borges, superintendente do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), o baixo índice de chuvas em agosto, menor do que o registrado em 2023, e as temperaturas mais altas agravam a situação.
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Moradores dos bairros Zequinha Amêndola, Barretos II, Bom Jesus e Derby são os mais afetados com o desabastecimento.
Borges diz que o problema não afeta o Parque do Peão, onde acontece a festa, mas impacta a população, principalmente por causa dos milhares de turistas que chegam à cidade para o evento, o que demanda mais recurso hídrico.
“A falta de água, a festa em si, não afeta porque ela tem captação própria e de terceiros. No caso, a população da cidade que vem a aumentar nesse período vai ocasionar um maior consumo de água, com certeza”, diz.
A organização do rodeio estima um público de 900 mil pessoas durante os 11 dias do rodeio.
Caminhão-pipa em Barretos, SP
Reprodução/EPTV
Flexibilidade para tratar problema
A captação de água em Barretos é feita por córregos e poços profundos e a baixa vazão em períodos de seca prejudica o abastecimento.
A dona de casa Lourdes da Silva Pereira é uma das moradoras afetadas no bairro Zequinha Amêndola. Ela diz que o problema é antigo, mas a situação se agrava no período sem chuva.
“É terrível. Falta água, é muita poeira, muita queimada e não podemos usar muita água. Para limpar a casa é baldinho, economizando, abrindo torneira e fechando. Já não sou muito de gastar muita água, mas nessa época a gente gasta bem menos mesmo. Lavar roupa é só quando a água chega e fica de olho na máquina porque senão ela queima”, diz.
A situação de emergência decretada dá à prefeitura um prazo de 180 dias para adotar medidas excepcionais que reduzam os danos na prestação do serviço de abastecimento. Isso inclui a liberação de recursos financeiros municipais para melhorias e concede autonomia ao SAAE para lidar diretamente com os governos estadual e federal.
“Vai nos dar uma autonomia, uma agilidade maior para resolução dessa crise hídrica que estamos passando. Vão ser facilitadas as questões que a gente tem aqui: aquisição de equipamentos e insumos bem como a gente conseguir apoio do governo do estado pra solucionar as questões que nós temos em relação à falta de água”, afirma.
Captação de água em córrego de Barretos, SP
Reprodução/EPTV
De acordo com o decreto, todos os órgãos e entidades municipais podem atuar em conjunto com o SAAE, por meio da Comissão Especial Para Monitoramento de Estiagens e Emergências Hídricas.
Os problemas na distribuição de água em Barretos no período de estiagem são antigos. Em 2014, a prefeitura decretou racionamento e a multa por desperdício era de R$ 264. Em 2023, a penalidade subiu para R$ 1,5 mil.
O superintendente do SAAE disse que estudos serão feitos para aumentar o número de pontos de captação de água na cidade.
“Nós vamos fazer um estudo relacionado à diferença de altura e distância para escolher os pontos de melhor acesso para que a gente possa fazer isso. Para isso, vamos ter que contar com apoio provavelmente do governo do estado com equipamentos, tecnologia para que a gente possa fazer essa transposição.”
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